Há quatro vetores básicos, na psique humana, a tracionarem sentimentos, fluxos de pensamento, atitudes, escolhas aparentemente racionais e linhas de destino.

Em sua esmagadora maioria, os espíritos albergados na Terra, dentro ou fora do domínio de matéria densa, só estão conscientes de um deles. Chamemo-lo, aqui, de ego, que conceituaremos como a parte de processamento mental acessível, em estado de vigília, aos contingentes populacionais de evolução média no orbe.

Os três outros vetores compõem, em algum grau, o que estudiosos(as) de psicologia denominam de inconsciente. Quanto mais o indivíduo se conectar e se relacionar deliberadamente com esses feixes psíquicos que constituem as estruturas de sua totalidade, menos se exporá a eventos desastrosos e mais se tornará apto a desfrutar de tranquilidade e a ampliar o próprio potencial à realização exitosa de seus planos de vida.

A primeira dessas três subpersonalidades inconscientes é o que poderíamos definir como “animal interior”, que carece de domesticação apropriada ou de ajustes civilizados à interação social, a fim de que seus instintos não se desgovernem, criando rotas de destruição para a própria alma em desalinho e para quem esteja em seu raio de influência pessoal.

A segunda pode ser compreendida como “demônio interior” – a parcela intrínseca do mal que está presente, em medidas e formas diversas, em qualquer ser humano. É imprescindível detectar essa face tenebrosa de si, para então policiá-la e, quanto possível, educá-la. Do contrário, o(a) incauto(a) embrenhar-se-á numa das mais perigosas trilhas de desgraças – a do orgulho espiritual –, assim atraindo, quando não engendrando para sua existência, cenários de horror variados e medonhos, em padrões cármicos inapeláveis, amiúde por séculos consecutivos.

O terceiro e último desses lados ocultos à margem da consciência designemos, didaticamente, de “anjo interior” – a semente divina que, no âmago de toda criatura vivente (não só as humanas), vai germinando e medrando paulatinamente, no transcorrer vagaroso dos milênios, em direção a um glorioso despertar num futuro longínquo, em que acontecerá o incognoscível, para o nível hominal de entendimento, mergulho na eternidade, no Seio da Própria Divindade!…

Até lá, entretanto, cabe a qualquer pessoa madura, responsável e consciente o dever de gerenciar os ímpetos, as necessidades, as aspirações e as características de cada um dos quatro fatores mentais integrantes de seu eu-total: ego, “animal”, “demônio” e “anjo”, de modo a não só orquestrá-los, mas, simultânea e gradativamente, lapidá-los, fazendo-se artífice de si mesma, enquanto busca sistematicamente a assistência misericordiosa de Deus e Seus(Suas) Emissários(as), em paralelo esforço por se dedicar ao serviço a seus irmãos e irmãs em humanidade.

O padrão persistente de solidariedade – por canalizar a Graça Divina – sempre consistirá na mais segura e sábia maneira de viabilizar esse projeto que soa impossível da ótica humana, mas que é perfeitamente possível ao Ser Supremo, como lecionou o Cristo Jesus a Seus(Suas) discípulos(as), ao Lhe perguntarem, admirados(as): “Quem poderá se salvar?”¹

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
3 de março de 2021

1. Mateus 19:25-26, Marcos 10:26-27, Lucas 18:25-26.