Por Benjamin Teixeira de Aguiar.

 

Acordado pelos Bons Espíritos.

 

Fui dormir, ao amanhecer deste dia 7 de maio, considerando completo o meu dever, após concluir várias atividades posteriores à realização da palestra pública de domingo, que incluíam redigir e publicar o artigo que escrevi a pedido da Mestra Espiritual Eugênia: “Meu Sonho de Amor, Estando Acordado… Cada Vez Mais Acordado…” – de aparente tão só declaração pública de amor a meu cônjuge amado, Wagner (Waguinho), mas prenhe de sugestões construtivas à felicidade geral, neste âmbito em particular, como em diversos outros da existência humana. Queriam os Orientadores desencarnados que eu revelasse mais de minha intimidade, a serviço do bem comum, oportunizando aos nossos leitores a aplicação, em suas próprias vidas, das sugestões havidas no texto conduzido pela Espiritualidade – principalmente Ela, a adorável Eugênia (risos).

 

Com quatro horas e meia de sono, porém, fui acordado por um pequeno grupo de Amigos Espirituais, a me dizerem, em palavras aproximadas: “Depressa: complete o que ficou faltando! É muito importante!” Este “complemento importante” é o que se segue: um destaque aos aspectos de trabalho e merecimento para a consecução de um ideal (no nível possível à condição humana), com a enxertia de significativas outras ideias sobre o assunto, que foram apenas esboçados no texto anterior, postado na madrugada deste 7 de maio, e que agora se desdobram.

 

Precisamos compreender que, na busca de ser felizes, partimos da dor de existir, das lacunas, das frustrações e decepções, do reconhecimento dos escombros de sonhos passados desfeitos e de nossas carências presentes, do enfrentamento de nossos vazios, para que somente depois possamos desenvolver uma estratégia segura ou excelente (esta, por sua vez, alcançada após numerosas anteriores tentativas frustradas de delinear uma estratégia, no ensaio típico do aprendizado infinito em que todos estamos incursos), no sentido de alcançar níveis progressivos de autorrealização e felicidade – não só a nossa própria felicidade, mas a dos outros, principalmente, porque será em propiciando a felicidade dos outros que a nossa própria se concretizará, inexoravelmente, mais cedo ou mais tarde… muito melhor, quando mais tarde!…

 

Irmão em Cristo,

Benjamin Teixeira de Aguiar.

 

Wagner e Eu.

 

Obviamente, Wagner e eu atravessamos crises, conflitos, momentos de desinteligência, periodicamente, como todo casal. Mas esta ocorrência normal das relações humanas nunca se fez motivo para que não empreendêssemos o esforço de reconciliação, entendimento mútuo, refazimento da comunhão emocional momentaneamente fragmentada, ressurgimento do amor das cinzas do Fogo Sagrado de transformação a que foi conduzido, qual a Fênix da mitologia egípcia.

 

Quando disse, no artigo anterior: “meu sonho de amor, estando acordado… cada vez mais acordado”, fiz referência à vivência consciente desse processo, com todos os corolários a ele relacionados. A importância de não se alimentarem expectativas ilusórias, imaturas, de idílios de compreensão recíproca perfeita, válida para quaisquer relacionamentos interpessoais (formados por personalidades diferentes), faz-se mais aguda ainda em relações conjugal-romântico-sexuais – o pleonasmo provém de minha crença de que haja sinergias psíquicas semelhantes a casamentos, sem que ocorra intercurso sexual (como no caso de familiares ou amigos muito unidos e criativos em sua intimidade espiritual), tanto quanto existem inúmeras formas de liame sexual entre indivíduos, sem sentimento de conjugabilidade, sem compromisso ou afetividade, em suma.

