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Numa interação com alguém, a ilusão que se tem é que se ouve e se vê exatamente o que o(a) outro(a) é. A interpretação psicológica que se faz do interlocutor, as próprias limitações linguísticas, de parte a parte e dos idiomas de um modo geral, constituem apenas alguns ligeiros pontos que se podem levantar, no estudo da percepção humana, basicamente projetiva.

Histórico biográfico familiar e cultural de cada envolvido, estados de humor e até oscilações hormonais, psíquicas ou mesmo de níveis de glicose no sangue são fatores que interferem tão substancialmente na leitura que se faz de uma pessoa com quem se dialoga, que, a rigor, pode-se dizer que um indivíduo, ao menos parcialmente, conversa consigo próprio e não com quem presume estar interagindo.

O raciocínio é aplicável à observação de situações e acontecimentos aparentemente externos e objetivos, visto que o registro que o ser humano efetua de qualquer experiência vivida ou tão só presenciada é essencialmente subjetivo e circunstancial.

Eis alguns bons motivos para tardar no julgamento de terceiros, não sustentar opiniões com certeza – o que sempre será estúpido e irresponsável, como se pode facilmente depreender do exposto – e ponderar, por fim, no quanto é visceralmente importante manter a mente aberta a novas informações e perspectivas. Tais hábitos salvar-nos-ão, eventualmente (e amiúde assim será), de fixações dogmáticas, cristalizações de ideia e toda ordem de engessamento da inteligência, da criatividade e da flexibilidade, atributos estes imprescindíveis a uma análise quanto possível isenta (embora relativamente apenas) de nós mesmos, do mundo externo e da vida como um todo.

Benjamin Teixeira de Aguiar,
pelo Espírito Gustavo Henrique.
Texto recebido em 09.01.2013.