(Extratos de Mensagens Mediúnicas Pessoais – 35.)

Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Minha primeira carta breve segue para nossa mui querida (…), dizendo-lhe cuidado com os excessos de autocondenação. Hoje, a prezada companheira confiou-se a excessivo processo autopunitivo, como se fosse isso saudável, em se recordando (porque julgou ter sido isso que Brígida lhe propôs) da recomendação de que deveria se sentir um anfíbio ou uma ave de rapina (*). Discordo de que se entenda tal alvitre como um processo de auto-ódio ou autodepreciação; é exatamente o contrário: amar-se, respeitar-se e compreender-se até nestes aspectos menos construtivos (aparentemente) ou menos belos que sejam (para as aparências que o ego gosta de prezar). A irmã encarnada nos pediu socorro, porque, ao final da tarde, sentiu-se mal com este esforço, que lhe não é típico. Ela combate a autoflagelação psicológica; e, desta vez, estimulou-a. Não deve se sentir colocando-se para baixo, mas, sim, respeitar os aspectos de “baixada” de sua alma, como componentes de sua totalidade – o que é bem distinto de se martirizar intimamente.

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Seguindo, gostaria que o amigo me fizesse o obséquio especialíssimo de digitar uma missiva breve para nossa prezada (…), dizendo-lhe que estou deveras satisfeita com haver-se permitido pensar, com muita clareza, em termos de maior abundância material, sem culpa ou condenações íntimas, nas falas com seu consorte, companheiro do espírito, no transcurso deste fim de semana reparador. A abundância é uma característica da Presença de Deus em nossas vidas; e, embora isso não signifique, necessariamente, fortuna material, inclui certas benesses de ordem físico-econômica, de molde a que sejam viabilizados os projetos do Espírito que todos somos, ainda quando insulados em corpos de carne.

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Por fim, nossa fala para a estimada (…).

Estou muito satisfeita de que haja superado certos entraves íntimos, de caráter (…), após reflexão demorada a que se confiou, nesta manhã, resolvendo questionar alguns pressupostos que tinha por inquestionáveis, como ela poderá confirmar.

Por outro lado, diga-lhe que muito me agradou que o resultado de nossas falas sobre seu paizinho tenha sido um certo recrudescimento de sua parte, no trato com ele (o que a levou a condenar-se internamente), constituindo isso excelente consequência, haja vista que nosso caro (…) sente-se estimulado a perpetuar sua conduta suicida, por se perceber objeto de afeto e preocupações gerais, ao se mostrar indiferente consigo mesmo. Que ela seja firme, para que ele perceba que terá seu carinho e respeito se houver recuperado a dignidade da autoestima, e não antes disso. Soluciono, assim, creio, a sua pendenga-conflito, em torno da questão de se sentir mais áspera com o genitor, irritada e impaciente, justamente quando supunha dever estar mais amável e cuidadosa.


(Texto recebido em 12 de abril de 2009. Revisão de Delano Mothé.)

(*) Eu mesma achei por bem esclarecer que este ponto da mensagem reporta-se a certa comunicação psicofônica, em grupo de menos de quinze pessoas, de que a destinatária foi foco pessoal. Na oportunidade, Brígida, a pedido meu, aludiu a anfíbios como bons elementos-metáfora para a condição mediúnica humana, por serem criaturas que podem viver, alternadamente, em dois ambientes – o aquoso e o terrestre (para os sapos), o físico e o extrafísico (para os médiuns). A necessidade de anfíbios imergirem episodicamente na água, para umedecer a pele e procriar, remete-nos, analogamente, à necessidade de mergulharem os médiuns, periodicamente, nas águas do inconsciente e da realidade extracorpórea, a fim de não só manter a sanidade de sua “pele mental”, mais sensível que a dos não-médiuns (ostensivos), como também desdobrar os processos criativos que, nas personalidades mediúnicas, são intrinsecamente relacionados à experiência do transe.

Brígida, na mesma ocasião de intercâmbio fraterno com os companheiros encarnados, asseverou, outrossim – com o que concordo plenamente, mesmo porque partiu esta sua fala, igualmente, de inspiração de Nosso Plano –, que o fato de o porta-voz dizer-se um “sapo”, ao considerar sua natureza paranormal (o que lhe é habitual), não significa, de modo algum, desmerecer o próprio valor, mesmo porque os anfíbios são criaturas de Deus, que têm sua utilidade no habitat em que vivem. Da mesma sorte, os sensitivos, vivendo no charco “da podridão do inconsciente” (pessoal e coletivo), bem mais do que os indivíduos menos sensíveis, prestam um serviço importante às comunidades de que são partícipes, fazendo-se intérpretes entre as duas dimensões de vida, canais-usinas de transformação energética e mental. É muito comum os representantes da Luz impressionarem-se com a Luz que refletem, atribuindo-A a si mesmos, sendo, contudo, tão-só refletores, e não a Luz em Si-mesma. O exercício de humildade, assim, em dizer-se sapo e não “iluminado”, constitui filtro de precaução contra os delírios do ego e da vaidade hipertrofiados.

Nossa camarada irmã de caridade também fez referência a “urubus”, como alegorias para o hábito escuro das freiras encarnadas (e algumas desencarnadas como ela), lembrando que as aves de rapina desta família limpam os ambientes das carcaças de animais mortos, com isso propiciando se trabalhe a imagem de pseudossantidade associada às religiosas celibatárias, que, sendo foco de admiração exagerada, na visão da querida irmã de nosso domínio de existência, devem reverter esta impressão externa do vulgo em reflexão íntima de desapego às vaidades, numa súplica ao Senhor para que se tornem, realmente, dignas de serem vistas como “esposas de Jesus”, vez que, por ora, a maior parte não passa, em verdade, de “viúvas negras de um Cristo morto”, nos dizeres da preclara companheira de lides espirituais.

Eugênia.