Benjamin Teixeira
pelo espírito Roberto.

Quer saber o que seja a mediunidade no dia-a-dia, para aqueles indivíduos excepcionalmente dotados da faculdade de perceber além dos cinco sentidos?

Como você se sentiria, se tivesse que ouvir ruídos altíssimos, o tempo inteiro, qual o barulho de britadeiras, espalhadas por toda parte?

Imagine agora que houvesse “spots” poderosíssimos, como os utilizados para iluminar grandes estádios de futebol, ao lado de si, instalados nas paredes dos compartimentos em que estiver, no transcurso de todo o dia.

Tente criar o quadro de andar, diuturnamente, sobre uma lixeira a céu aberto, contemplando toda ordem de resíduos domésticos, dejeto hospitalar e podridão de banheiros públicos.

Agora, transforme esta metáfora dantesca das manifestações terríficas de som, luz e mau odor em percepções emocionais e mentais. Pois bem: acabou de fazer uma ideia pálida do funcionamento cotidiano de um médium superdotado, na crosta da Terra.

Desta perspectiva, não é de estranhar que muitos deles se desequilibrem, desenvolvam patologias emocionais e mentais ou mesmo desçam à vala do crime – de acordo com suas tendências íntimas, por óbvio, mas incrivelmente potencializadas pela circunstância vexatória e “enlouquecedora” que vivem, sem terem onde se esconder ou como se esquivar do que notam, continuamente, em torno, dentro e fora de si.

Por fim, mais um exercício de imaginação: tente conceber alguém que, com todo este poder de acuidade psíquica, mantém-se amável, solícito, sereno e centrado, mesmo assim. Você tem noção, com isso, do que se exige de um médium que esteja exposto às necessidades de grandes multidões? O que é difícil para o cidadão comum oferece um nível de dificuldade multiplicado várias vezes para um cristão neste gênero de provação.

Em situações prosaicas, o surreal acontece a indivíduos nesse patamar de responsabilidades com o vulgo: um médium educado e sintonizado com o Plano Excelso pode estar conversando com você e, de repente, sentir um golpe no estômago, por influência de entidade desencarnada, inimiga sua, que não deseja que ele o ajude a se libertar do jugo vampiresco dela. Pode este medianeiro disciplinado e maduro apreender quadros ocultos, a seu respeito, que você desejaria esconder até de si mesmo. Ele pode, ainda, pressentir que você está à beira de perder grandes oportunidades existenciais, por arrastamentos tenebrosos em seus caminhos, e ter que permanecer calado, diante de todas essas informações captadas de você e sobre você, se os orientadores da Esfera Superior que o guiam, na complexa e delicada tarefa de conduzir coletividades, lhe determinarem silêncio, pelo inapropriado ou inoportuno das revelações.

Se você se consulta com um canal oracular, se o seu orientador espiritual é uma personalidade excepcionalmente dotada de sensibilidade paranormal, ore por esta pessoa, retribuindo, com o melhor de si, por meio da prece, tudo quanto este canal do bem lhe tem propiciado. É o mínimo do muito que você pode fazer para facilitar um pouco a vida de um desses excruciados carros-chefe da evolução planetária, que, todavia, felizmente (para alívio de todos eles – pela distribuição da carga de sagrados deveres morais que os esmaga), multiplicam-se e aparecem em toda parte, até mesmo entre aqueles que não acreditam ser portadores de sensibilidade mediúnica, mas que percebem, com agudeza, com os apelidos de “palpite”, “intuição” ou “experiência”, o que ninguém mais em torno nota, nem como uma vaga impressão. Inteligência mais avantajada – um céptico diria –; sem dúvida, respondemos: a percepção mediúnica é um tipo de inteligência, e refinadíssima, que poucas criaturas, em termos percentuais, na Terra de hoje, apresentam em grau suficientemente aguçado para gerenciá-la, com equilíbrio e segurança, em função de interesses e objetivos nobres e altruísticos.

(Texto recebido em 18 de janeiro de 2009.)