 

No caso de meu consórcio com Wagner, ainda mais recrudescida se apresentam as dificuldades, por estarmos em faixas etárias distintas, afastados por uma geração um do outro. Vivemos um casamento e não um encontro esporádico de verão. É uma “gracinha”, para certo psicotipo de aventureiros sexuais, estar provisoriamente com alguém mais jovem, para seus ensaios exploratórios de caráter sexual, já que é mais fácil seduzir e manipular pessoas receptivas e menos experientes. Unir-se em matrimônio com alguém muito mais moço, porém, constitui exatamente o inverso: uma sobrecarga psicológica, pois temos que ser um pouco pais e professores do parceiro, além de desfrutarmos de menos direito a reclamações, concomitantemente, por não podermos exigir que o outro demonstre nosso nível de maturidade e compreensão da vida – o que, em geral, se costuma esperar de um companheiro afetivo.

 

Noto, tanto nele quanto em mim – eis a questão: ambos têm que querer e agir nesse sentido, simultânea e ativamente –, um forte empenho por fazer a experiência dar certo. Uma só parte da relação esforçar-se e sacrificar-se, enquanto a outra apenas presume estar se esforçando, sem investir de fato no consórcio, perfaz um modelo relacional muito vivido na Terra de hoje, que nunca favorece o êxito do casamento: satisfatório para ambos os consortes, duradouramente.

 

A Crise dos 40 Anos – e Como Ser Feliz Dentro Dela.

 

Por outro lado, tenho áreas nitidamente lacunosas em minha vida. Não posso me dizer ple-na-men-te realizado (e quem pretenderá uma quimera tola dessa, no domínio material de consciência? Digo: procurar alcançar a plenitude?), inclusive, por estar vivendo, segundo estudiosos do assunto, o período crítico de maior angústia da existência humana, depois da aflição dos últimos anos da adolescência: a famigerada crise dos 40, quando o indivíduo se dá conta de que não pode ou não poderá jamais realizar os projetos de vida que delineou para si na juventude, experimentando, em meio ao estresse de muito trabalho e compromissos familiares, também peculiares a esta idade, todo o poder da impotência humana para realizar o que bem deseje, do modo que deseje.

 

Contudo, inobstante perceber áreas em branco e reconhecer que, como ser humano, não estou integralmente realizado, posso me declarar feliz em todos os sentidos, nos mais diversos departamentos existenciais, porque aplico a todas as áreas de minha vida este princípio da labuta incessante, ano sobre ano, no intuito de transformar dificuldades em desafios à autossuperação, para galgar patamares mais altos de felicidade.

 

Lidando com a Rejeição e o Abandono.

 

Se alguns não deram valor à minha companhia ou presença, pessoas melhores surgiram em substituição às primeiras… e com uma magnífica ironia da vida: quando nos esforçamos por fazer nosso melhor nos relacionamentos (de todos os níveis: incluindo os amicais, sociais e familiares), e alguém não age de acordo, naturalmente acontece um fenômeno de repulsão vibratória. Destarte, se nós mesmos não “despachamos” a criatura que insiste em se comportar incorretamente conosco, por muito a amarmos e assim termos “pontos cegos” e reservas em nos desligar dela, as próprias Forças da Vida levam-na a se retirar de nossos caminhos, liberando espaço para personalidades muito mais interessantes e que nos amem muito melhor do que as que são alijadas de nosso trajeto existencial. Esse mecanismo é particularmente vigente no campo afetivo, mas não se restringe, em definitivo, ao campo sexual (risos). Quem nos rejeita ou abandona não sabe que, se não tem nível para fazê-lo, está nos proporcionando um grande bem – e um enorme mal a si mesmo(a).

 

O luto por essas experiências deve ser vivido com honestidade psicológica, sem ocultarmos sentimentos de mágoa para nós próprios. Mas, quanto antes, levantemo-nos e festejemos a abundância extraordinária da Vida e do Amor de Deus, que propiciam, aos que resolvem não se fixar no padrão de vítimas, o despontar de verões cada vez mais lindos, depois de primaveras espetaculares em cores e fragrâncias, como consequência natural da travessia honrosa de invernos existenciais mais amargos. É por essa razão que, como resultante de prós e contras, tanto na relação com Wagner, quanto na minha vida como um todo, posso dizer: sou uma pessoa muito feliz!

