Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eustáquio.



Eles ignoram as dores e dificuldades ingentes que suportas e atravessas, para levar adiante tua tarefa de amor e esclarecimento. Renunciaste a tudo, desde a adolescência, pelo projeto de promoção da felicidade dos semelhantes, mas te adivinham intenções mesquinhas, por detrás das lágrimas escondidas com sorrisos para todos. Cobram-te santidade e não notam que teu mérito é maior justamente por não seres especial e fazeres mesmo assim o que somente os santos costumam fazer na Terra. Pedes socorro, críticas e apontamentos educativos a todos, como se estivesses sempre cercado por gente do mesmo nível de entendimento, e logo alguns se arrogam a mestres do que desconhecem, e quando te defendes por não perceberem que te magoaram, num momento de excesso de vaidade das crianças mais narcisistas, ofendem-se, e vêem-te orgulhoso, quando mais justamente exercitavas a humildade.

Foi assim no passado, porém, amigo, e continuará, por alguns séculos ainda, no planeta dorido em que estagias.

Foste premiado com o fel da ingratidão por aqueles mesmos que te receberam os benefícios mais preciosos? Silencia e segue.Tratam-se de almas carentes e pueris, que aturdem, por não terem em si o que buscam.

Difamaram-te e te viram injusto, quando mais justo estavas sendo? Natural que isso ocorra, quando se está um pouco à frente, na senda da evolução. Para a criança pequenina, as anotações do catedrático afiguram-se garatujas incompreensíveis, longe das delícias de um filme de animação.
Da mesma forma, para a mente infante, com freqüência, as durezas necessárias do pai, mesmo quando a severidade se torna obrigatória, afiguram-se crueldades indesculpáveis, enquanto a melifluidade da mãe, mesmo quando viciosa e complacente com o crime, soa como bondade.

Deixaste-te passar por vaidoso por apenas teres sido, no momento adequado, severo? Quiseram que te humilhasses e “fizesses de conta” que não cometeram o erro grave que apontaste, como obrigação de todo professor consciencioso e justo, e julgaram-te, por isso, arrogante? Que podes fazer? Não vás atrás: respeita a decisão deles de ficarem com a ilusão do acerto, por tempo indeterminado, até que a dor do desvio se torne insuportável. Assim, eles, no tempo certo, compreenderão o equívoco, talvez, porém, tarde demais. Perderam o amigo especial que és, para tantos outros que te buscam a toda hora, e, principalmente, a oportunidade de colaborar com um programa divino, enquanto tu segues engrandecido pelo laurel da persistência impertérrita a despeito dos ataques gratuitos.

Olha para o Céu que te aninha, pontilhado de estrelas distantes, mundos que albergam almas que se angelizaram. Um dia, também já foste ingrato e injusto, com algumas dessas almas antigas, hoje “lá por cima”, que se santificaram com teu primitivismo. Agora, mais amadurecido, é tua vez de sofrer os embates com aqueles que carecem de tua compreensão, assim semeando teus esclarecimentos de alma mais avançada, para que catalisem seu processo evolutivo.

Quiseste trazer para perto demais aqueles que amava, e eles te não compreenderam as intenções. Perdoa e prossegue em tuas tarefas de amor, sem tergiversações ao dever, ignorando o veredicto dos levianos infelizes que te acusam de insinceridade e arrogância, quando mais puro te fazias em tuas expressões de ser. Lembra-te, mais uma vez: iludidos, um dia também despertarão.

O que importa é que estejas em paz, fazendo o que está a teu alcance. Deus e teus mentores abnegados acompanham-te o coração devotado e bom. Tu te engrandeces, persistindo a despeito de todos os ataques, no correr de anos sucessivos de trabalho ininterrupto na seara do bem, desde o início difícil, em que ninguém te estendia a mão. Eles, por sua vez, amargam o débito, por que terão que se ressarcir amargamente, de sobrecarregar-te o coração que sustenta tantas almas aflitas. Apieda-te deles, e, quanto possível, ignora os teus feitos infelizes, porque o ataque aos enviados do Alto atrai pragas ou pelo menos grandes reveses existenciais, contra aqueles que os maltratam, como todas as tradições religiosas atestam, incluindo a Bíblia, pelo fato de serem os portadores da Luz Divina para o mundo, que lhes segue de perto. Eis porque caem em desgraça todos os que caluniam ou se colocam contra os que se dedicam integralmente ao bem de seu semelhante e a causas coletivas e intemporais. Como disse Nietzche, “a árvore que tem suas galhadas na direção do céu, tem raízes fincadas nas profundezas do inferno”. Tens visto, uma por uma, das mais importantes e poderosas às humílimas, as pessoas que se opõem à obra de amor que se opera por teu intermédio sofrerem o justo retorno pelo mal que semearam, dificultando a disseminação do bem que espalhas. Então, ora por elas, por sua pronta emenda, a fim de que as lições que lhes venham automaticamente, por força das Leis da Vida, não sejam acerbas demais. Quanto a ti, como afirma o Apóstolo, tens o nome inscrito no Reino dos Céus.

Enquanto isso, volta teus olhos para os muitos que te cercam e te buscam: eles, os que te amam e precisam de ti verdadeiramente farão, muito mais rápido do que imaginas, sentires-te mais feliz do que eras, até o presente momento.

(Texto recebido em 2 de julho de 2002.)