por Benjamin Teixeira

 

Estranham o fato de que o Projeto Salto Quântico defende muitas teses polêmicas, que soam, para muitos, tão-somente, como escandalosas, como o divórcio e a homossexualidade, por exemplo. O que teria a dizer sobre isto?

Jesus foi o maior subversivo e a criatura mais “escandalosa” (no bom sentido: de causar choque nos preconceituosos e nos hipócritas) de todos os tempos. Vivia com gente de má fama, entre elas, prostitutas e adúlteras (com episódios impressionantes, inclusive, em que as defende – vide Lucas, 7:36-50); feria as convenções da época, tendo mulheres como suas discípulas, dialogando com povos considerados inimigos, como os samaritanos, pondo entre seus mais próximos seguidores homens tidos como corruptos e traidores da pátria (os “publicanos” – cobradores de impostos em nome de Roma, tendo sido o evangelista Mateus um destes); desobedecia às ordenações religiosas dogmáticas, como a proibição de curar em dia de sábado; desafiava o “status quo” político e as autoridades eclesiásticas de Israel, apenas para citar alguns exemplos. Allan Kardec, de sua parte, codificando o que os Espíritos Superiores lhe revelaram, pregava que o espírito não tinha sexo, nem raça, que o divórcio era uma necessidade humana e que todos chegaríamos, um dia, ao nível evolutivo e consciencial de Jesus, publicando – por sinal, já que se tocou neste assunto acima (*2) –, nos livros básicos do Espiritismo, psicografias subscritas pelo próprio Cristo. Jesus e Kardec foram estupendamente revolucionários e controversos, e, muito limitadamente, esforçamo-nos por seguir-Lhes as pegadas, para que sejamos dignos das qualificações de “espírita” e de “cristão”.

Entretanto, os tais temas esclarecidos pelo Salto Quântico, que causam “impacto” em algumas pessoas, na minha opinião, são quase risíveis. A defesa do divórcio, por exemplo, está consagrada e exarada, simplesmente, no mais religioso dos livros do chamado Pentateuco kardequiano, “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Há um artigo nele ínsito, apenas para defesa da temática: capítulo 22, item 5).

Outro destes temas ditos “polêmicos” é o da reprovação da virgindade obrigatória antes do casamento – exigir-se isso das moças da modernidade é um acinte completamente anacrônico, que não é aceito por mais ninguém e constitui uma tal tolice, que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso ou honestidade contraditaria, já que pureza e decência nada têm a ver com uma película no conduto vaginal. Por outro lado, casar-se sem se conhecer o parceiro em profundidade constitui um ato de irresponsabilidade e imaturidade crassas, bem como de menosprezo da complexidade e seriedade da iniciativa de se contraírem núpcias com alguém.

Outro tópico defendido por nosso grupo é o ideal feminista – num mundo tão brutalmente masculinizado –, compreendendo-se que todos os grandes pensadores da atualidade, e pelo menos há trinta anos, não param de aludir à famigerada “Ascensão do Feminino”, manifestada em causas como a ecológica, a da Nova Era, a Globalização da Economia – quem estaria contra estas tendências da modernidade?

Por fim, há a defesa da homossexualidade como direito minoritário natural – a ciência médica e psicológica há muito tempo a retiraram dos manuais de diagnóstico clínico –, causa pacificamente reconhecida como justa em qualquer meio esclarecido, por toda pessoa mediamente informada dos dias de hoje, mas ainda atacada por simples falta de atualização em torno das descobertas e conclusões científicas em torno da temática.

Se algo, nestas teses, não está claramente expresso na codificação kardequiana (e olhe que quase tudo pelo que propugnamos está, pelo menos, em suas entrelinhas), devemos nos recordar de que o próprio Kardec afirmou que o Espiritismo era um edifício vivo de pensamento, que deveria acompanhar os avanços do conhecimento humano, chegando mesmo a declarar que, quando uma informação de natureza científica contradissesse um ponto da “Doutrina Espírita”, dever-se-ia abandoná-la neste particular e seguir a ciência.

Assim, creio que o que falta aos nossos detratores, neste campo, seja o estarem atualizados quanto aos avanços da ciência e se libertarem da canga viciosa do fanatismo e do preconceito que degeneraram ambientes religiosos em todas as culturas e povos, como temos, na presente data, o exemplo gritante e deplorável do radicalismo islâmico, que ceifa vidas a mancheias e põe, com o terrorismo, a humanidade na berlinda – à beira do abismo, como afirmou Nossa Mãe Santa, em Sua epístola ao gênero humano, que foi publicada em nosso site.

Em suma, ser cristão e espírita implica a defesa de causas minoritárias justas e o combate de todas as formas de preconceito. Sobre isso, inclusive, reporto o prezado leitor à mensagem “Preconceito – o Flagelo Anti-Cristo”, publicada no nosso site (no ícone “Destaque Salto Quântico”, em suas opções anteriores), na qual encontrará argumentos adicionais da sábia Eugênia, neste campo de raciocínios.

