Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Existem algumas analogias que podem facilitar o entendimento do complexíssimo fenômeno mediúnico, em seus intrincados mecanismos de combinação, intercessão e retro-alimentação de ondas mentais, em suas diversas características, bem como fases de desenvolvimento. Embora todo médium apresente as funções correlacionadas a cada uma destas etapas de amadurecimento de sua sensibilidade, e mesmo deva agir, conforme a circunstância em que se encontre inserido, mais em função de um destes modelos do que de outros, é possível encontrarmos tendência e aptidão maior a um ou outro traço de funcionalidade psíquica, em cada caso estudado e concorde o instante em que se dê esta observação.

1] Marionete.

Poderíamos também chamar aqui de fase-fantoche. Médiuns altamente obsediados, sob influência de agentes malévolos do plano extra-físico de vida, comportam-se como que manietados por manipuladores do “outro lado da vida”, em variados momentos de seu cotidiano; quando não, em casos mais graves, em tempo contínuo, em complicados e lamentáveis processos de simbiose psíquica, em que passam a funcionar como verdadeiros “condomínios espirituais” (*), ou como “plantas mentais” hospedeiras de “inteligências-trepadeiras-parasitas” da outra dimensão de vida.

2] Esponja.

Poderíamos também chamar os médiuns, nesta sua feição angustiosa, de fio-terra, onde ou em quem as pessoas “descarregam” suas tensões. São pessoas que sugam a energia do ambiente, seja boa ou má, assimilando seus padrões psicológicos, emocionais e mentais, muito embora de acordo com suas idiossincrasias. Isso porque se alguém não tem sintonia com o tipo de freqüência mental do ambiente, não irá ser induzido a reproduzir-lhe o modo de ser, mas passará mal, física ou emocionalmente, apresentando, por exemplo, cefaléia no primeiro caso, ou terríveis crises de mau humor, no segundo. É um traço que deve ser combatido, quando se tratar de situações desagradáveis. O esforço por desenvolver as funções seguintes, por meio da prece e da invocação dos bons espíritos, constituirá uma excelente terapêutica, para os momentos mais difíceis relacionados a esta forma de se operar da mediunidade.

3] Ímã.

Além de assimilar, os médiuns também atraem, e atraem conforme o padrão de onda mental que emitem ou com que facilmente entrem em sintonia. Por isso, trazem para perto de si “satélites psíquicos”, nos dizeres clássicos do estudo da mediunidade – companhias espirituais que se compatibilizam com seu modo de ser, sentir e agir, não só no que se refere às suas boas propensões, como às suas inclinações menos desejáveis ou francamente nocivas. O médium, deste modo, é responsável pela natureza dos seus asseclas ou amigos espirituais, bem como pelas faixas mentais com que se alinhe psiquicamente, mesmo que à distância.

4] Transformador.

Poucos médiuns fazem isto conscientemente, mas faz parte da natureza psíquica de quem se ajusta a uma certa onda de sinal mental filtrar as forças ambientes, cambiando-as à freqüência escolhida. Assim, é responsabilidade das mentes mediúnicas disciplinadas absorver vetores deletérios de pensamento e sentimento e convertê-los em fatores construtivos, transfundindo, desta forma, o mal em bem, continuamente ou tanto quanto possível.

5] Espelho.

A face reflexiva do espelho pode estar voltada para o pedregulho sobre que está escorado, ou para cima, e refletir a luz do sol, senão ao menos das estrelas e da lua, caso seja noite. Para onde o médium gire seus potenciais receptivos, captará panoramas e atmosferas mentais condizentes. É de sua responsabilidade, destarte, direcionar sua capacidade de reproduzir “psicosferas” para o que convém, não só a si mesmo, como àqueles que sofrem sua influência pessoal.

6] Radiofone.

A mente humana se assemelha a um aparelho radiofônico que emite e recebe ondas mentais continuamente. Os médiuns têm este circuito de comunicação externa mais eficiente, pelo que podem e devem desenvolver a capacidade de controlar a freqüência do dial psíquico em que se manifestam, fazendo rigorosa triagem das faixas mentais em que dominantemente vive.

7] Tradutor.

Inteligência livre, o médium é um intérprete do que apreende como ondas mentais: quadros psíquicos, símbolos, raciocínios e fluxos complexos de pensamento, imagens emocionais, impressões conceituais, sentimentos, sensações, memórias. Tudo isto precisa ser traduzido por seus próprios recursos íntimos, intelecto-morais, de modo que somente o que compreende e como compreende pode ser transmitido para o mundo físico, que normalmente é o destinatário de seu trabalho de intermediação inter-dimensional. A responsabilidade pelo que é dito ou feito, por seu intermédio, portanto, é sempre sua.

8] Porta-Voz.

Ainda que não imediatamente sob influência de inteligências despojadas de corpos físicos, um médium ostensivo pode funcionar como uma espécie de representante, de embaixador do grupo de seres mais evoluídos de que seja um porta-voz na Terra. Lamentavelmente, o reverso se dá, e com freqüência deplorável – ou seja: mentes super-sensíveis, alojadas em organismos de carne, que se põem, voluntária ou involuntariamente (quando dominados por suas más paixões), como representantes constituídos de agentes tenebrosos do plano astral de vida. Em um como em outro caso, o médium funciona, em tais situações, como quem reproduz, de modo relativamente livre e com tom mental e interferências nitidamente pessoais, conforme o que tenha assimilado e entendido do padrão de idéias, valores e sentimentos do colégio de entidades com que se afina, ou mesmo age sob branda influência de tais espíritos, ressonância sutil esta que se pode chamar de inspiração, assim retratando, de modo geral e aproximado, o que o seu grupo de inteligências diretrizes desejaria dizer ou fazer por seu intermédio.

Em qualquer nível do desenvolvimento das atividades, funções e aptidões mediúnicas, nesta escala crescente de auto-domínio das faculdades e de amadurecimento psicológico e espiritual do médium, sempre subsiste a responsabilidade e a liberdade da individualidade sensível, seja para atender, seja para resistir aos comandos ou induções que lhe são insuflados ou sugeridos à câmara psíquica.

Cabe a cada médium, pela prática criteriosíssima e impreterível da oração (não só diária, mas várias vezes ao dia), bem como pelo estudo, pela auto-análise e pelo esforço contínuo em se tornar melhor pessoa, em todos os sentidos, fazer-se, por conseqüência, melhor intermediário inter-mundos, ajudando mais que desajudando, favorecendo a manifestação do plano superior, mais do que a do plano inferior de vida.

Àqueles que forem dotados de maior potencial de sensibilidade, o alerta do Cristo soa como uma ordem imperiosa: “Orai e vigiai para não cairdes em tentações”, e, por outro lado, deve estar fixada, como diretriz fundamental de conduta e hábitos mentais, a lembrança de que, para se terem melhores espíritos como mestres no plano invisível, necessário se faz se tornar a si mesmo um melhor espírito, já que, em matéria de mediunidade, reina, inexoravelmente, o princípio de sintonia, que determina se atraia o semelhante e que se repila o dessemelhante.

(Texto recebido em 21 de novembro de 2005.)

(*) Expressão criada por Hermínio Miranda, grande estudioso já desencarnado da mediunidade.
(Nota do Médium)