A alegria-bênção de uma boa noite de sono: repouso para o corpo. Acordar disposto, como se houvesse renascido parcialmente. Não por acaso a consciência, como se a entende, colapsa, em estado de vigília, para que se expanda, em estado “alterado”, para além dos parâmetros acanhados do ego-racional.

Desistir do controle e render-se ao leito não constitui apenas, conforme dizem os espíritas, desde o século XIX, uma preparação para a morte física, mas também um treino para o ego, no sentido de renunciar ao poder, a fim de que o Espírito possa assumir, completamente, o leme da alma, no rumo da Espiritualidade Sublime.

Experimente descansar de se sentir responsável. Vivencie a entrega, para que seja possível a epifania, no trajeto de sua existência, de modo que as vocações surjam e se realizem, acima de sua dedicação em desenvolver talentos ou competências. Ou seja: esteja no mundo pelo prazer de servir e ser útil, na manifestação lídima da própria natureza e propósito, ao reverso de viver em função de lapidar inteligências para impressionar e manipular outras criaturas, para usufruto de caprichos pessoais.

Quem pode permitir a transpessoalidade, jazendo preso à pessoalidade? Qual criatura logrará encontrar o metaegóico, enlaçada a tudo que diz respeito ao ego? Pois bem, amigo, abdique de viver as contradições da razão-controladora, que torna o indivíduo racionalizador, em vez de racional. Projete-se, audazmente, no campo espectral dos paradoxos, onde a perda do aparente leva ao essencial, e onde a fuga do linear conduz ao complexo, na trajetória magnífica da transcendência.

Quando você se perceber ansioso demais, tensa demais; estressado excessivamente, angustiada exacerbadamente, hora de contextualizar a sua importância pessoal, no concerto das coisas, lembrando-se de que é, tão-somente, uma peça ínfima, na orquestração dos eventos da Vida.

Ria um pouco de si mesmo. Não se leve tão a sério. Dê um gargalhada sonora, jogue a rotina para o alto, volta e meia, e permita-se ser feliz. Você quer ser feliz ou ter razão? Esta máxima, que parece apologia da irresponsabilidade, equivale a sentenciar: você quer estar em fluxo com os ritmos do universo e da Vontade Divina, ou prefere obedecer ao seu julgamento prévio, suas pré-estipulações de verdade, e, assim, preocupar-se exageradamente, gravitando em torno da própria imagem, reputação e opinião que faz de si mesmo?

Eugênia-Aspásia (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
30 de junho de 2008