Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.

Olá, amigo. Vamos conversar um pouco? Gostaria de receber de você a permissão para me aproximar e lhe dizer algumas palavras gentis, que nos propiciem momentos de reflexão.

1. Não se preocupe em manter as aparências. Amiúde, no esforço de parecer o que não se é, perde-se contato com a essência de si, a ponto de nem sequer se saber mais onde ela está. O mentiroso, depois de um certo tempo, passa a acreditar na própria mentira. O mistificador enreda-se nas malhas da própria astúcia, confundido-se, enlouquecendo a longo prazo.

2. Não se frustre se a vida não se apresentar do modo linear como havia planejado, nem force para que ela se enquadre nas trilhas de suas expectativas. Flua com o momento, ouça as intuições que lhe chegam, atenda às energias do instante que passa. O Tao, o Grande Caminho, em seu eterno presente, nunca mente. As intuições e as energias também nunca mentem. Podem ser mal-interpretadas, mas nunca se enganam nem enganam ninguém. Então, em vez de tanto tentar dissecar analiticamente o que lhe sobrevém, experimente seguir um pouco o fluxo do instante, sem se violentar para preservar modelos passados, no encaixe em realidades presentes, completamente singulares.

3. Não se apresse para ser feliz. A felicidade não gosta de pressa. Siga os ritmos do momento. Saboreie a brisa da manhã. Delicie-se com o banho matinal. Dê um longo sorriso para o cônjuge, curta e mergulhe no olhar carinhoso de quem lhe quer bem. Viva cada segundo como uma dádiva divina, e a gratidão por cada instante prodigalizar-lhe-á a serenidade, a paz e a alegria. Para quê tanta correria? Para chegar mais rápido ao infarto ou ao AVC? Para desencarnar sem ter vivido plenamente as oportunidades de crescimento que lhe foram oferecidas, sem amar e demonstrar plenamente o amor que tinha em seu coração, sem desfrutar da companhia e do afeto de seus entes queridos? Sem realizar seus sonhos?

4. Não lute contra o mal. Negocie com ele. Você não deve vencer a treva, e sim acender uma luz. Negociar com o mal significa administrar a situação enquanto não se tem pleno domínio dela. A arte da negociação, sobretudo em período de guerra, reza que se tenha prudência, sangue-frio e bastante diplomacia, para que se arregimentem recursos de enfrentamento suficientes para a vitória. Recorde-se de que, na condição humana, não vai conseguir se desvencilhar completamente do mal. Constitui uma presença arquetípica de impossível erradicação. Pode-se diminuí-lo, educar-lhe as energias, conduzir-lhe os conteúdos para a aplicação no bem. Eliminá-lo cabalmente, entretanto, jamais. Quando isso for possível ao indivíduo nem sequer em encarnações físicas poderá estar se manifestando, nem mesmo em condição humana estará, ainda que no plano extra-corpóreo de existência. Concentre-se no bem que pode fazer. Controle a válvula de escape dos impulsos destrutivos que tem em si e canalize-lhe a força para o que julga honesto, bom e construtivo. Esse é o seu dever e também tudo que de fato pode fazer em relação a essa epopéica luta entre o bem e o mal. Cuidado, somente, nesse tópico em particular, com o cinismo filosófico pseudo-avançado que diz não existir o mal. Empiricamente, sabe-se que existe. Propor a inexistência do mal, seria dar-lhe vazão completa, por meio de elegantes e sofisticadas racionalizações. Quem ri, com pretensão de superioridade, julgando-se acima do bem e do mal, a dizer que superou o maniqueísmo, rapidamente vê-se possuído e inteiramente manipulado pelo mal que há em si.

5. Lute para ser feliz. Não há dignidade nem verdade onde não há espaço à felicidade. Abaixo a todas as ideologias balofas que engabelam a criatura com discursos falaciosos de bem e verdade, castrando-a, amargurando-a, consumindo-lhe a vontade de viver, desvitalizando-a, desviando-a do seu caminho de paz e plenitude. Às vezes, a verdade e o bem tomam conformações que não gostaríamos de admitir. Mas é o que a Divina Providência nos reserva como lição da hora evolutiva que vivemos. Freiras e monges do passado da Idade Média, por exemplo, adorariam ter feito valer o sacrifício de vidas inteiras mutilando sua sexualidade, mas eles nada mais fizeram que defenestrar encarnações inteiras em esforço completamente inútil e mesmo contraproducente, deixando de fazer o bem e realmente crescerem, torturando-se em vão. Cuidado para não ser ludibriado com falsos moralismos que lhe tolhem o entusiasmo, a esperança e os impulsos generosos de ser e se dar. Quando a alegria some, Deus foi junto.

Pense um pouquinho nisso, hoje, querido amigo, e veja o que pode fazer no sentido de tornar essas reflexões aplicadas em sua vida, ainda agora se possível. Rompa com o passado e seus erros. Não se culpe pelo que fez até ontem. Simplesmente comece vida nova e avante!: seja feliz. Fazendo o bem, sem passar sobre o direito de ninguém, com a consciência em paz, mas ainda assim feliz. A felicidade será o termômetro a lhe indicar o quanto está, realmente, no seu caminho, o caminho traçado por Deus para você, ou quão distante dele está, quando ausente.

(Texto recebido em 12 de janeiro de 2001.)