Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito Eugênia-Aspásia.

Não te deixes perturbar, alma amiga, pelos lances de desespero e incompreensão daqueles a quem vieste servir, na existência física que ora desfrutas. Naturalmente não te compreenderão os intentos de espírito mais velho. A algaravia dos que são regidos por interesses subalternos e a calúnia dos que te interpretam mal, por projeção do que eles mesmos são, constituem fenômenos completamente esperáveis, na medida em que segues na vanguarda da inteligência, do sentimento, da intuição, e favoreces o progresso psicoespiritual do agrupamento de seres que alcanças, dentro de teu raio de influência pessoal. Sempre foi assim, na História das humanidades – trata-se de ocorrência inexorável, para a evolução de indivíduos e coletividades: o confronto de caracteres em níveis diferentes de adiantamento.

N’outros evos, foste tu mesma a receber o auxílio de agentes evolutivos que te eram superiores e que te otimizaram o desenvolvimento psicológico e moral. É tua vez de retribuir, embora sejas livre para, a qualquer momento, depois de tantos anos de serviço ininterrupto, suspender teu esforço e retornar à tua faixa de consciência habitual.

Sim, segues sentindo-te sozinha, em meio a um oceano de personalidades que se te afiguram imaturas ou pouco conscientes, sobrecarregando-te e bombardeando-te psiquicamente, com toda ordem de disparates opiniáticos e exigências descabidas, conquanto notes várias delas cheias de boa vontade e desejo sincero de acertar e até auxiliar-te. A sufocação mental que sofres, volta e meia, promovida pela mastodôntica massa energética descompensatória (à tua natureza mais burilada pelos milênios), por parte de encarnados e desencarnados, em estágios menos dilatados de percepção e sentimento, é tremenda, e questionas se portas forças suficientes para prosseguir no cumprimento de teus deveres por muito tempo mais.

Teus cabelos nevam, com o passar das décadas, e vês quantos que se beneficiaram diretamente de teu trabalho, ou mesmo colaboraram nas tarefas que te foram designadas pela Divindade, encontram-se atualmente em desalinho da conduta, em perda de oportunidades espirituais preciosas, tendo fugido, espavoridos, do posto de serviço que lhes cabia, quando testes mais intensos da Vida lhes foram apresentados. E porque os anos se dobrem uns sobre os outros, e tenhas laborado, infatigável e diariamente, contra a maré das convenções e dos interesses da maioria, sentes-te, agora, exaurida.

Sim, muitos se perderam, no emaranhado de sugestões tenebrosas que albergaram, na interioridade de seus corações, inadvertidamente, mas colossal é o número dos que se encontraram e se fazem progressivamente mais lúcidos, fortes e felizes, num transbordamento crescente de almas que se engrandecem ao toque da Realização que se dá por teu intermédio. Mesmo os desertores e antigos companheiros de ideal carreiam, no imo de si próprios, as sementes de transformação que germinarão, cedo ou tarde. Mas ai daqueles que, em vez de cooperarem com a Obra parcial do Céu destinada à tua representação, na crosta do orbe, voltarem-se contra a Ordem do Alto… Padecerão, nesta vida ainda e depois da morte física, muito mais, o que nem de longe podem conceber agora…

A fé não te falta. É a energia e o ânimo que se te esvaem, por vezes, ante o ingente das responsabilidades e compromissos confiados à tua pessoa. Sabes que podes retornar ao Plano d’Onde provieste, a qualquer momento, mas também estás cônscia de que muito mais corações podes socorrer, com a oferenda modesta (inobstante muito custosa, emocionalmente) de teus esforços pessoais, se prosseguires na faina abençoada a que te dedicas, desde os verdes anos da juventude.

Destarte, amiga-irmã, tolera um pouco mais, olvida o desatino de tantos e, em comunhão com teus Amigos espirituais – na falta do que possam fazer por ti os amigos encarnados –, dá de teu coração generoso e sensato (ainda que não te julgues assim; mas o és, para os padrões sofríveis do planeta) o equilíbrio e a maturidade que já amealhaste, nos séculos de idade espiritual que tens a mais que a média terrena. E, qual se estivesses entre crianças espirituais, releva, releva… releva o quanto esteja em teu poder fazê-lo, ensinando o discernimento entre o bem e o mal, na era das incertezas e dos relativismos, derrubando preconceitos e libertando corações sensíveis das malhas da maldade e da ignorância, demonstrando franqueza sem simulacros de santidade e revelando a Voz do Céu, para as necessidades complexas dos homens e mulheres da atualidade.

(Texto recebido em 26 de setembro de 2013.)