 

É nosso dever nos conhecer o bastante para sermos felizes, adaptando projetos de vida ao nível de condições de realização que nos estejam ao alcance. As aves migratórias sabem o que fazer, sazonalmente viajando milhares de quilômetros, sem errar o caminho de sua sobrevivência. Insetos sociais, como formigas e abelhas, com centros nervosos minúsculos, cumprem tarefas complexas e específicas, no seio de suas comunidades, compostas frequentemente de milhares de indivíduos. Como seres humanos, devemos nos empenhar em obter este padrão de sintonia com o Fluxo dos Desígnios Divinos, por meio da intuição e da consciência.

 

Em adição, cabe-nos reduzir as expectativas que projetamos em terceiros e, em contrapartida, enfocar a mente no sentido de dar mais de nós mesmos, não só em função da busca por concretização de “sonhos” (ou projetos de vida que almejemos desdobrar), mas, mormente, em descobrir e expandir o prazer de gerar felicidade nos caminhos de nossos semelhantes, ao invés de aguardar que o próximo venha favorecer a nossa felicidade. Paradoxalmente, será assim que atrairemos as circunstâncias de ventura para a nossa própria existência, bem como pessoas com o mesmo foco de promover a felicidade alheia…

 

A Grande Ilusão Romântico-Hollywoodiana… e Realizando-a, Mesmo Assim.

 

Não podemos alicerçar nossa felicidade, jamais, sobre o bem-estar afetivo. A vida conjugal é uma parcela de um dos departamentos da existência humana: as relações íntimas – que podem ser compostas por parentes consanguíneos ou não. Se concentrarmos demasiada atenção neste setor, não só deixaremos os outros subdesenvolvidos, como também comprometeremos o próprio campo conjugal, sobrecarregando o(a) parceiro(a) sexual e ainda lhe cobrando, injusta e irracionalmente, o suprimento de necessidades que não devem e amiúde não podem ser atendidas por ele (ela), como as atinentes aos amores e ideais de ordem amical, social e espiritual.

 

Voltando ao meu caso pessoal – a pedido dos Guias Espirituais –, para dar maior força às nossas proposições, Wagner adentrou minha intimidade quando eu trabalhava já há vinte anos em prol do bem comum. E, mais uma década antes destes dois decênios, na minha vida pessoal e social, inúmeras vezes laborava e até me sacrificava, com alto custo à minha economia emocional, para que os relacionamentos afetivos de outras pessoas dessem certo, apesar de eu mesmo estar carente e frustrado, ano sobre ano, desde a adolescência, nesse particular. Viver para si e se recusar a cooperar na felicidade dos outros, por não se atingirem os próprios fanais de ventura, constitui uma trilha segura para inviabilizarmos, ironicamente, a felicidade pessoal. Dedicava-me a trabalhar pelo bem e felicidade de variadíssimas personalidades e da coletividade de um modo geral, em diversos outros sentidos, além do meramente afetivo, sofrendo e me alegrando, respectivamente, com as desventuras e trunfos dos meus atendidos, sob a inspiração de Benfeitores Espirituais que, misericordiosamente, durante estas três décadas ao todo, secundam-me em minha atividade de conselheiro e orientador de almas, encarnadas e desencarnadas.

 

Se aguardarmos ser felizes, para ajudar os outros, e só então nos fazer solidários, nunca encontraremos nosso sonho de amor, nem de felicidade… De reversa maneira, deparar-nos-emos com pesadelos de egoísmo confeccionados, inconsciente e indiretamente, por nós mesmos, por efeito da atitude equivocada e de valores invertidos que escolhemos esposar. Se esperarmos resolver nossas vidas no aspecto humano-material, a fim de nos introduzirmos no paraíso do bem-estar em níveis ótimos, jamais o encontraremos, pois estaremos marchando em sentido contrário ao em que se localiza o Céu: o trabalho pelo bem de todos, em sua acepção mais ampla. Se, todavia, nos devotamos a cooperar na constituição do paraíso coletivo (ainda que aparentemente nos excluindo do movimento), mobilizamos, segura e involuntariamente, Potências Espirituais que laborarão em favor de nossa dita individual. E tanto mais isso ocorrerá, quanto menos esperarmos obter resultados em forma de benefícios pessoais, imediata ou mediatamente.

