pela Equipe Salto Quântico.

Nesta semana, dois prestigiados e influentes intelectuais da comunicação do Estado comentaram a cerimônia de matrimônio autorrealizada por Benjamin Teixeira – em seu primeiro aspecto, simbólico (ou Místico), com o Espírito Eugênia (representando o consórcio de almas que todos devemos ter com o nosso ideal e a voz da própria consciência); e, em caráter humano, com Wagner Mendes –, no dia 21 de junho, no transcurso da reunião domingueira do Instituto Salto Quântico, no auditório da Sociedade Semear.

O primeiro artigo foi redigido pela célebre jornalista, colunista e apresentadora de TV Thaïs Bezerra, publicado tanto em seu lidíssimo Caderno semanal no Jornal da Cidade, na edição dos dias 28 e 29 de junho de 2009, quanto em sua coluna virtual, no site do mesmo Jornal (http://www.jornaldacidade.net/thaisbezerra), sob o título “Atitude Louvável”. O segundo, pelo professor, cronista e apresentador de TV Dênisson Venttura Sant'Ana, em sua coluna semanal no site da Infonet (http://www.infonet.com.br/denisonsantana), no seu texto postado no dia 22 de junho de 2009.

(Revisão de Delano Mothé)

Atitude Louvável

por Thaïs Bezerra

Depois da corajosa iniciativa do iluminado Benjamin Teixeira em selar o seu amor com Wagner – quebrando um paradigma secular na sociedade sergipana –, com uma benção da mentora espiritual Eugênia, domingo passado no Espaço Semear, eles abriram as portas do paraíso para a comunidade GLS no Estado. Com esta atitude, a fila para sacramentar uniões gays é imensa.

Duas mulheres apaixonadas e bem-sucedidas da nossa sociedade já ventilaram a possibilidade de realizar o “casamento de almas” – até porque os corpos já estão juntos há muitos anos –, quando a primavera chegar. Que os anjos abençoem. O importante é ser feliz!


Casamento Gay em Aracaju
(Nas sociedades contemporâneas, discutem-se os critérios dos modismos relacionados a vários tipos de comportamentos.)

