Muito natural que você porte, no bojo de seu coração, arrependimentos e tristezas, constrangimentos ou vergonhas, pelo que tenha feito ou deixado de fazer, nessa mesma vida física que ora desfruta.

Quem declara estar com a “consciência completamente tranquila” encontra-se incluso(a) em uma ou mais das categorias que se seguem:

1) É psicopata – somente sociopatas não sentem culpa ou remorso, dada a sua seriíssima disfunção de ausência de empatia.

2) Está mentindo, para passar a outras pessoas uma imagem moral de si superior à que realmente lhe representa o caráter.

3) Bloqueia a percepção dos próprios erros, por utilizar filtros presunçosos e autocomplacentes sobre o que faça e seja, sempre apresentando justificativas para seus deslizes, no intuito de se eximir de qualquer responsabilidade.

4) Reprime a memória dos equívocos em que haja resvalado, para não enfrentar o tribunal da própria consciência.

5) Mantém-se estacionário(a) no autodesenvolvimento – não havendo aproveitado corretamente o tempo, no desejável amadurecimento psicológico, é-lhe ainda impossível, em retrospectiva, reconhecer que incorreu em faltas, como igualmente não tinha condições intelecto-morais para enxergá-las, na ocasião da queda.

Esse tema naturalmente nos remete a uma das mais preciosas lições de Nosso Mestre e Senhor Jesus: o episódio da pecadora a ser apedrejada. Em resposta à indagação dos condenadores (todos homens), sobre ser ou não correto seguir a lei mosaica, que determinava lapidar-se a mulher flagrada em adultério, o Cristo-Voz-da-Verdade sugeriu, tão só: “atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado”1. A narrativa, ínsita nos Evangelhos, informa-nos que, um a um, todos se retiraram, a começar dos mais velhos.

Não se subtraia forças à reparação, condenando-se por haver caído, aqui ou ali, por ação ou negligência. Jamais se entregue à síndrome de culpa, em contraproducente autoflagelação psicológica.

Permita-me reafirmar o clichê de sabedoria universal: é errando que se aprende. Suas experiências trouxeram-no(a) ao grau de inteligência e maturidade que hoje você ostenta.

Que a disciplina justa e imprescindível do autoconhecimento aprofundado, do reconhecimento das próprias falhas, do esforço em ressarcir-se por débitos que tenha adquirido, em relação a seus(suas) irmãos(ãs) em humanidade, nunca perca o vigor em sua alma, para que você não adoeça gravemente, deformando seu senso de dignidade pessoal, a ponto de inclinar-se à diabólica soberba dos(as) que não veem o mal em si e se tornam, por isso mesmo, aos poucos, irônica e tragicamente, fantoches de gênios do mal, quer admitam ou não a existência desses seres trevosos.

Escolha a sintonia com os(as) Agentes do Bem, que influenciam e auxiliam as criaturas humanas, sem, porém, jamais lhes violar o livre-arbítrio e o discernimento.

Reconheça seus erros, honesta e lucidamente, e aprenda com eles. Utilize a energia da culpa para motivar-se à autoanálise, ao autoaprimoramento e, sobretudo, a iniciativas de realizar o bem, mais extensa e profundamente, não importando sequer se você tem a oportunidade de emendar-se perante aqueles(as) com quem suponha haver agido mal, porque, em última instância, toda dívida moral é contraída diante dos Tribunais Celestes, de tal sorte que somente à Divindade você deve contas, e a Ela as prestará, e já as presta parcialmente agora, pela indefectível Lei do Retorno.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
DeWittville, Nova York, EUA
21 de outubro de 2021

1. João 8:7