 

Esse estado de espírito – o de não aguardar recompensas pelo bem praticado aos irmãos em humanidade – consiste no melhor padrão psicoespiritual possível para atrair as mais valiosas recompensas. É Lei da Vida: o diapasão de desinteresse pessoal, na interação com o mundo exterior, “fomenta” que o Universo resolva questões de nosso interesse. Quem serve, com sinceridade, espelha no cosmo externo o serviço igualmente desinteressado, que volta em sua direção, felicitando-o(a) – embora nem sempre pelos meios mais óbvios ou esperáveis. Não a sina de quem tem muitas posses, poder, títulos ou prestígio social, mas permanece angustiado(a) e, essencialmente, insatisfeito(a); ou de quem ostenta relacionamentos de máscara feliz, enquanto vive pandemônios às ocultas… Fazemos alusão ao destino da legítima felicidade, vivenciada intimamente, refletindo-se, por diversas formas, no plano exterior, é claro – mas nunca o inverso. Alguns casos até podem ser explicitados, publicamente, como aqui faço em relação à minha biografia pessoal, para estimular outros a buscarem, ardorosamente, a realização de suas vocações e ideais, sobremaneira no quesito das aspirações de maior envergadura espiritual, priorizando-as, como asseverou Nosso Mestre e Senhor Jesus: “Buscai, primeiramente, o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas essas demais coisas vos serão acrescentadas” (Mateus, 6:33).

 

Príncipes e Princesas, Sapos e Sapinhas.

 

Em outras ocasiões, tivemos oportunidade de dizer, mas aqui reiteramos, pelo ensejo apropriadíssimo que se faz: não se pode aguardar um príncipe ou princesa encantados, permanecendo-se psicológica ou moralmente um(a) sapo(a) (risos). Imprescindível tornarmo-nos primeiramente nobres o bastante para os outros, mas, precipuamente, para nós mesmos, gostando de nossas solitárias companhias, de molde a que então possamos exalar aquela energia magnética, apanágio dos(as) carismáticos(as), dos(as) que todos querem “ter” para si ou com eles (elas) conviver, dificilmente conseguindo; aqueles(as) disputados(as), porque obviamente ostentam e promanam de si vitalidade, alegria, força, caráter – descartamos dessa nossa reflexão, evidentemente, os sedutores, que podem até demonstrar tudo isso, sem nada disso possuírem, e que, em verdade, apenas manipulam as vulnerabilidades alheias a seu bel-prazer.

 

Outrossim, vale reforçar o que já dissemos alhures: existe uma espécie de escadaria de relacionamentos-sapinhos (risos), que temos que subir, degrau a degrau. Se nos recusamos, por vaidade, a nos abrir a sapinhos, por só nos julgarmos dignos dos “aristocratas” do “mercado” do sexo e do matrimônio; ou, se por medo, nos agarramos aos “anfíbios”, por receio de não encontrar algo melhor, nunca chegaremos ao topo exequível da escala de ventura afetiva, conforme nosso pico máximo de merecimentos e evolução pessoais. E, se temos bom contato com o inconsciente, e nos conhecemos bem, sem as delusões do ego e suas defesas, é perfeitamente possível uma leitura com relativa segurança de em que espécie de experiência estamos imersos: se no esperar que o ideal venha até nós, se na rejeição aos sapos-situações de que precisamos para amadurecer, se na prisão covarde ao sapo-circunstância a que desesperadamente nos apegamos, como último bote salva-vidas, de um navio que não soçobrou, mas trafega, com segurança, em alto-mar…

 

Esperar o príncipe ou a princesa encantados, ou o emprego ou empreendimento dos sonhos, para encetar a edificação da própria felicidade, é a forma mais segura de sabotar a trajetória em direção a esse sagrado desiderato.

 

Vergonha de Ser e de se Declarar Feliz – Traço Cultural Lamentável.

