Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Será crível que a Divina Providência deixasse milhões de criaturas inocentes por todo o mundo enganadas nos seus mais caros sentimentos de fé e de esperança?

Obviamente que não. O bispo nórdico conhecido modernamente por Santa Claus (São Nicolau), de fato existiu, e, graças a ele, no inverno, toda uma comunidade mantinha-se viva, graças ao seu esforço heróico de expor sua vida a risco de morte, ao atravessar geleiras de trenó, conduzindo víveres e cobertores para a aldeia isolada pela neve. O ancião simpático e robusto (na verdade apenas um homem maduro, quando de suas incursões ousadas para salvar vidas) não usava roupas vermelhas (*2), nem flutuava nos ares dando gargalhadas sonoras, mas, sem dúvida, era um homem generoso e santo, que não se intimidava ante o sentimento de dever cristão, expondo-se à eventual morte, para ajudar seus irmãos em humanidade. O santo existe. O espírito existe. O espírito de “Papai Noel”.

Com freqüência, por o santo histórico e real não ter condições de atender a tantas solicitações, no período natalino, entidades amigas de criancinhas sinceras aparecem-lhes tomando a forma do velhinho de barbas brancas, com roupão de veludo vermelho e tudo mais (*3), ou induzem-lhe tal quadro mental, por meio de insuflação telepática-hipnótica, assim fazendo-as felizes, na “confirmação” de sua fé.

Na época de Natal, por outro lado, as preces que sobem ao plano superior, em forma de “orações refratadas” (*4) mobilizam verdadeiras legiões de almas boas, que, por não poderem diretamente ofertarem presentes materiais, em nome do santo norueguês, mobilizam pessoas para fazê-lo, ou, ao menos, inspiram gestos de caridade e solidariedade cristãs, estendendo o espírito natalino a toda parte, em forma de consolação e fraternidade. Eis que, então, infinidades de festinhas em orfanatos e comunidades carentes, sob beneplácito dos amigos de Noel e de Jesus, o aniversariante maior do período, são realizadas, para alegria geral das crianças menos favorecidas da “sorte” material.

Este é o anverso positivo e nobre do mito de Papai Noel, que cabe aqui reconhecer, em contraposição àquele que publicamos, em ano anterior (*5).

Assim, se você, em certo momento, ouve um pimpolho de olhos arregalados, dizer-lhe, cheia de alegria e fé, que viu “papai Noel”, que ele existe e que conversou com ela, ofereça-lhe de volta mais que um sorriso complacente: ela pode, além da imaginação, pelas faculdades mediúnicas mais abertas, pela idade tenra (*6), ter, de fato, contactado um espírito amigo, que misericordiosamente tenha feito as vezes do velhinho arquetípico, semelhante, não por acaso, ao mito primordial do “Velho de Barbas Brancas”, o famoso “Papai do Céu”, normalmente compreendido como seco e duro, diferentemente do bondoso e alegre “Velhinho do Natal”. É o padrão da bonomia e da concórdia que altera até mesmo a visão simbólica do inconsciente coletivo que se tem do conceito do Criador.

Deus é sábio e infinitamente bom, e fala por toda parte, até por detrás de campanhas publicitárias bem sucedidas (*7).(*8)

(Texto recebido em 9 de dezembro de 2004.)

(*1) Sempre surpreendente a sábia Eugênia, com suas revelações bombásticas e incrivelmente coerentes, de tal modo que, ainda que se não acredite nelas, como informação provinda do “Outro Lado” sua racionalidade e plausibilidade não deixam espaço a muito questionamento. O que se pode mais esperar das numerosas “cartas nas mangas” da ilustre orientadora desencarnada?

(*2) A vestimenta vermelha do “Papai Noel”, surgiu de uma campanha publicitária da “Coca-Cola Company”.

(*3) Fenômeno chamado, na terminologia espírita, de “ideoplastia”: a conformação de objetos ou mesmo do próprio perispírito do espírito, por meio de comandos mentais. Quanto mais evoluída a consciência, mais poder tem ela para realizar tais feitos.

(*4) Fenômeno descrito pelo espírito André Luiz, através da psicografia ímpar de Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), em que as preces dirigidas a alguém sem condições de, por qualquer motivo, atendê-las, são respondidas por componentes da Espiritualidade Superior, que, assim, fazem valer os merecimentos e a fé de quem ora, independentemente dos merecimentos e das possibilidades evolutivas de a quem é dirigida tal oração. Em tudo, a Justiça Divina a se expressar.

(*5) Neste mesmo site, artigo que pode ser acessado no ícone “mensagens anteriores”, no lado esquerdo de sua interface, no dia: 24 de dezembro de 2002. Não sendo assim, você pode digitar, na “busca” de nossa primeira-página, o título: “Jesus e Noel, Pecadores e Iluminados”, de autoria espiritual da própria Eugênia.

(*6) Até os sete anos de idade, o espírito (da criança) em processo de reencarnação não se jungiu de todo ao corpo, de modo que fica parcialmente “fora” do soma, favorecendo muito mais fenômenos mediúnicos, já que um dos elementos a propiciarem a mediunidade é, justamente, a capacidade de se desligar, parcialmente, do corpo físico para interagir com a outra dimensão de vida.

(*7) Eugênia agora faz, ela mesma, alusão à tal campanha da Coca-Cola.

(*8) Em 1992, episódio curioso aconteceu com Chico Xavier, a respeito desta temática. Foi ele abordado por uma jornalista, na época natalina, e a repórter resolveu-se por, à queima-roupa, perguntar a Chico o que ele achava da existência de Papai Noel. Sem pestanejar, o grande médium brasileiro respondeu: “Sim, e eu o conheço e é um velhinho muito divertido”. Todos riram… inclusive Chico. De quê ou de quem, todavia, o fenomenal médium mineiro ria?

(Notas do Médium)