– Uma Sessão Mediúnica na Outra Dimensão


Benjamin Teixeira e os espíritos

Temístocles e Lidiane.


Acordei-me fora do corpo, compondo uma equipe de reunião mediúnica da outra dimensão de Vida, para um socorro de emergência a um grupo familiar ligado à nossa Instituição, em cujo lar acomodávamos, excepcionalmente, no intuito de proceder a uma tarefa de desobsessão. Percebi, da sala onde estávamos, que havia uma entidade no quarto ao lado, desejando se comunicar. Em princípio, supus ser ela mesma o motivo da iniciativa socorrista. Só que Temístocles, ao meu lado, que podia enxergá-la (eu apenas a sentia), esclareceu-me:

– Trata-se de uma inteligência envolta em altivez, mas uma altivez construtiva. Quero dizer: não é um ser luminoso, mas tem algo de muito relevante a canalizar para estas pessoas. Benjamin, dê-lhe passividade, por favor. Ela vai psicofonar por seu intermédio.

E eu, então – tendo, na incorporação, um dos melhores (se não for o melhor) canais mediúnicos à disposição de minha alma carente de evolução –, logo me vi falando, com desenvoltura e fluência, gesticulação ampla e ágil, sentindo os longos cabelos castanho-claros da personalidade feminil, segura e firme, de Lidiane, a acadêmica de Psicologia do grupo de orientadores de nossa Organização. Em verdade, o esclarecimento era voltado para os encarnados em desdobramento no lugar, que guardariam reminiscências do que se passara, no domínio extrafísico de sua residência, quais intuições vagas, idéias novas, que lhes brotariam, como que do nada, ao acordarem, ou no transcurso do dia, como se houvessem, sem poder averiguar as razões, mudado de opinião sobre posturas que vinham mantendo em suas vidas.

Em linhas gerais, discursou Lidiane, que feriu, imediatamente, o cerne da problemática em foco, sem intróitos ou muitos meandros, para os poucos encarnados, igualmente projetados para fora do organismo material:

“Sem sombra de dúvidas, ninguém deve se acumpliciar com idéias de submissão à vontade, opinião ou determinação de terceiros. Isso seria um crime de lesa-divindade, por implicar um desalinhamento da própria consciência, contradizendo todos os postulados da modernidade, no sentido do esclarecer, libertar e expandir das percepções humanas. Apassivar a mente, deixar-se subjugar por outras personalidades, por mais bem abalizadas que se digam ou de fato sejam, constitui um dos maiores equívocos em que um ser humano se pode permitir resvalar, em seu carreiro evolucional.

Qualquer trabalho de educação das consciências deve partir do pressuposto de que todo indivíduo é inteiramente responsável por seus atos, escolhas e padrões de pensamento, e que, somente pela total assunção de responsabilidade sobre o próprio destino, pode a criatura candidatar-se, efetivamente, à condição de artífice do próprio futuro e construtor da sua e da felicidade de outras pessoas.

Entretanto, quando alguém não concorda com as diretrizes filosóficas, as metas e prioridades de uma certa organização, não pode postular a tese do direito de sublevar-se, por ser livre, porque, então, estará invadindo o espaço do livre-arbítrio de outras almas, tão livres quanto. Não há nada de errado em se apresentarem pareceres contraditórios, em quaisquer ambientes, mas sempre é um grave erro insurgir-se contra a feição psicológica e cultural de iniciativas alheias, confrontando determinações dos outros em suas próprias existências, a não ser que algum crime esteja sendo cometido – o que não é o caso, na circunstância que nos foi dado analisar. Quem discorda de uma iniciativa empresarial, ou mesmo de um empreendimento sem fins lucrativos, tem o direito de desligar-se da instituição e procurar comprometer-se com outra, com que se afine melhor, ou mesmo criar a sua, e não pugnar por submeter seus partícipes ao talante de sua vontade e de seus caprichos, com o irônico pretexto de não se submeter aos outros.”

Lidiane silenciou, desligando-se de meu perispírito, e fui tragado de volta ao casulo de carne, acordando-me surpreendido, com a linda pérola de sabedoria que nos havia legado. Sabia quem eram os beneficiários do esclarecimento levado a efeito, naquela curiosa experiência fora do corpo, em parceria com os ilustres mentores desencarnados, mas estes mesmos me solicitaram não lhes transmitisse diretamente a mensagem, em função de que a imaturidade dos envolvidos fá-los-ia fecharem-se ao recado importantíssimo para seu próprio bem-estar e crescimento, ao passo que, em recebendo eles as proposições de forma coletiva, não diretamente endereçadas a suas pessoas, seriam menos “feridos” em seus egos inflados e defensivos (por desfrutarem, inclusive, do precedente da dúvida, quanto a lhes ter sido direcionado ou não o “pito” da Espiritualidade), e, com isso, permaneceriam mais receptivos a assimilar o conteúdo significativo de lições para sua felicidade e paz familiares.

(Texto redigido em 25 de maio de 2008. Revisão de Delano Mothé.)

Aviso:

Nesta segunda-feira, não contaremos com a publicação de psicografia antiga ainda inédita no site (recebidas anteriormente à criação deste, em 2000), porque, na semana passada, trouxemos a lume duas destas peças mediúnicas, consecutivamente, na segunda e terça-feira, em virtude de minha impossibilidade (em trânsito, por São Paulo, para ceder entrevista a Amaury Jr., da Rede TV) de receber artigo novo dos bondosos e sábios orientadores espirituais.

Confio-o(a) aos bons espíritos.
Irmão em Cristo, Benjamin Teixeira.
Aracaju, madrugada de 26 de maio de 2008.