Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Uma escola primária muito difícil é o que constitui a Terra, na atual quadra de sua evolução planetária.

Meu filho: não aguarde manifestações de maturidade e lucidez de espíritos recém-saídos do jardim de infância da “animalidade primitivista” (*1). Quando a criança está assimilando as lições primordiais de convívio social, na classe chamada “maternal”, que favorece a propedêutica da interação e integração com os primeiros coleguinhas da vida estudantil, brincando, cantando, dançando, desenhando, pintando e aprendendo os limites do espaço pessoal; compreendendo que não pode defraudar e invadir os direitos dos outros, sendo educado, outrossim, a não machucar e desrespeitar os companheiros de folguedos, podemos entender que ali se vivencia, simbolicamente, o período pré-histórico do “homem das cavernas”, em que o indivíduo, saindo da experiência puramente selvagem do reino animal, faz a travessia para o domínio humano, na era denominada, por alguns autores, de Paleolítico. A articulação das primeiras frases, o elementar em termos de vida em comunidade, a construção de artefatos rudimentares acontecem nesta etapa do processo de humanização e constituição das bases civilizatórias, equivalentes, de fato, ao que se dá nas salas maternais dos jardins de infância.

Se você já vive além dos interesses imediatos de sobrevivência material; se transcendeu, inclusive, o que os alunos do ginásio (*2) ou do ensino médio fazem: a busca de auto-afirmação, no afã por adquirir os fetiches de poder e aceitação social – fortuna, prestígio e controle sobre o semelhante –; se você já aspira a algo mais; se sabe que veio para experienciar, construir e aprimorar o belo, o bem e a verdade; se quer se conhecer em profundidade, servir a causas coletivas e intemporais; se sente a necessidade de se colocar à disposição de Inteligências Maiores que a sua, em níveis mais altos de consciência, significa que você é um estudante universitário da vida, quiçá um pós-graduando da jornada evolucional, ou mesmo um catedrático do espírito provisoriamente matriculado nesta escola de ensino fundamental da humanidade terrícola, provavelmente para um trabalho de pesquisa e extensão de seu currículo evolutivo, e, principalmente, para ser útil ao progresso daqueles que o seguem, em estágio inferior de desenvolvimento intelecto-moral, as crianças espirituais que lhe são dadas a conviver.

Dessarte, em se notando um universitário ou quiçá um acadêmico da consciência, em meio a psiques em idade infantil, assuma a única postura-função que há para inteligências em seu patamar de burilamento moral e despertar espiritual: a de professor, diretor ou coordenador de curso. Assim, far-se-á mais harmônico com seu meio, que lhe é visivelmente inferior, colaborando mais eficazmente com ele, tanto quanto, mormente, descobrir-se-á, com a adoção desta atitude conscienciosa e coerente com seu plano de evolução, mais sereno com relação a si mesmo, deixando de lutar com conflitos de identidade perfeitamente evitáveis, em cotejo com o habitat menos aprimorado em que foi inserido por Desígnio Divino, a fim de fomentar o crescimento de todos e de você próprio, concomitantemente, ao se exigir mais critério e ponderação, em cada interação com o ambiente em que se encontra agora, temporariamente.

(Texto recebido na reunião mediúnica fechada do Instituto Salto Quântico, de 15 de abril de 2008. Revisão de Delano Mothé.)

(*1) Expressão de Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier – motivo das aspas.

(*2) Como se chamava o período da 5ª à 8ª séries (não existia a 9ª). Eugênia dá a entender que até se chegar a este nível de busca de autopromoção social, como prioridade de vida, vários evos se passam (e inúmeras reencarnações), o que corresponderia aos primeiros 4 anos do ensino fundamental.

(Notas do Médium)