Benjamin de Aguiar,
em diálogo com o Espírito Eugênia.

(Benjamin de Aguiar) – Eugênia, adorada Mestra, Você nos poderia elucidar esta questão que fere a muitos: de indivíduos mais velhos, sejam heterossexuais ou homossexuais, envolverem-se com pessoas mais jovens? Sou casado com um homem 18 anos mais novo, completando dois anos de um relacionamento muito feliz, nesta semana. Nunca trouxe a público esta temática, como um estudo com Você ou Outros dos Mestres Espirituais – a não ser pincelando-a aqui ou ali, em falas dispersas –, porque a julgava por demais pessoal. Agora, contudo, penso o contrário: por vivenciar esta experiência, conheço melhor o assunto e provavelmente poderei filtrar a Fala do Plano Sublime com melhores condições, visto que os preconceitos constituem matrizes de triagem que prejudicam a recepção do pensamento da Espiritualidade Amiga. Entre gays, há um agravante nessa “imagem negativa” ante o vulgo: o de dizer-se que os mais jovens são “induzidos” à homossexualidade, pelos parceiros mais velhos; que estes, mais experientes, estão-se “aproveitando” dos mais novos, etc… Não faço alusão aqui à abordagem de menores, mais séria ainda, e totalmente fora de nossas cogitações nesta consulta que Lhe dirigimos – a Organização Mundial de Saúde deixa bem claro que fica caracterizada a pedofilia apenas quando o(a) abordado(a) tem menos de 13 anos. No meu caso, envolvi-me com meu “príncipe encantado” à época em que ele contava 19 anos de idade, consorciando-nos formalmente quando estava ele a dois dias de completar 21. Você poderia nos dizer alguma coisa a respeito?

(Espírito Eugênia) – É mais um assunto cercado de hipocrisia e ódio dissimulados (por conta do ciúme, da inveja e do egoísmo mal-camuflados), como ocorre com todo tema impregnado de preconceito. Primeiro, a “indução” (a preferências sexuais) é argumento vencido, nos meios científicos, há muito tempo. Ninguém é induzido ao que não queira ou não seja. Se esse princípio fosse válido, não haveria homossexuais num mundo culturalmente, em todos os seus setores e níveis, heterossexual, dramática e tragicamente heterossexual, a ponto de ensejar campeie a homofobia, num tal patamar, que ainda existem dezenas de nações no orbe que sentenciam à morte os que sejam flagrados em práticas sexuais do gênero. Não se fala, por outro lado, no que seria óbvio deduzir-se, se fosse esse um princípio lógico: o seu efeito reverso, que, desnecessário dizer, seria bem mais comum – a “indução à heterossexualidade”. No entanto, aconteceu e acontece, em massa, ainda hoje (e muito!), nos seios das próprias famílias, uma coerção, uma violência contra a natureza de crianças e adolescentes com tendências gays (isso é violência e abuso equivalentes à pedofilia), no sentido de fazê-los agir quais heterossexuais, sem nunca, em verdade, ser possível “torná-los heterossexuais”. Um gay poderá fazer sexo com alguém do sexo oposto, cheio de fantasias que permitam esta agressão psicológica autoimposta, quanto imposta pela família e pela sociedade.

Com relação à “vantagem em ser mais velho”, sim, é um item que dá vantagem na “guerra pelo sexo” ou na “guerra pelo matrimônio”, pela maior experiência que o indivíduo tem para envolver o objeto de sua preferência. Adicionaríamos alguns outros itens, porém, nessa indagação maliciosa: as pessoas mais bonitas e atraentes, ou as mais ricas e de destaque social, mais inteligentes (e com “mais lábia”, portanto, para seduzir), como as que detenham maior poder em suas mãos, também estariam sendo cínicas, antiéticas ou portariam mau caráter por “se aproveitarem” da óbvia vantagem que têm no “jogo da paquera”? E, se até para o jogo do flerte meramente, não vemos como diferenciar uma coisa d’outras – a não ser por motivos (estes sim) cínicos, dos que não têm beleza, fortuna ou poder –, mais ainda devemos aplicar tal princípio para o assunto do matrimônio. O indivíduo mais velho que se casa, e não apenas “passa uma noite” com alguém mais novo, leva um desafio maior para casa, porque, na esmagadora maioria dos casos, estará convivendo com alguém que não se equipara, em vários sentidos, ao seu padrão de percepção, a seu grau de maturidade, a seu histórico de vida, tudo que diz respeito a uma geração diferente (quando a diferença de idade é expressiva). O mesmo se pode dizer quanto a quem se une em matrimônio com outrem menos rico ou com menos proeminência na sociedade: terá que dividir seus recursos, em vez de somar, como o faria com alguém da mesma classe social ou econômica. Logo, essas personalidades deveriam ser parabenizadas, e não atacadas; ser vistas como quem realmente se casa mais por amor, pela essência, do que pelas aparências. É claro que existem as aberrações, de todos os lados, e não só da parte dos que se consorciam com o diferente (em termos de idade, riqueza, prestígio etc.), como bem o vemos na atitude do homem que estabelece um vínculo esponsalício apenas motivado pelo corpo sexy de sua parceira, enquanto esta se interessa tão só pela conta bancária dele – algo nem um pouco raro, como é mais que notório. Francamente, é de extrema hipocrisia dizer-se que os que contraem matrimônio com o diferente, de qualquer natureza, sejam mal-intencionados, numa sociedade em que, mui frequentemente, os iguais vivem a se casar, para somar interesses subalternos comuns…