Deste modo, não compreendo o estupor de algumas pessoas, a não ser lhes imputando desinformação, ou, quem sabe (?) – será que estaria exagerando –, um tanto de má-vontade e despeito. Quando pessoas movidas pelo ego são feridas em seus interesses subalternos, tendem a transferir toda a responsabilidade de seus problemas para quem resiste a submeter-se a seus caprichos. E, então, acusações mesquinhas e de baixo calão, como as que dizem respeito à sexualidade da pessoa, saem da boca leviana, que, entretanto, terá que haver contas com a Justiça Cósmica. A lei do carma é indefectível. Pessoas querem usar outras, às vezes, como meio de promoção pessoal ou de atendimento a inconfessáveis interesses egóicos, e, quando não conseguem submeter a “presa” (esquecidas de que não se tratava de uma presa, mas de uma inteligência livre), inflamam-se, cheias de “dignidade ferida” e de “decepção”, caluniando a mesma pessoa que, pouco antes, incensavam como virtuosa e nobre.

Nunca afirmei ser portador de virtudes especiais. Assim, quem me esperar posturas de alma santa, ou, no outro extremo do espectro, me quiser usar como um tolo, sofrerá desilusões amargas, inelutavelmente, porque não saio de um milímetro da senda que minha consciência aponta como necessária a atender aos reclamos da causa a que dedico minha vida, desde a adolescência.  E, aliás, sou muito feliz, por conseqüência desta minha atitude transparente e firme, sem dar espaço a manipulações, acabando por atrair, atualmente, para perto de mim, pessoas de alto nível de maturidade, inteligência e sentimentos, que me cercam, apóiam-me e me confortam, pelo que sou grato a Deus, enormemente.

Por fim, voltando à questão dos assuntos polêmicos, creio que o movimento espírita está por demais conservador, perdendo completamente a feição kardecista de vanguardismo e postulação da causa de minorias oprimidas e discriminadas – o que configura o mais absurdo dos contra-sensos –, tanto é que me acusam de não ser espírita. Bem… ninguém tem autoridade para declarar quem é ou não espírita, já que não há órgãos diretivos, nem hierarquia religiosa no Espiritismo. E, de minha parte, considero-os conservadores, pelo simples fato de resistirem ao progresso da cultura e dos costumes humanos, grandes traidores do pensamento kardecista, contradizendo-o no seu princípio fundamental de seguir a evolução do conhecimento humano, não só estabelecido pelo codificador, como endossado pelos sábios espíritos que o orientavam. De reboque, rejeitam os princípios cristãos, da mesma forma, pois que agir contra preconceitos e contra o conservadorismo era o posicionamento não apenas de Kardec, mas também do Cristo, por demais expresso nos textos disponíveis da fala de ambos.

Cabe-me ainda declarar que considero uma terrível praga, disseminada por espíritos pseudo-sábios, o desviar-se a atenção das pessoas para querelas inúteis e fúteis sobre sexo e regras estreitas de comportamento, quando a corrupção corre solta nos altos escalões do poder, quando a humanidade periclita à beira da auto-extinção, com ditadores de armas nucleares às mãos, ou genocidas terroristas conclamando multidões de fanáticos ao suicídio político, ao martírio religioso, eliminando a vida de inocentes. Vivemos, lamentavelmente, ainda, a antiga e viciada política do “pão e circo”, aplicada pelos Césares da Roma Antiga, pois que, enquanto a multidão é levada a se distrair com a vida sexual de celebridades ou dos vizinhos, assunto frívolo e vão, as verdadeiras maldades correm soltas… por toda parte, pondo em risco a sobrevivência da civilização. Mas uma terrível Mão de Justiça aguarda essas pessoas… pois que não souberam agir, falar e avaliar com amor: serão perseguidas pelo “Lado Esquerdo” de Deus, a implacável lei do carma, que as triturará, como intentaram fazer com a vida alheia. É só uma questão de tempo… e tão mais dura a pena, quanto mais demorar a chegar, pois que haverá um acúmulo de débitos na conta espiritual dos envolvidos…

(Continua)

(Revisão de Delano Mothé.)

(*1) A primeira parte deste material foi publicada neste site, no dia 25 de agosto do presente ano, e você pode acessá-la clicando em “Mensagens Anteriores”, procurando esta data.

(*2) Na parte 1 destes questionamentos, publicada neste site, faz-se alusão à publicação de uma mensagem psicografada proveniente, originalmente, de Maria Cristo, embora escrita, diretamente, por Eugênia.

Veja a “Notícia da Semana”, clicando ao lado esquerdo de seu monitor, a matéria “Êxtase Coletivo”, assinada pela jornalista sergipana Thaïs Bezerra.

(Nota do Departamento de Divulgação)

Fonte: http://www.saltoquantico.com.br