Benjamin Teixeira pelo espírito Gustavo Henrique.

Perdoe-me o caro leitor apelar para o texto óbvio, tratando de chavões que, na verdade, constituem importantes ferramentas de controle da própria vida. Se observar com cuidado, todavia, perceberá que não se tratam propriamente de clichês, mas de verdades básicas, negligenciadas na mesma medida que conhecidas, dissimuladas em lugares-comuns, mas que não fazem lugar-comum na prática de quem os conhece.

Amanhã será um novo dia: comece e/ou recomece tudo com ardor, como se fora o último dia de sua vida, ou o primeiro de uma longa caminhada. Valorizando plenamente a oportunidade, da primeira perspectiva; vivenciando-a com entusiasmo, conforme a segunda ótica.

Se encontrou contradição em sua fé, não desespere: medite. Há algo mais a ser aprendido, que não foi devidamente assimilado. A ambigüidade constitui-lhe excelente oportunidade de transcender a polaridade dos opostos, para, então, galgar patamar mais alto de expressão mental e espiritual de suas convicções.

Convocado a desequilíbrio, na troca de idéias menos dignas, de palavreado chulo e irresponsável, modere nas palavras: a vibração da decadência cerca os passos do maledicente e do palrador inconseqüente.

Invocado a participar de elaborações mentais de baixo teor, em programa televisivo de qualidade duvidosa ou em sessão de cinema menos recomendável, não titubeie em mudar o canal e sair da sala de projeções, respectivamente. O lazer é ponto capital na construção da personalidade e na lapidação do caráter.

Entristecido por notar seu coração vacilar, no exercício do amor, descanse um pouco, com o alimento emocional da introspecção – fortalecendo a auto-estima e o sentido profundo de si – e retorne com carga renovada, para a prática da ternura, do carinho, do devotamento ao ente amado.

A vida tem vários ciclos sazonais de expressão e vivência íntima para cada indivíduo. Cabe a cada um detectar em que momento está, para melhor e mais eficientemente se posicionar, para extrair o melhor de cada instante. No outono da vida, guarde reservas para o inverno que virá. Na primavera, prepare-se para a eclosão do vulcão de energias do verão. No verão, não se esqueça de aplicar corretamente os aluviões de vitalidade, que logo passarão; e, por fim, no inverno, recolha toda a experiência arquivada em contas de sabedoria, criando um colar maravilhoso com que adentre uma nova fase de vida…

Por fim, lucifique sua alma, com a prática da caridade, de todas as formas que lhe forem possíveis, já que será por meio dela, das expressões mais singelas do companheirismo e da solidariedade aos seus píncaros de manifestação no sacrifício e martírio de si, em prol de uma grande causa, que desenovelará sua mente para a verdadeira felicidade.

(Texto recebido em 7 de março de 2001.)