por Benjamin Teixeira.

1990… 26 de abril…

Alguém diria que 14 anos é pouco tempo. Não, não é: são praticamente uma década e meia. Passam muito rápido, quando vistos em retrospecto, assim como podemos falar, da mesma forma, de 14 séculos. 14 anos, todavia, duram a passar. Basta que olhemos para frente e visualizemos o ano de 2018. Não vai ser num suspiro que chegaremos lá. Mas nossos leitores desse ano ou de anos posteriores estarão dando um sorrisinho maroto, por acharem que passou rápido também esse novo lustro e meio. Bem, que façam sempre as contas para a frente, somando 14 anos ao ano em que estejam, e sentirão o peso psicológico da idéia que quero transmitir. Faz-se muito nesse espaço de tempo, mormente quando se está atento às oportunidades ofertadas pela vida e as idéias que nos surgem à mente e ao coração.

Era o primeiro ano da década de 90… o futuro parecia estar fazendo uma dobra em direção ao impossível… Imagine-se!: estávamos a apenas 10 anos do novo milênio! Fui visitar, em fevereiro, o avatar (*) Chico Xavier, e dois meses depois, publicava meu primeiro artigo na imprensa… 26 de abril. Na banca do “Careca”, figura lendária, já desencarnada, do mundo do folhetim em Sergipe, adquiri sete exemplares daquele número de “Jornal da Manhã”. Lá estava o artigo: “A Dor.” Tinha então exatos 19 anos e meio de idade.

19 anos… Quem tem juízo aos 19 anos? Eu não era uma exceção. O juízo era tão pouco que não achei suficiente ficar publicando artigos em periódicos da cidade: no ano seguinte, começaria minha carreira de orador espírita e de médium ativo, além de dar minhas primeiras contribuições na imprensa radiofônica, visando a divulgar os ideais kardequianos. Apenas três anos e meio depois… – é isso mesmo: estava com 23 anos e dois meses de idade – em janeiro de 1994, lançava um programa de televisão, em que respondia a perguntas feitas, ao vivo, pelos telespectadores (delirante, não?). Mas não é só. Exatos dois anos depois, com 25 anos, em janeiro de 1996 – aquela idade em que as pessoas estão saindo da faculdade, eu estava transmitindo o programa para todo o Brasil e cinco países circunvizinhos, numa emissão captável por parabólicas analógicas, uma coqueluche à época. Quatro meses depois, fiz meu primeiro circuito de palestras nos Estados Unidos, o que tenho feito anualmente desde então, e, que bobagem!, no ano seguinte, o programa já era transmitido também nos Estados Unidos, é claro! (faço uma careta de horror!)

Bem, como “cada doido tem sua mania”, como se diz no vernáculo, vou confidenciar, muito sigilosamente, a meus queridos amigos leitores desse site, meu estado de espírito à época: angústia inominável… E por quê? Porque estava fazendo pouco (com o que ainda concordo), mas, principalmente (céus, quanto alucinação!), por estar dando passos lentos demais!

Agora, com talvez um pouco mais de juízo (será que estou sendo auto-indulgente?), posso dar um diagnóstico aproximado de meu “problema” da casa dos 20 anos, na altura de meus respeitáveis (risos) 33 anos e meio (a idade que disseram ser do Cristo – Jesus, na verdade, tinha quase 40 anos quando foi crucificado). Alguns nascem com carma demais, e a angústia por realizar algo no campo do bem é, simplesmente, quase histérica. Bem… como alma inominavelmente devedora, surtei mesmo, e vivo semi-surtado, graças a Deus, e, dentro do possível, no campo das atividades no bem…

Quando estava para completar 21 anos, meu mal-estar atingiu o ápice. À época, a publicação de “O Livro dos Espíritos” tinha 134 anos de ocorrida, e eu me sentia angustiado por cada alma das várias centenas de milhões, principalmente na ultra-educada Europa, que enlouqueciam, drogavam-se e cometiam suicídio, ou, simplesmente, sentiam-se infelizes ou desesperançadas, sem propósito para viver ou sorrir, por não conhecerem a bênção ímpar do Espiritismo, a religião científica, pragmática e psicológica.

Hoje, estou mais conformado em contemplar o desespero das multidões, sem me culpar e me martirizar por isso. Há barreiras de impossibilidade que não podem ser, ao menos não de imediato, perfuradas… Temos que saber confiar em Deus, que não permite ninguém sofra por acaso. Considerava esse argumento puro desculpismo para a preguiça e a negligência, e cogitava que, se o Criador me inspirava disposição para fazer, talvez fosse porque os desígnios de Deus quisessem que fosse feito. Então, fiz. Não muito, mas o que pude.