 

Temos vergonha de nos sentir felizes e de divulgar a experiência pessoal da felicidade, em meio a toda ordem de argumentações e justificativas fajutas, desde a visão pseudointeligente dos pessimistas que agouram a pior das possibilidades para todo quadro circunstancial, até as ótica supersticiosa de que essas declarações de sucesso atraem as “más energias” dos invejosos. Bem… não haveria então celebridades de cinema e TV vivos, nem grandes magnatas, líderes ou pessoas muito belas ou inteligentes, já que estas dispensam divulgar motivos para serem invejadas. Diante de breve e superficial análise, dessarte, fica claro que os pretextos carecem de fundamento, sendo-nos revelado um forte e incrustado traço cultural de origem latino-lusitano-católica, que nos propele à apologética do mal, do pior, da desgraça, da tragédia, como a mais crua e nua percepção da realidade, uma hipnose tão longa e profundamente acalentada por gerações de lusofônicos, que sequer se percebe ser isso uma opinião ou ponto de vista relativos à nossa “pátria” linguístico-cultural, e não um piso último da realidade, conforme acreditamos. Ora, o nível mais elementar da realidade nunca é acessível, por princípio filosófico e mesmo neurológico, à mente humana.

 

E, no culto generalizado a esse vício mental-emocional, vamos enfeixando motivos para denegar a felicidade e nos sentirmos mal. Esse é um mal humano, do ego em certo estágio de seu desenvolvimento, mas que toma contornos quase macabros, não fossem, de certa maneira, hilários, na alma de quem fala, pensa e sente em Português. Outras “nações-idiomas”, em particular as latinas, como as hispanofônicas e francofônicas, têm esta veia tragicômica que devemos nos esforçar por vislumbrar ridícula ou risível (para sermos mais objetivos), assim como os anglofônicos, de ótica objetiva e sumamente prática, consideram patética, em vários sentidos, a psicosfera germânica de complexidade e complicação intelectuais, vividamente expressas em seu idioma abstruso e emaranhado para estrangeiros – embora os norte-americanos tenham sempre sido pragmáticos o bastante para sair de sua ótica própria, a fim de “importar” cérebros alemães ou originários de países vizinhos com idiomas irmãos, sobretudo no campo complexíssimo da Física, para seus projetos e iniciativas tecnocientíficos na área.

 

Há mesmo um preconceito em relação a revelar felicidade ou até sucesso, em qualquer sentido, no Brasil ou em Portugal. Soa arrogante, delirante ou mesmo infantil, em vez de se afigurar – qual de fato é, quando vivido e feito com equilíbrio – um sinal de saúde psicológica, como ocorre entre os cidadãos dos EUA, país da liderança mundial em diversos âmbitos da atuação e saber humanos (em percentual acachapante de setores). Os Estados Unidos têm suas inúmeras falhas, como todas as nações; no entanto, porta indiscutíveis virtudes, ou não haveria galgado a posição de país mais poderoso da Terra, mantido no correr de mais de um século, o mais rico do mundo desde a década de 1890(!), apenas para falar de um dos aspectos de sua vanguarda, que por vários decênios se estende para bem além da economia… Precisamos, com energia, combater o vício-ranço latino-lusitano-católico de lamentação, pessimismo, autodepreciação e desvalorização dos outros.

 

Desconectados quase todos estamos da necessidade psicológica de festejar a felicidade, celebrar vitórias, reconhecer valores alheios. É muito comum meros preitos de gratidão, no Brasil, soarem como iniciativas adulatórias – veja-se, de reverso, o que se dá entre os “pernósticos e narcisistas ianques”, nos prolegômenos de expressiva quota de suas obras escritas: imensas linhas, comumente páginas inteiras, dedicadas a enfileirar agradecimentos a quem, de alguma forma, cooperou para a redação da obra. E, por estarmos desvencilhados de práticas tão essenciais de gratidão e celebração da vida, enfermamos nossas almas de amargura, contaminando nossa conduta e nossos entes queridos com a mesma desdita que nutrimos dentro de nós mesmos. Esse celebrar, nutrir e desfrutar da sensação de felicidade, que começa pela gratidão pelo que já conquistamos, somos ou fazemos, pelo que recebemos dos outros, da Vida, de Deus, é um dos itens capitais do genuíno processo de amadurecimento psicológico, da verdadeiramente larga inteligência, da autêntica sabedoria, na esfera da legítima Espiritualidade.

