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Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito Eugênia.

Prezada filha do coração:

Conhecemos tua dor silenciosa, suportada heroicamente, ano sobre ano, agindo generosamente, enquanto recebes, oceanicamente, vibrações descompensatórias de ódio e asco gratuitos… Isso, desde a longínqua infância e, depois, por três décadas a fio, no transcurso da adolescência e da vida adulta jovem. Em vez, entrementes, de te debateres contra a fúria do destino, aceitaste sempre, contrita, reconhecendo que, após deliberar o que te era cabível, só te restava compreender que se tratava da Vontade Divina, e, assim, a Ela te resignavas.

De longe ou apenas de fora de teu círculo íntimo, pareces outra pessoa. Segura e altiva – porque de fato és digna em tuas posturas privadas e públicas, sem definição clara de fronteiras, traçadas pelas hipocrisias sociais. Nós, porém, conhecemos-te, a fundo, coração doce que cresceu trabalhando pela felicidade alheia, sem desfrutá-la para ti própria, mesmo quando naturalmente se é egoísta, como no período infantojuvenil.

Sabemos que não te julgas digna desta ordem de incentivo, ou de qualquer discurso que te aponte valor pessoal. Mas a questão é que nós, como teus Orientadores espirituais, não podemos, sob pena de não cumprirmos nosso dever, ficar inermes, ante a reação mesquinha dos que vivem guiados pelas forças primevas do instinto de supremacia pessoal, com desconsideração a terceiros, seus sentimentos e seu espaço individual, dilapidando-te, amiúde, nas mais caras expressões d’alma, quando te vertes, ante centenas de pessoas, para a todos servir, mesmo nas mais difíceis situações de exposição pública, a que raríssimas almas se candidatam.

Diante disso, fica certa disso: és observada com muito zelo por nós, justamente quando mais te pões contra a maré das convenções, ousando agir contrariamente ao que se espera de alguém em tua posição, abdicando de favores e benesses sociais que te seriam facilmente conferidas, a ponto de renunciares mesmo ao respeito da maioria, que gloriosamente desfrutarias, caso pactuasses com as manipulações perversas das aparências. Respeitas até os que vivem de modo contrário à tua conduta transparente, movidos, com frequência, por intenções inconscientes de promoção pessoal; e compreendes outros tantos, que articulam voluntariamente todo o processo de jogo de dissimulações sociais em função de atenderem aos parâmetros do “bom tom”. Apesar de compreendê-los, no entanto, jamais adentrarias no festim da lisonja, do estrelismo disfarçado de humildade, do desapego encobrindo enorme soberba pessoal quanto a valores atribuídos a si e às próprias conquistas.

Sinceramente atribuis a teus Maiores do Plano Sublime o que fizeste com participação ativa tua, ainda que, de fato, secundada por nossa dimensão de consciência. Se não fora com tua direta participação, por que outros medianeiros não fazem o equivalente às tuas realizações diante de multidões, tanto em relação ao trabalho mediúnico, como no que se refere à vida privada atrevidamente escancarada, numa era ainda prenhe de falsos profetas, cobertos com as peles de cordeiro da pseudossantidade? Por que não rompem com as inconsistências óbvias e não bradam as mesmas verdades salvadoras que tu corajosamente pronuncias? É porque eles, embora honestos muitos, em suas posturas espirituais, não têm, amada filha, a tua idade espiritual. Naturalmente, não podem, pois, agir qual um de nós, porquanto não são de nosso Grupo de Consciência, como és. Quando entramos em interação psíquica com eles, respeitamos-lhes as limitações, e contornamos seus preconceitos e fixações egoicas do berço, para preservar alguma quota de benefício, realizado por seu intermédio, já que nos repeliriam, como agentes do mal, se declarássemos francamente nossas opiniões sobre suas tão ciosas crenças anacrônicas. Contigo, alma mais envelhecida no carreiro evolucional, podemos falar mais abertamente, e a mensagem chega mais pura às massas, sem as distorções grosseiras que poderiam (e de fato ocorrem) com os que não amadureceram primeiramente, antes de se apresentarem como condutores de multidões. Destarte, lamentavelmente, esses líderes religiosos que tanto destoam de ti são fácil repasto para os instruídos detratores da Religião e da Espiritualidade, que neles veem provas vivas de como há simulacros grotescos de virtudes inexistentes.

Enquanto isso, tu te mostras como criatura de desenvolvimento psicológico comum. Não és. Envergonha-te de estares à frente, qual se fosse possível ocultar algo tão evidente, por vários ângulos de observação. Mas teus amigos sinceros compreendem-te – fica tranquila quanto a isso – e respeitam tuas omissões e pequenos disfarces psicológicos, através dos quais tentas te apresentar menor do que és, ao reverso do padrão médio da Terra, em que tantos, em todo lugar e a todo momento, pugnam por exibir o que não são, para que, nesse afã de causar uma impressão que não corresponde à sua legítima natureza, venham a obter benefícios indevidos, à custa de encenação, presumindo que todos, como eles, encenam igualmente.

