Benjamin Teixeira
pelo espírito Temístocles.

“Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias; mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno”. Jesus falava assim porque tinham dito: “Ele tem um espírito imundo”.
(Marcos, 3:28-30)(*)

Se alguém vai falar mal de outrem, sobremaneira no caso de esta pessoa em foco da malícia se devotar a fazer o bem do próximo em larga medida, deveria ter o máximo cuidado. O capítulo terceiro de Marcos bem revela o que pode acontecer com aquele que, leviano e inconseqüente, dá-se ao despautério de atacar a moral e o moral de quem se empenha em, apesar de seus traços e limitações humanos, fazer o melhor como representante da divindade.

A cultura democrática é também a cultura, amiúde, do desrespeito e do acinte à imagem alheia, como se liberdade de expressão se nivelasse ao hábito vulgar de enxovalhar e a reputação alheia e de achincalhar o valor de obras sérias, levantadas em prol do bem comum.

Mas, se há permissividade na boca chula de quem se dá ao mexerico e nos ouvidos de quem se delicia, qual abutre d’alma, com cheiro de carniça emocional, há também severidade, nos recursos de justiça e ajuste, nos tribunais do tempo, em nome do Ser Infinitamente Justo.

A própria atitude dos que mais se entregam a tal vício das relações humanas já denota, claramente, o que está por trás de suas expressões bem estudadas de dignidade ferida.

Falam mal – e agem pior ainda, inclusive com o próprio esmerar-se na baixeza da fofoca.
Condenam quem faz, deitados em grossas almofadas de comodismo.
Atacam quem se dedica, desde a tenra juventude, totalmente à seara da luz, enquanto não se dispõem a fazer o menor sacrifício pela causa do esclarecimento coletivo, e até mesmo individual, muitas vezes dispondo de largo tempo livre, que esbanjam na maledicência e toda ordem de maldades dissimuladas – pouco visíveis aos homens, muito percebidas de Deus…
Procuram a falha no trabalho de quem realiza o bem a muitos, ao passo que estendem um bem limitado e cheio de amargura, a alguns poucos, confusos tanto quanto eles mesmos, e confundindo-os ainda mais, enovelando a todos no cipoal da angústia.
Sentem-se cheios de razões nobres, entregando-se à difamação, à calúnia e à inveja óbvias.
Inflamam-se de ira moralista, sendo, com freqüência, preguiçosos, covardes e até intelectualmente medíocres, pugnando por denegrir, por não conseguirem superar.
Por fim, nem sequer notam o patético (e isto é claramente perceptível por bons observadores) de desprezarem o que antes elogiavam, apenas por não poderem fazer parte ou controlar o que cobiçam, ainda hoje, disfarçadamente (até para si mesmos).

Cabe aqui considerar, por outro lado, para os que se chocam com tais posturas esperáveis da “raça de víboras”, como bem disse o Cristo dos religiosos convencionais ou dos que se dizem ex-religiosos, mas com posturas fanáticas que traem os mesmos vícios psicológicos de xiitas ideológicos:
Por que dar atenção ao que já revela, por si só, a natureza e origem?
Quem vive a caçar o mal dos outros e divulgá-lo, quase sempre distorcido e ampliado (quando não perfidamente inventado) pela versão de pseudo-vítimas, em vez de se dedicar a fazer sua parte no concerto do bem, já diz de si o suficiente para não merecer nenhum crédito e importância. O que se deve fazer é simplesmente prosseguir ativo, no próprio posto de serviço e deixar ao tempo o encargo de dar a paga devida a quem foi leviano, tanto quanto a resposta cármica apropriada a quem deixou de fazer o bem, tentando, ao reverso, sufocar as tarefas do bem de outros, pois que, implacável, a lei de causa-e-efeito saberá dar providência de destino, principalmente com quem foi duro e perverso, às ocultas, qual um réptil, com os próprios benfeitores da véspera.

Corra de quem exige santidade dos outros, sem fazer melhor primeiramente. Precate-se dos que adivinham monstros em pessoas de bem… eles, provavelmente, são bem mais horrendos do que aquilo que imaginam ser aqueles em que projetam sua própria maldade…
Acham-se certos? Sim, a semi-loucura, em doses brandas de histeria, costuma acometer grupos humanos, mais do que se pensa, como a Alemanha nazista dos anos 30 do século XX bem o demonstrou. Sim, podem se achar muito lúcidos, mas, como disse Jesus: cegos, condutores de cegos, acabarão todos por cair no barranco. Pois como não percebem o absurdo de alguém se julgar certo, sendo ingrato, injusto e cruel, com quem o acolheu e socorreu em momentos difíceis em que todos davam as costas e tudo parecia perdido em sua vida? Ainda que houvesse erro da parte do benfeitor, não caberia o perdão? E se não houve… Céus!… Que Deus tenha piedade daqueles que atacam embaixadores do Senhor, acusando-os de representantes do mal, porque, como afirmou o próprio Cristo, este exato tipo de conduta constitui o pior erro em que pode incorrer uma criatura, como um “culpado de um pecado eterno”…

Alguém é humano e, mesmo assim, faz um bem extremo a milhares de criaturas? Não se percebe que o mérito é ainda maior, tanto quanto o demérito em atacar, em vez de ajudar este alguém, é várias vezes piorado? Não acreditariam em Deus e na Espiritualidade aqueles que se colocam na posição de juízes dos trabalhadores do Senhor? Não teriam o menor senso de justiça e de consciência? Acreditem ou não, porém, sofrerão, mais cedo ou mais tarde (muito pior, se demorar o efeito no tempo, porque acumulado) o reverso das forças que lançam contra si, assim como os patógenos não deixam de causar doenças infecciosas em que “não acredita” na existência de bactérias e outros microorganismos.

Que Deus os ilumine, enquanto é tempo, para que, antes do que imaginem, não se vejam cercados e esmagados por desgraças em série maiores do que possam ou do que imaginem poder suportar…


(Texto recebido em 18 de outubro de 2005.)

(*) Jesus foi acusado de endemoniado pelos preconceituosos religiosos de seu tempo. Revolucionário, quebrava paradigmas e conceitos estabelecidos com uma tranqüilidade inamovível. Ninguém está à altura d’Ele, e, por isto mesmo, podemos imaginar o que se pode dar com gente comum, mas esforçada, se até o Santo dos Santos foi atacado e perseguido até a morte, por meio de uma sentença e execução ignominiosa da pena capital – a mais abjeta de todas, à época do Cristo: a morte na cruz. Boa parte do capítulo terceiro do evangelista Marcos é dedicado a este tema. Interessante notar que Jesus não disse que o mal era atacar a pessoa d’Ele – isto Ele deixa bem claro no tal capítulo terceiro de Marcos – mas sim o Espírito Santo, o Espírito de Deus que ilumina os legítimos representantes do Alto. Ou seja: mesmo que alguém não seja o Cristo, estando a serviço de Deus, pode, ao ser atacado, estar sendo alvo em nome do Espírito Divino, o que ocasionará carma tão maior para o atacante, quanto mais esforçada e humana for a criatura que se empenha em servir a Deus e que alvejada pela maldade alheia.

(Nota do Médium)