 

Frustrações Inegáveis e Significativas, Apesar de Feliz.

 

Claro que se sentir feliz não implica dizer que se tenha materializado plenamente um ideal de vida. O meu ideal, por exemplo, está longe de ser realizado completamente. O ideal é um horizonte que existe para se afastar, à medida que jornadeamos no processo evolucional. Constitui um estímulo para que continuemos a trafegar rumo a estágios paulatinamente mais altos de sentir, pensar e agir, e não uma meta a ser alcançada na prática. Quando se logra concretizar um ideal, ou ele não é um ideal (e a pessoa não se deu conta disso conscientemente), ou já deixou de ser, para que se possam perseguir novos objetivos de crescimento pessoal e coletivo. Evoluir, porém, não é frustrar-se, sucessivamente, e sim, muito pelo contrário, desdobrar faixas cada vez mais amplas de satisfação pessoal, à medida que se avança em conhecimento, inteligência e sentimento.

 

Não convivo, há boa quantidade de séculos, com alguns dos meus mais caros entes queridos, almas que não tenho como dimensionar o quanto amo ou quanto me fazem falta, personalidades que sequer reencarnam mais – ou, quando o fazem, realizam-no esporadicamente, para missões de vulto com a coletividade, pelo adiantamento e idade espirituais que ostentam. E tal perda de convívio se deu por responsabilidade minha, deixando-me ficar para trás, em várias existências perdidas, no correr de alguns milênios. Apenas nos últimos quinze séculos (até onde possa perceber) tomei uma rota mais segura na direção do bem, tendência reforçada nos oito séculos passados (como me autorizam saber), quando Eles(as) já estavam em processo de redenção e sublimação máxima da condição humana…

 

Além disso, estou longe de me sentir e me julgar a pessoa de fato capacitada e afinada com o grau seriíssimo da tarefa que desempenho, como líder espiritual de um movimento não religioso, de representar a Divindade, mesmo que portando todas as naturais vulnerabilidades características à posição de humanidade – embora porte uma opinião “curiosa” nesse particular: quem mais estaria capacitado, senão as almas santas e búdicas, que não mais encarnam no orbe, vez que chegou a nossa hora de agir por conta própria?

 

Para completar, a função da mediunidade de esclarecimento ante as massas é de uma natureza todo-excruciante, de um modo que seria difícil colocar em palavras. A exposição contínua de mais de duas décadas, a uma gama de observadores altamente heterogêneos, já seria de destroçar a sensibilidade de qualquer um, não fora a assistência permanente dos Benfeitores Espirituais – desde 1990, apresento trabalhos mediúnicos publicamente: pela imprensa escrita, no referido ano; pela radiofonada, em ’91; e pela televisada, a partir de ’92. Canalizar os Mestres do Plano Sublime de Vida, mantendo os pés colados ao chão empoeirado da superfície do globo, com limitações próprias ao ser humano e aluviões imensuráveis de forças e interesses contrários (no domínio físico e extrafísico de existência), fez-me sentir, mui frequentemente, estar num poste de sacrifício, em vez de num posto de serviço, aproximando-me da voragem do destrambelhamento mental inúmeras vezes.

 

Confortou-me saber, desde o princípio deste trabalho, que um ser pré-búdico como Chico Xavier, em cartas trocadas com um amigo entre os 38 e 42 anos de idade do inolvidável medianeiro, confidenciou estar se sentindo de tal modo azucrinado com as “vibrações de ódio e inveja das pessoas”, que invejava “os confrades que desencarnavam”. Isso pode ser compulsado, facilmente, no clássico: “Testemunhos de Chico Xavier”, de Suely Caldas Schubert. E Chico era uma alma santa. Sou decente e idealista, até onde posso compreender, mas não uma criatura dotada de virtudes singulares no campo dos sentimentos. Não é de estranhar que, se até um Espírito luminoso como o Cândido Xavier fez confidências dessa natureza a Wantuil de Freitas, o então Presidente da Federação Espírita Brasileira, raríssimas personalidades se candidatem ao nível de exposição a que tenho me submetido, incorporando publicamente os Orientadores das Faixas mais altas de consciência, diante de centenas de pessoas, ao vivo, e perante as câmeras de TV, para gente do país inteiro, debaixo de saraivadas de discrepantes energias e padrões mentais de desconfiança, despeito, exigências descabidas ou interpretações francamente equivocadas, para não dizer logo maldosas e sacrílegas, quanto ao sacratíssimo que se processa quando da manifestação desses Seres Excelsos.

