Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Devemos lutar, continuamente, por vencer nossas tendências inferiores. O mal, sem sombra de dúvida, aturde toda humana criatura. Somos ainda híbridos entre o animal na selva e o anjo no céu. Cada um, na condição evolutiva que lhe é própria, ostenta seus cambiantes personalíssimos de luz e treva, primitivismo e excelsitude.

Num pequeno gesto, numa palavra pequenina pode estar oculta a intenção profunda de destaque pessoal, o desejo de supremacia, a intenção de empanar o outro, eclipsando o alheio valor em função do próprio. Um é cúpido por excelência, e sua cobiça material se expressa ao definir todos os caminhos de sua existência, em função da aquisição de fortuna e patrimônio, salários e conquistas materiais diversas. Outro é ciumento e sensual, perpetuamente vivendo em função de jogos infernais de poder, atração, sedução e traição. Aquel’outro, ferido em seu narcisismo delirante, está a todo momento se posicionando à conta de vítima, chocado com o contato com gente que considera inferior à sua dignidade pessoal.

Situe a parcela de mal que há em você. Somos todos almas muito primitivas, nos primeiros arroubos de ascese do espírito eterno. Não se sinta um ás de espiritualidade, nem um monstro na lama do charco, mas um espírito sofredor e imperfeito, que desenvolve suas aptidões, para ser capaz de ser feliz e fazer a felicidade de outras pessoas. Há agentes malévolos, tanto na dimensão extra-física, como na física de vida, que, de fato, conturbam-nos os passos. Os elementos de sintonia, entrementes, estão sempre dentro de nós.

Foque o seu lado melhor, desenvolva seus talentos, principalmente os espirituais, como a generosidade com estranhos, o devotamento a causas coletivas, a dedicação a entes queridos. Mas não se deslumbre com pequenas conquistas que tenha feito: há muito “chão” na estrada evolutiva, para sermos ainda considerados plenamente humanos, como Jesus que, não por acaso, se categorizava na condição de “Filho do Homem”. E a humanidade é apenas um ponto na longa espiral evolutiva que nos conduzirá, um dia, ao mergulho definitivo na Eternidade e em Deus…

(Texto recebido em 21 de setembro de 2004.)