Prezado companheiro encarnado:

Em se sentindo sitiado pelas forças das trevas, recorde-se de que a Luz a desfaz instantaneamente, e que basta que você A acenda para que seu problema se resolva.

Não complique o que é simples por natureza. Tente, quanto possível, reduzir uma questão aos seus elementos mais simples, não no sentido de dissecá-la analiticamente, mas de atingir-lhe a essência oculta e dissipar as camadas ilusórias de racionalização que são postas sobre ela.

Compreenda que tudo é facilmente resolúvel, quando nos resolvemos, primeiramente. O mundo é sibilino e incompreensível, quando não nos conhecemos em profundidade. Você é o crivo de percepção de seu cosmos. Se suas lentes psíquicas e conceituais são toscas, tudo será distorcido ao ser observado de sua ótica tendenciosa. Toda a questão, portanto, está dentro e não fora. Faça, dessarte, todo o possível no sentido de enfocar sua realidade íntima, em vez de perder tempo em combater inimigos externos, que não passam de projeções (ou situações correlatas atraídas) de questões íntimas suas, exigindo mudança tão dramaticamente quanto mais intensa a crise que atravessa.

Não quero enchê-lo de reflexões filosóficas, mas tão-somente retirar-me com a colocação singela que fizemos e reiteramos: atente-se para seu mundo íntimo e o resto solucionar-se-á por consequência. Sim, claro, seja responsável com relação a compromissos assumidos com o mundo externo. Entrementes, tenha como certo que os compromissos com o mundo de fora são secundários em relação aos prioritários e essenciais deveres para consigo mesmo. Não por outra razão o mestre estipulou que se procurasse o Reino dos Céus e Sua Justiça (que, em verdade em verdade vos digo: está dentro de vós), que o demais se vos acrescentará, bem como também postulou o amor do próximo como a si mesmo, por considerar tão elementar e truístico esse amor basal de si, que poupou-se de nomeá-lo. O grande problema, para grande percentual das massas humanas, é, justamente, amar-se de verdade, chegando a autoestima a ser vista como tema excêntrico, fútil ou completamente desprovido de sentido, quando não pernicioso, por ser confundido com orgulho e egoísmo.

Saia da concha grossa e lacrada de sua consciência egoica, mas após vivenciar toda a essência de sua egoicidade saudável, o respeito e a vivência contínuos de todos os ímpetos intuitivos, conscienciais, morais que lhe vêm do fundo da alma, e, então, parta para o universo sem fronteiras do outro, enriquecendo-se e plenificando-se na felicidade de dar-se e servir, ser útil e colaborar com o bem comum e o progresso da coletividade.

Para isso, porém, indispensável constante autoestudo, num infinito trabalho de autodescoberta e automanifestação, para a felicidade e a paz.

Gustavo Henrique (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
24 de novembro de 2000