por Benjamin Teixeira.



Sentindo a branda tensão que antecede a realização de grandes eventos em nossas vidas, aguardava a chegada do amigo-“soldado” que me escoltaria até o lotadíssimo Teatro Tobias Barreto, no dia 24 de julho próximo passado, o primeiro Natal de Maria Cristo.

A certa altura, fiz um transe. Vi-me no alto do púlpito do teatro, e uma explosão espetacular, semelhante a grande curto circuito, no teto do salão colossal abarrotado de gente, desfazia-se numa cascata de faíscas sobre os presentes, provocando blecaute logo em seguida, entre gritos e comoção geral. Uma forte apreensão intuitiva seguia a cena, comunicando-me significados implicados, sinistros… As organizações das trevas pugnavam por impedir a realização do evento, planejando parar-nos a fala, em plena defesa pública da tese “Maria Cristo”.

Terminado o flash psíquico, que me parecia claramente premonitório, fiz uma prece ligeira, confiando a Deus e aos bons espíritos o bom desdobrar do evento, em todas as suas particularidades, e disse, de mim para comigo: “Está tudo nas mãos de Deus, vai tudo acontecer como Ele quiser”.

O evento Maria Cristo desdobrava-se a contento, com todas as apresentações artísticas pré-programadas acontecendo tranqüilamente, quando, como ponto culminante e, ao mesmo tempo, final da noite, no momento de minha fala, percebi-me sendo estranhamente encurtado no discurso, pelos bons espíritos, que, quase me incorporando em público, preferiram me fazer discorrer sucintamente sobre a temática (o que causou estranheza em muitos dos convivas, já que aquele era o instante máximo para apresentar a tese). Duas entradas minhas rápidas, dois vídeos ilustrativos de Bernadette Soubirous, a santa vidente de Lourdes, última encarnação da mentora espiritual Eugênia, autora da obra lançada na noite, e estávamos já nas despedidas, entre lágrimas de expressiva parcela dos convivas e de grande gáudio espiritual de todos.

Contornei, com um séqüito restrito de amigos fiéis, a platéia, por um labirinto de salas ocultas que marginavam o grande salão, até que chegasse ao saguão, sem passar pelo núcleo pela multidão, que circundava perto de 2000 pessoas, considerando a sobrelotação de quase 500 pessoas no hall do teatro, além da casa cheia, com 1400 sentados nas poltronas. O hall estava um paradisíaco formigueiro de gente emocionada, sorridente, feliz, na bem-aventurança dos que se sentiam haver visitado o céu, sob efeito das vibrações indescritíveis da Espiritualidade Superior, em peso no ambiente. Estava difícil atravessar o fervilhar de cumprimentos e acenos, com amigos e conhecidos, seguidores e admiradores do projeto vindo por todos os lados em minha direção. A mesa, cadeira e luminária elegantérrimos, preparados, adrede, por conhecido decorador-arquiteto da cidade, para que autografasse os exemplares do “Maria Cristo” na ocasião, pareciam distar quilômetros de mim, em meio ao oceano de gente em êxtase. O amigo que me escoltava, então, a certa altura, tomou-me pela mão, com a firmeza de um cavaleiro medieval (ele realmente o foi, no século XII, fazendo parte de uma escolta particular minha à época, não por acaso), como se eu fora uma criança, carregada em meio a um turbilhão de pessoas em pânico, e outra amiga envolveu-me num abraço lateral, enrodilhando-se-me ternamente ao dorso, para impedir o “roubo” de outros abraços no percurso. Com isto, de fato, os dois amigos me conseguiram fazer chegar à tal “infinitamente distante” mesa de autógrafos, em espaço de poucos segundos, no máximo dois minutos.

Comecei a autografar, primeiro de pé, depois sentado, depois em pé novamente, e assim fiquei até o fim. O que importa dizer, porém, é que, mal havia começado a cumprimentar os componentes da fila de autógrafos e rabiscar minha rubrica, nas primeiras páginas de cada exemplar, e o “inesperado”, então, aconteceu. “Zás!” – blecaute! Mas não só no teatro, como em minha “visão”: mas em toda a região do “Jardins”, ultra-moderno bairro da capital sergipana, onde fica o imponente Teatro Tobias Barreto, mergulhando em trevas o luminoso centro de espigões de pedra da pequena metrópole Aracaju. Mas nada de explosões no alto do salão cheio de gente, nem de chuva de faíscas, nem de interrupção do espetáculo – graças a Deus! Os espíritos do plano superior – informaram-me eles mesmos depois – impediram que as organizações criminosas da outra dimensão de vida fizessem o que desejavam (impedir a realização do evento), e conseguiram procrastinar os efeitos funestos, laboriosamente programados por gênios tenebrosos do plano astral, para depois do término do evento, quando não fosse mais possível atrapalhar o momento histórico do primeiro Natal da Mãe de Jesus.

Logo em seguida ao black repentino, em meio a exclamações e burburinho generalizados de surpresa, fez-se luz novamente no saguão apinhado, já por efeito do gerador de eletricidade do teatro que, todavia – fiquei sabendo mais tarde – não teria condições de manter ativa toda a parafernália de eletrônicos em funcionamento para a realização do evento, desde as inúmeras câmeras de vídeo que registravam tudo que acontecia na ribalta, em linguagem digital, até os imensos canhões de luz que criavam uma atmosfera feérica no palco.

O mal existe… mas o bem sempre… sempre mesmo… prevalece ao fim. Basta que façamos, sinceramente, nossa parte, cada um de nós, em concerto de harmonioso e coordenado esforço de boa-vontade, e que cofiemos o resto a Deus, que, em Sua perfeita providência, tudo faz encaixar e desenrolar para o bem geral…

(Texto redigido em 4 de agosto de 2005.)