por Dênisson Venttura Sant'Ana

Nas sociedades contemporâneas, discutem-se os critérios dos modismos relacionados a vários tipos de comportamentos, que seguem da moda às formas de comportamento do homem, ser social. Dentre as variantes, a sexualidade é uma das que mais assustam o contexto. Há uma série de equívocos nos conceitos. Chama-se de orientação, a identidade sexual do gay ou da lésbica, pelo simples fato de ser diferente daquilo que a sociedade emite como “ normal”. Temos a impressão de que, ao usar a palavra ORIENTAÇÃO, somos levados a entender que alguém opta em ser gay ou lésbica, quase na mesma intensidade que se resolve comprar ou não, diante da necessidade, um quite de primeiros socorros. Exatamente. As pessoas não conseguem entender que nenhuma pessoa em consciência escolheria ser gay ou lésbica, para ser ignorada, na maioria da vezes pela família, para ser, nas rodas sociais, alvo de comentários “aquele cara é legal ou aquela menina é legal, MAS (esta conjunção pesa demais) é GAY, como se a sexualidade fosse interferir na densidade da amizade estabelecida. Veja que nos tidos heterossexuais, a pessoa não é aceita ou repugnada pela sexualidade, de ser menos homem ou machão, ou a garota por ser mais ou menos feminina. Basta que, entre uma conversa e outra, ela diga, para afirmação alheia, que determinado garoto é bonito, ou ele a dizer que determinada menina é suculenta, para ambos serem incluídos no grupo dos normais.
Em meio à série de conceitos e de pressuposições, muitos fatos se confundem, mesmo quando a intenção é uma das melhores, como a representada pela passeata gay, que trouxe a São Paulo uma multidão de mais de três milhões de pessoas, que, na maioria, não têm, sequer, uma ideologia para defender, em frente às câmeras, o motivo real da estada no evento, a não ser repetir emburrecidamente que gay é alegria. Assim, só mostram o lado descompromissado dos homossexuais, homens e mulheres, a banalizar a imagem dos gays como sendo os afetados, de comportamento extravagante, esbanjando a alegria, que nem sempre corresponde à felicidade, com plumas e paetês cor-de-rosa, estigmatizando, negativamente, o que já é estigmatizado, negativamente. Perguntava, no meu último programa na TV CAJU, por que os gays não aproveitavam o momento para cantar uma música que representasse os direitos, ao invés de cantar em inglês “It’s rainning men” – em língua portuguesa: “Está chovendo homem” –, a colocar este refrão como música tema, a passar a imagem, incontestável, de que o objetivo do gay é buscar homem, como fonte para a existência do mesmo. É por conta disto que muitos homens veem no gay a possibilidade de serem visionados como uma caça, tornando a imagem e existência do gay, subumana, produto do subextrato social.
Diante desta vertente, fica difícil de uma pessoa não dotada de viagens à Europa ou a países desenvolvidos, ou, ainda, pessoas que não possuam grau de compreensão humana evoluído, ou, ainda, pessoas que não leem, entenderem o que é ser gay sem todas as informações deformadas que os próprios gays propagam, mesmo sem intenção negativa. Por que não mostrar os gays médicos, engenheiros, deputados, prefeitos, ícones das ciências e das artes, da filosofia, mesmo no mundo contemporâneo? Por que mostrar a imagem do gay como alguém que só propicia nos outros a risada, o deboche, e não a proposta de seriedade? Frente ao processo de análise, vimos em Aracaju, ontem, dia 21 de junho de 2009, o primeiro relacionamento HOMOAFETIVO explícito em Aracaju. Estava na Cantina Sicilia, quando o respeitável representante da doutrina espírita Benjamim Teixeira e o companheiro, um ex-aluno e amigo, Wagner, chegaram com convidados, médicos, empresários, dentistas, advogados, para festejar a cerimônia de oficialização da primeira relação homoafetiva no estado de Sergipe. Chegaram sem afetações, sem gritos, sem plumas rosas, sem algazarras, mas gays, livres, inteligentes, respeitadores e respeitados, porque sabem pôr a condição humana acima da condição sexual.
Após o cumprimento à frente da cantina Sicília, entram; eu e amigos da TV Caju, o Diretor do Singular, Ricardo Nascimento e Saulo, colunista do Jornal do Dia, fomos à mesa cumprimentar a todos que festejam, de maneira civilizada, sem Go-go boys (a explicitar o abdômen como o ápice da cultura da imagem e vazia do século XXI), o tão lindo e importante enlace, que festeja a união de duas pessoas que se amam, respeitam-se e completam-se. Com certeza, serão alvo de críticas, pois ainda vivemos em uma sociedade encrustrada pelos esconderijos da noite, na qual muitos homens e mulheres casam, brigam com o próprio interior, satisfazem os ditames familiares, vivem uma falsa ilusão de felicidade, mas são os mesmos, as mesmas, que, na calada da “ noite preta”, buscam os travestis, os garotos de programa para exercerem de maneira leviana e banal o que a essência poderia fazer de maneira tranquila, caso não houvesse a culpa acerca do que vão falar. É assim que vive a sociedade, muitas das vezes, pobre sociedade e paupérrimos os que nela estão a ignorar os próprios reflexos, a viver a identidade alheia, a criar personagens que satisfazem a todos, menos os donos que as criaram. Como Wagner, que sempre foi fantástico, que namorava outras meninas, até se encontrar, existem tantos milhares de meninos, aqui, em Aracaju, na mesma situação, e quem nunca ouviu falar do amigo que namora o cara, mas que ninguém pode saber, dos garotos que brigam na rua para autoafirmação de macho reprodutor, do lutador de jiu-jitsu que sai com o cachorro pit bull para espantar a SI do MESMO. Até quando as pessoas pagarão os preços por esta falta de atitude, sem saber que a vida de cada um deve ser vivida com dignidade, desde que as escolhas sexuais sejam a extensão da dignidade humana?
Benjamin e Wagner, Sergipe, que os conhece, parabenizamo-los.