 

Entretanto, mesmo com ressalvas que tais, como vou deixar de me empenhar em viver a alegria e o sentimento de dever bem cumprido, que nos dão a sensação de paz-graça impagável e intraduzível em palavras, se estas experiências (a base e o corpo do ser feliz verdadeiro – e não o carrossel louco de emoções histéricas) e este postura de comprometimento indicam o caminho para a responsabilidade e maturidade vivenciadas em nível de excelência? Esperar uma felicidade cor-de-rosa ou um mundo sem problemas para se dizer feliz representa algo entre uma inteligência infantil e esquizoide. Ou seja, não ser feliz é, de certo modo, estar mentalmente doente. E se essa doença parece generalizada, lembremos da Alemanha nazista e reflitamos se gostaríamos de pactuar com as forças do mal ou nos opormos a elas.

 

Percebemos também o acerto de uma assertiva ousada como a da felicidade como reflexo natural de saúde mental, quando evocamos os mártires do Cristianismo primordial, ébrios de êxtase, durante a execução de seus suplícios em praça pública, ou, em patamar bem mais baixo, seres humanos comuns, como eu (desculpem novamente a referência pessoal, conforme mo pedem os Mentores Espirituais), que me sentia feliz, quando trabalhava com meu genitor, em um balcão de mercado de periferia da Grande Aracaju, após a falência simultânea que sofrera ele em seus vários negócios, numa espécie de efeito cascata de bancarrota financeira.

 

Faz parte do ser maduro e profundo interpretar cada dificuldade como desafio e estímulo a desenvolver novas capacidades, encontrando soluções criativas e originais para problemas que se encontrem vida afora. Atletas olímpicos entendem cada tropeço ou falha em seus exercícios como uma sinalização a maior disciplina e esforço nos mesmos exercícios, que os conduzirão, por fim, à meta da excelência. Existe uma Olimpíada invisível no íntimo de cada um de nós, em que a medalha de ouro é o “Aurus” (Ouro) da comunhão com o Self, o Centro de Consciência, o Anjo Interior, que reflete Deus para nós, consoante o patamar de evolução em que nos encontremos. Suor, sacrifício, trabalho continuado, com escalas sucessivas pela decepção, fracasso e recomeço, são etapas inevitáveis em todos os processos de realização humana. Não há setor para descanso. Os departamentos afetivo, familiar, amical, social e espiritual, e não só o profissional ou acadêmico, são glebas de semeadura, adubação, irrigação, colheita e vigilância contra ervas daninhas e contingências sazonais do tempo. Até o âmbito do repouso e do lazer constituem também convites ao trabalho: de reparação do corpo, de refazimento das potências da psique, de se conjugarem, criativamente, o aprendizado e a atividade profissional (como o investimento na empregabilidade) às funções do diletantismo, como a leitura de qualidade, a interpretação ativa de obras de arte, como peças de cinema ou teatro, etc.

 

A Graça Divina Não É Gratuita.

 

Nada cai completamente de graça do Céu. A Graça divina não é “de graça”. Deus é impecavelmente justo e não só infinitamente amoroso. A questão é que os fatores que promovem o aparente privilégio para alguém costumam estar inacessíveis à observação externa e superficial do ser humano médio da Terra, preso a relações temporais e de causalidade muito estreitas, quanto, da mesma sorte, de baixa averiguação de profundidade.