É comum considerar-se também que professores, chefes, terapeutas ou religiosos não podem abordar aqueles que são seus alunos, funcionários ou subordinados (na hierarquia da organização), consulentes ou seguidores. Mas se as criaturas passam a maior parte do tempo no ambiente de trabalho, como se pode taxar de desonesto um envolvimento natural como o afetivo-sexual? Muitos renunciam a vivenciá-lo, não por serem mais honestos e sim por se preocuparem demais com as aparências e temerem provocar um “escândalo” – novamente a hipocrisia entra em cena.

Se observarmos com um mínimo de cuidado e profundidade, a própria pessoa pretensamente alcunhada de vítima é a maior beneficiada com a relação, e é assim que ela normalmente se sente. “Entre todos os alunos, eu fui o(a) escolhido(a), e ainda tenho o privilégio de estar mais próximo(a) do mestre e com ele mais aprender do que se não tivesse um vínculo tão íntimo com ele” – era esse o raciocínio e a declarada disputa entre os discípulos dos mestres gregos de filosofia na Antiguidade; da mesma sorte, é o que a moça pobre e sincera pensa ao casar-se com o afortunado que a ama, ou o que a secretária legitimamente vocacionada e dedicada ao trabalho pondera ao desposar o chefe.

Isso é muito diferente do caso do(a) patrão(oa) salafrário(a) ou do(a) acadêmico(a) ogro(a) que ameaçam demitir ou reprovar um(a) empregado(a) ou um(a) aluno(a), respectivamente, se não cederem a suas exigências sexuais, tão só como passatempo. Referimo-nos aqui a envolvimentos humanos profundos, que levem a relacionamentos sólidos, ou ao menos se baseiem na sincera intenção de se consolidarem.

Falha de ética? Não: cremos que haja falta de autoconhecimento naqueles que assim acusam os indivíduos corajosos e transparentes, fieis à sua consciência e aos comandos de sua alma (ainda que contra as convenções de sua época e lugar), nas situações que assinalamos acima, porquanto os que atacam se sentem intimamente inseguros, têm inveja dos que “se dão bem” (conforme pensam) na vida afetiva, em vez de assumirem a responsabilidade por se tornarem pessoas mais interessantes e, com isso, poderem atrair (ou conquistarem “poder de barganha” – como sentem – para seduzir) seres igualmente interessantes. “Príncipes encantados” casam-se com “princesas” e não com “sapinhas”. “Sapinhos” não desposam “princesas”. Como o conto de origem teutônica bem o demonstra, se o “beijo” (ou o contato inicial entre a “princesa” e o “sapo”) não o “converter” num príncipe – ou seja: se a aproximação não revelar que ele é alguém melhor do que superficial e inicialmente aparentava –, a “princesa” simplesmente não continua a relação com o “sapinho”. Isso não é cruel: é honesto. Todavia, há aqueles, sobremaneira no meio religioso, que supõem devam todos ser “bonzinhos”, conduta esta, em seu pano de fundo, segundo nos esclarecem categoricamente os estudos psicológicos, típica de criaturas “falsinhas”, qual se diz no popular, que se ajustam a conveniências, com o custo de desrespeitarem a própria natureza e serem infelizes, além, é claro, de atacarem quantos ousem buscar, legitimamente, a própria felicidade – como elas deveriam fazer, mas não o admitem, nem para si mesmas.

Relações afetivas lúcidas e maduras não são relacionamentos de prática da caridade, e sim de partilha da intimidade. Não se trata de falta de cristandade: é sua suma excelência, em plena transparência de propósitos. Pratica-se a caridade com terceiros, sem esperar nada em troca; ou com filhos, quando se é um pai ou uma mãe mentalmente são(ã). Mas, para ser saudável, a relação de intimidade afetivo-sexual deve ser regida pelo princípio da economia psicológica, tendo em vista as realizações pessoais de ambas as partes (e em comum), a missão de vida a se desdobrar, a não ser que se “tolere” alguém no intuito de educá-lo (como se dá com um filho, por exemplo, conforme mencionado acima: sacrifício comum e louvável), quando esse realmente é o motivo de “suportar o cônjuge”, e não a preguiça ou covardia de facear um divórcio e suas dolorosas, mas amiúde necessárias, implicações, qual já o dissemos alhures.

(Diálogo travado em 23 de junho de 2011.)


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