Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.


Talvez você espere provas dramáticas daquilo que, em tese, no sentido convencional, ortodoxo-científico, não pode ser provado. As magnas realizações da fé, da espiritualidade e do amor não podem ser submetidas a experimentos laboratoriais ou às tabelas estatísticas de um matemático, assim como, igualmente, as expressões de amor dos pais pelos filhos, e até os teoremas complexíssimos da economia, do mundo financeiro; o mesmo se dizendo dos patrimônios inaquilatáveis da cultura, como os universos paralelos da literatura ou os cosmos criados por mentes sensíveis: as obras-primas de artistas plásticos de diversas nacionalidades e épocas.

Notemos que, em muitos sentidos, a experiência religiosa, espiritual terá caráter não-comprovável. Não será possível, em muitos sentidos, materializarmos o que, por excelência, não pode ser manifestado diretamente no mundo material. Todavia, lembremo-nos, também, de reversa maneira, que a realidade psíquica é a base fundamental da realidade humana. Psicólogos, neuropsiquiatras e mesmo físicos afirmam categoricamente que o que o vemos não é exatamente o que existe na realidade dita externa. E se isto acontece no plano do material, imaginemos o que não se dá nos aspectos mais subjetivos e conceituais da realidade humana: enxergamos, neles, em verdade, a quase todo tempo, projeções do que habita nosso próprio mundo interior.

Isto posto, por que o rigor, o radicalismo em encontrar positivações do que não pode ser positivado, entrementes que pode ser sentido?… Recordemo-nos do valor filosófico dos axiomas – aquilo que, ipso facto, pode ser experienciado diretamente pela psique. Que não nos iludamos com a crença cega; que busquemos o respaldo no bom senso, para nossas teorias espirituais; que sejamos racionais, procurando evidências lógicas para nossas elucubrações de ordem metafísica; que persigamos resultados concretos para nossas cogitações e conjecturas mais abstratos; que sejamos pragmáticos, em nossas vidas, em nossas especulações e convicções religio-filosóficas. Mas que este esforço por sermos lógicos, objetivos, sensatos e práticos não nos faça fanáticos no sentido reverso: o do cientificismo barato que pervaga, nos dias modernos, a cultura humana, assassinando, em massa, todas as nuanças da alma humana, em qualquer lugar, em toda parte…

Fé é assunto de vivência íntima. Deus é o truísmo absoluto, realidade auto-evidente que não precisa de outras comprovações que não a vibração que d’Ele mana para cada criatura sincera devota, se não bastassem todas as obviedades de raciocínio, quanto à necessidade de Uma Origem para tudo. Destarte, mantenhamo-nos receptivos, na experiência oracional, nas nossas práticas e hábitos religiosos, incluindo o da prática sistemática do bem ao próximo, cônscios de que, em si mesmo, o Amor já é prova bastante de Seus efeitos, já que transforma as criaturas, o que, muitas vezes, os mais avançados recursos medicamentosos ou tecnologias cirúrgicas não logram realizar. Atentemo-nos a este princípio basilar de bom senso e, paradoxalmente, de realismo, e estaremos dispensando a prova, porque não é necessário provar o que, simplesmente, é.

(*) (Mensagem psicofônica recebida ao final da palestra pública do domingo 22 de maio de 2005, proferida por Benjamin Teixeira, no Centro de Convenções do Hotel Parque dos Coqueiros, Aracaju, Sergipe.)