 

De reversa maneira, não adianta presumir que, trabalhando corretamente por atingir certo cume, de fato chegaremos ao pico de uma montanha. Muitos são os gênios trabalhadores do anonimato que morrem sem atingir um décimo de suas metas. Teorias muitas há para tentar devassar tal intrincada fenomenologia humana, como a das articulações de “networkings” e a do “pensamento positivo”, mas nenhum desses vetores (em considerando tais teses como verdadeiras), isoladamente ou em conjunto, tem poder de fazer um sucesso estrondoso de qualquer natureza, quase sempre toldado de certa aura de mistério para os bons observadores, no mínimo de arbítrio insondável do “acaso”, para os negativistas partidários da seita do ateísmo.

 

A Graça do Alto, todavia, só chega para quem A propicia para si, por trabalho e merecimento pessoais, por realizações internas e/ou externas, desta ou de outras passadas vidas – e, na quase totalidade dos casos, apenas quando as quatro hipóteses etiológicas enfeixam-se e entrelaçam-se para promover o fenômeno do êxito.

 

Pensamento Positivo ou Outros Princípios?

 

Devemos estabelecer o hábito não do pensar positivo, mas sim do pensar correto, que considera o negativo para somente depois poder transcendê-lo, resolvendo-o de modo objetivo e realista, com o foco no positivo, no melhor – isso, sim, é otimismo lúcido, resolutivo, produtivo e criativo. Precisamos, sobremaneira, portanto, sentir e agir, relacionar-nos e meditar corretamente, estabelecendo metas e valores corretos, para que possamos canalizar a transpessoalidade do Mundo Celeste para o domínio terrestre em que estamos inseridos. Não funciona mentalizar que as “coisas vão acabar bem”, para que tudo se solucione. Somente uma psique imatura ou enferma acreditaria numa estultícia desse gênero. O perceber, planejar, sentir e relacionar-se, agir e lutar corretamente devem ser manejados, com inteligência e atitude, e não só de forma pontual, mas contínua e concomitantemente, em diversos departamentos da existência humana, ano sobre ano, década sobre década, encarnação sobre encarnação, se desejamos escalar níveis progressivamente mais elevados de realização íntima.

 

A preguiça espiritual (e mesmo intelecto-emocional) faz-nos imaginar que conjunturas externas ou traumas passados (desta ou d’outras vidas) configurem as razões para nossa infelicidade. Somos felizes, se podemos tudo observar de um prisma mais profundo e espiritual já agora, ou devemos laborar por nos tornar gradativamente mais felizes, à proporção que nos fazemos responsáveis por nossa conquista de felicidade pessoal, por um processo constante de melhoria íntima, de autoconhecimento, de molde que a ventura seja executável e experienciada.

 

Igualmente nos vamos felicitando, na medida em que, por outro lado, aprendemos a facear e interpretar frustrações, períodos de dificuldade, momentos de desânimo ou de contrariedade, como eventos extremamente naturais (mesmo inevitáveis) do existir e ser humanos (como criaturas inacabadas), sem que tais ocorrências nos assustem ou sinalizem que sejamos infelizes. O conjunto dos sentimentos e estados íntimos é que define o quanto de nossa voz interior está sendo ouvida e manifestada na dimensão exterior, fazendo-nos mais ou menos felizes, sem esperarmos perfeição de nada nem de ninguém, muito menos de nós mesmos.

 

Eis um roteiro relativamente interessante ao êxito em algum âmbito de realização pessoal ou considerando a totalidade da consciência e existência humanas, se aplicado na íntegra, como viável a cada um, conforme permita o estágio de desenvolvimento geral de cada indivíduo, em termos de felicidade e paz, pelos condutos espirituais do amor e da sabedoria.

 

(Texto recebido em 7 de maio de 2012.)

 

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Se você está fora de Sergipe, assista, gratuitamente, às palestras públicas do Instituto Salto Quântico, com Benjamin Teixeira de Aguiar, ao vivo, aqui mesmo, em nosso site: todos os domingos, a partir das 18h15 (horário de Brasília) – incluindo um canal com tradução simultânea para o Inglês. Ou, se estiver em Aracaju e Região Metropolitana, seja bem-vindo(a) à participação presencial, na casa de Shows Espaço Emes, com ministração de passes iniciando-se às 18h.