Perdoa e segue, amada filha. És amada e amparada por nosso domínio de Consciência, exatamente por estares disposta a te colocar contra praticamente todas as correntes de pensamento atuais, sobremaneira no meio “religioso” em que atuas.

És a “cidadã do futuro” que reencarnou em seio árido, para fermentar o progresso de muitos, individual e coletivamente. Eis por que, próximas ou apenas indiretamente ligadas a ti, as pessoas florescem, em tantos sentidos. Graças inauditas se dão, a mancheias, com centenas que cooperam com a Obra confiada às tuas mãos conscientes, porque as Potestades do Céu abençoam tuas iniciativas, apresentando, assim, o Selo Sagrado de que, neste século e para este povo, tu és a enviada porta-voz, tanto quanto, em séculos e culturas de outrora e alhures, outros enviados foram cercados de Sinais Claros do Céu, denominados de milagres ou outros fenômenos de abundância, resolução de problemas, favorecimento da felicidade, em vários sentidos considerada. Esse gênero e sequência de eventos extraordinários nunca poderão ser simulados, e não podem, jamais, sofrer desmentidos pelos sofismas dos hipócritas críticos do Bem e Seus embaixadores… Pobres deles, amada, porque pagarão severamente, pelo débito de se oporem às Forças que tu representas no mundo físico de vida…

Olhas para ti, no espelho de tua consciência, e continuas, a despeito destas minhas (nossas) palavras, a te veres como mulher idêntica a outras. Sim, compreendes, em profundidade, que todos somos, em essência, iguais no valor, para a Divina Perspectiva. Todavia, filha amada, é importante que não te esqueças de tua identidade, da Faixa Espiritual a que pertences, para que não comprometas o desempenho das tarefas que te foram delegadas, por te julgares inapta ou deficiente a tanto. Lembra-te de que tais Desígnios são sagrados, e não podes tergiversar à firme e segura postura de estafeta de uma nova era, sob pena de prejuízos em cadeia, para milhares de criaturas… assim como a professora não pode perder a ótica de ser a única adulta numa sala de aula para crianças do ensino elementar, de molde a não comprometer o andamento da aula sob sua responsabilidade, por ceder às solicitações dos pequenos discípulos, no intuito da suspensão do ensino indispensável a seu crescimento. Mantém em mente que teus iguais em estatura evolutiva, que te acompanham, cheios de confiança, de altiplanos da Espiritualidade Amiga, aguardam tua vitória espiritual no cumprimento do que te foi entregue em mãos, pois que, reiteramos, desse teu triunfo pessoal depende o bem-estar, a orientação existencial e o êxito de inúmeros projetos, de indivíduos e comunidades, muitos deles que sequer ainda conheces.

Maria Santíssima vela, não te esqueças jamais!

Tua mãe e professora Eugênia.

(Texto recebido em 14 de dezembro de 2012.)

(*) A adorável Orientadora desencarnada Eugênia faz, nesta correspondência do coração dirigida a uma filha espiritual sua (publicada por ordem expressa da própria Autora), uma paráfrase elogiosa com o gênio missionário que reencarnou como Florence Nightingale (1820-1910), criadora do modelo científico e acadêmico de enfermagem em nosso orbe, que deu surgimento à primeira escola de Enfermagem do mundo, na Inglaterra vitoriana. O grande ser de Luz recebeu a alcunha de “A Dama da Lamparina”, na Guerra da Crimeia, por se permitir apenas duas horas de sono por noite, de molde a, continuamente, vigiar as tendas improvisadas como hospitais de campanha, a fim de verificar se tudo que era possível fazer, pelo asseio, alimentação e bem-estar dos soldados feridos, estava sempre sendo mobilizado. A luz bruxuleante da lamparina carreada incansavelmente, pela grande dama, na calada da madrugada, através das “telas de pano” das tendas, levava-os, amiúde, ainda que tangidos de dor e desespero, a acalmarem-se e se refazerem emocionalmente, com sua mera aproximação. Atenção para um detalhe importante: Eugênia NÃO quis dizer que a destinatária desta psicografia fosse a própria criadora da moderna enfermagem, reencarnada. Por isso, utilizou o artigo indefinido “uma” para se referir a Florence (e não o definido: “a”, que significaria “a própria Florence”), como também se valeu de um recurso mais sutil, para revelar a mesma ideia, ao dizer “encarnada”, em vez de “reencarnada” – que indicaria nova encarnação de Florence. Na condição de tradutor mediúnico, posso fazer essa afirmação sem mesmo considerar esses elementos linguísticos, por ter acesso direto à mente da Comunicadora ilustre.

(Nota do Médium)