Benjamin Teixeira
pelo espírito
Anacleto.

Você me pergunta como ser feliz. Eu lhe indago, em resposta: O que entende por ser feliz?
Se quiser a fortuna, como fonte de alegria, encontrará perturbação em suas malhas enganadoras.
Se almejar a fama, como laurel intocado de ventura, descobrirá o delírio de dor, nas esfumaçadas ilusões da popularidade.
Se buscar o poder, como lastro para sua dita, perceberá areia movediça, na qual imergirá, em angústia inominável.
Se pretender o prazer, como caminho para o paraíso, notará o inferno no seu encalço, atormentando-o, dia e noite.
Se me apresenta a companhia de pessoas especiais como a fonte genuína de bem-estar, direi que está a um passo dos mais cruéis pesadelos de decepção e vazio.

Entretanto, se você procura a bem-aventurança no saber sem fins ocultos e no amor doado desinteressadamente, no propósito ético, no trabalho, na atividade benemérita, no crescimento contínuo e na auto-reforma, posso lhe garantir que não só estará usufruindo de uma felicidade que por ora – se estiver você fora destes circuitos conscienciais – não poderá conceber, como ainda terá, eventualmente:

– sabedoria e produtividade, na riqueza;
– serviço e partilha, na celebridade;
– grandeza e glória, no poder;
– satisfação e moderação, no prazer;
– complementaridade e estímulo, nas companhias de toda ordem.

Tudo é uma questão de prioridade. Priorize o fundamental, e verá como o essencial o procurará onde estiver, com acréscimos de mimos e júbilos que nem imagina. Se inverter a ordem dos valores, todavia, mesmo que passe por arguto para muitos e ostente aparência de glória e auto-realização para outros, carregará consigo o peito em chamas e a alma sequiosa, sem rumo e sem alegria, perdido de si e do mundo… como que tragicamente esquecido de Deus.

Não se eleja esquecido de Deus. Faça a escolha contrária: defina-se como servidor do Altíssimo, seguindo-Lhe os alvitres sugeridos à acústica de sua consciência. Trabalhe ininterruptamente, estude sem desânimo, ame irrestritamente e se desenvolva em todos os sentidos, e tenha a certeza: a felicidade o perseguirá, ainda que em meio aos mais dantescos pandemônios.

(Texto recebido em 3 de março de 1998. Revisão atual de Delano Mothé.)

(*) Artigo extraído do livro “Sol de Esperança”, publicado em julho de 1998.