Fenômenos extraordinários aconteceram, nesses 16 anos de convívio com a mentora espiritual Eugênia, principalmente nos momentos críticos, em que o programa de televisão tinha que dar um grande salto ou perigava sair do ar. Fenômenos tão impressionantes que me davam a impressão de serem a abertura do Mar Vermelho por Moisés. Só que nosso profeta… uma mulher profeta… estava do “outro lado”… Mas sei que algo de minha parte, ao menos essa “loucura” de fazer de qualquer jeito, houve: a loucura de tudo abandonar por um ideal.

Apostei todas as fichas no meu ideal, porque somente ele me faria viver. Não tive como questionar: simplesmente fui. Hoje… o programa de TV está, como previsto aconteceria após meus 30 anos, sendo transmitido, há três anos, em rede nacional de televisão.

Há mais a acontecer? Sim… muito… por isso, normalmente estou um pouco deprimido e com uma sutil vergonha, quando, diariamente, faço minhas preces, minhas meditações ou psicografo. Não me sinto digno de confabular com os anjos guias da humanidade, porque continuo me sentindo (e realmente sou) a mula velha, lenta, gorda, pesada… Nada do grande e ágil mensageiro que os bons espíritos mereceriam ter em mim. Mas fico, de qualquer forma, um pouco feliz, por, apesar de tão deficiente, eles ainda poderem fazer um pouco por meu intermédio, e alcançar alguns corações, como os dos amigos que me lêem agora.

Uma era está se encerrando. Chico Xavier desencarnou… a lenda viva que parecia que nunca nos deixaria. Divaldo Franco e Zíbia Gasparetto estão ambos com quase 80 anos de idade, e o Espiritismo parece acuado, como um animal ferido, manso, mas ferido, no canto da jaula de um zoológico abandonado… Nem mais o glamour da era de Kardec e das mesas girantes, nem o frisson científico da era que se seguiu, em que Paris, Londres e Nova York do final do século XIX, virada para o XX, fervilhavam com grandes nomes das maiores universidades e os maiores estadistas do mundo a debaterem-no calorosamente. Vivemos a era dos gritos histéricos nas igrejas, por uma lado, e da negação do espiritual nas cátedras respeitáveis, por outro – num lamentável retrocesso ao progresso feito logo após o fenômeno-Kardec. Mas o fracasso é aparente. Trata-se de um fenômeno histórico a expansão a retração de eventos de massa, tal qual expôs o filósofo alemão Hegel, do século XVIII, em suas espirituais dialéticas de evolução. E o retorno à fase do espiritual está já se processando. Desde os anos 60, Hollywood e as centrais de televisão de todo mundo não se cansam de tratar do tema espiritual, enquanto Shirley MacLane por lá, Zíbia Gasparetto por cá, tornaram-se explosões de sucesso, no campo literário. Um místico Paulo Coelho, por fim, funde os dois mercados bibliográficos – o brasileiro e o internacional – num grande boom de sucesso, só para dizer… que por aqui… em solo pátrio… algo está sendo fermentado, como previsto por Chico Xavier, em 1938, no seu clássico mediúnico “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”.

Aracaju… o Brasil a ouve agora, em rede nacional, pelas ondas da Rede Brasil, com sede na “Cidade Maravilhosa”. O projeto Salto Quântico, como uma “voz que clama no deserto”, aflige-se sob o sol causticante de adversidades mil, para trazer a mensagem de paz e espiritualidade, amor e conhecimento, felicidade e lucidez que o Espiritismo, renovado aos moldes do século XXI, nos oferece.

A vocês, amigos que nos lêem, peço hoje um obséquio em especial, um favor que poderiam nos prestar, caso se sintam simpatizantes ou mesmo adeptos desse movimento renovador que o Programa Revolução e o Projeto Salto Quântico constituem: uma prece, por minha pessoa e todos que, de alguma forma, direta ou indiretamente, colaboram com o desdobramento dessa campanha, para que mais corações e consciências recebam a bênção da mensagem libertadora e felicitadora da imortalidade, e para que erremos cada vez menos e possamos acertar cada vez mais.

Seu amigo e irmão em humanidade,

Benjamin Teixeira
Aracaju, madrugada de 26 de abril de 2004.

(*) Termo utilizado para qualificar “encarnações divinas”, na Índia. Obviamente fiz uso da expressão, em sentido metafórico, pelo enorme respeito e consideração que tinha pela pessoa e pela qualidade mediúnica do anjo Chico Xavier.

(Nota do Autor)