Benjamin Teixeira
pelo espírito
Irmã Brígida.


Prezada irmã sofredora:

Disse-me você estar de tal modo desiludida com seus amigos, que prefere silenciar os esforços de fazer o bem, a padecer novamente colapsos de sua fé no gênero humano. Entretanto, gostaria que considerasse que, amiúde, as surpresas negativas, encontradiças nas relações interpessoais, decorrem do baixo grau de evolução das pobres almas com quem somos dados a conviver no mundo terreno, e, por outro lado, das nossas próprias numerosas deficiências, que despontam, inclusive, nesta pouca tolerância à limitação alheia.

A Divina Providência põe-nos em campo de serviço e não de deleite. Compreenda que o coração ingrato lhe pede compreensão, assim como a árvore precisa da poda, do adubo e da irrigação, para florescer e frutificar. Ofereça, assim, uma conjugação perfeita de firmeza, doçura e amor, no trato com seus semelhantes, ainda que só receba em retribuição o mesmo silêncio perene dos vegetais. Estará talvez esgotado, inúmeras vezes, como o jardineiro ou pomicultor, ao fim do dia, mas estará com a consciência em paz, na plena convicção íntima de haver feito o melhor.

Não espere muito das pessoas. Surpreenda-se positivamente, quando receber manifestações espontâneas de apreço e apoio. Este não é um mundo em que tais fatores sejam muito presentes. De reversa maneira, seja você o primeiro a ofertar estima e suporte àqueles que precisam, quer o peçam, quer você tão-somente lhes intua as necessidades e lhes corra a socorrê-las.

Amar é melhor do que ser amado – esteja certo disto. E, se estiver compenetrado desta verdade, ou ao menos considerá-la como hipótese de trabalho, por alguns poucos dias, seguindo-a como diretriz de conduta, tomará surpresas espetaculares, a cada ângulo singelo do caminho.

Jesus não poderia estar errado. Dê-lhe este voto de crédito e siga tal política existencial da iniciativa permanente do amor. Não se arrependerá – posso lhe garantir isto.

(Texto recebido em 7 de julho de 2005.)