por Benjamin de Aguiar.

Ele não era da Terra, mas tratavam-no, amiúde, como se estivesse abaixo do padrão médio evolutivo do orbe. Havia até quem se persignasse e atravessasse a rua, para não cruzar caminho com ele, ao vê-lo na via pública.

O grande Embaixador das Alturas trazia, ocultos, os estigmas da crucificação nos pés, disse, certa vez, João Cuin (um dos biógrafos do famigerado missionário brasileiro), de sua perspectiva bastante privilegiada, pois que fechava o Centro com Chico, nos primeiros anos de sua estada em Uberaba, e ouvia-lhe as confidências mais íntimas (revelação ínsita em seu opúsculo “Chico Xavier Amor e Sabedoria”, que homenageia o Oráculo-Avatar brasileiro do século XX, publicada após o desencarne de Chico, a fim de não constrangê-lo, com essa ordem de publicidade, colhida da própria auxiliar doméstica do Cândido Xavier, que cuidava, diariamente, sob condição de absoluto sigilo, solicitado pelo próprio santo estigmatizado, de um misterioso ferimento em seus pés, que não cicatrizava).

A estigmatização paranormal, inobstante haver casos de histeria e mesmo de mistificação documentados, tem sido, dentro da milenar tradição cristã, relacionada a personalidades excepcionalmente santas, encarnadas na Terra, qual São Francisco de Assis, o primeiro e mais célebre estigmatizado de que se tem notícia. Bem ao gênero de nosso ultracândido e genuinamente humilde Chico Xavier, os estigmas, que costumam aparecer em variada forma, quantidade e profundidade (nas mãos, pés e mesmo no tórax dos que padecem deste símbolo místico de União com o Cristo e Suas Dores Augustas, pela demora do crescimento da Humanidade e seus descaminhos numerosos), manifestaram-se-lhe apenas nos pés, onde se poderiam ocultar do público, com calçados – a Marca Sagrada de sua Autoridade Espiritual de Representante Direto do Cristo Jesus.

Um Anjo esteve entre nós, reencarnado, durante incríveis 92 anos, e foi muito pouco assim reconhecido… Quanta dor moral, para um ser da envergadura evolutiva de Chico, suportar o baixo diapasão mental da Crosta terrena, por quase um século inteiro!…

Controverso, não escondia sua feminilidade de alma de mãe santa (embora não se julgasse santificada), e dele se pensavam e se diziam todos os absurdos caluniosos, qual a obtusa preocupação com a forma como Chico aplicava passes: tocando os que lhe recebiam bênção tão especial (por ser Ele o Canal), a ponto de fazer o ruído característico dos dedos esfregando-se na vestimenta dos beneficiários, da cabeça aos pés, conforme nos relata também João Cuin, que foi testemunha ocular desses eventos. Algo muito lógico, já que a condutividade elétrica, como todos sabem, é muito mais fácil quando há ligação física entre os circuitos, e não apenas “aérea” (demandando, nestes casos, dispêndio maior de forças) – os passes constituem, basicamente, trabalho com energias eletromagnéticas relacionadas ao psicossoma dos atendidos. E defendemos-lhe tal prática polêmica, muito embora respeitemos e sugiramos, em nossa Casa, o passe sem toque, para que as fraquezas humanas não adentrem, de parte a parte, comprometendo o sagrado ministério que se exerce neste instante de reverência e recolhimento. Mas… Chico era Chico… Seres superiores não podem ser medidos pela mesma régua com que se avalia a média planetária, da mesma forma que não se faz a análise de um estudante do ensino superior com exames produzidos para o curso elementar.

Certa feita, um desatinado – manietado por Forças das trevas, através de suas chaves de sintonia psicológicas destrutivas (com responsabilidade integral, portanto, diante do ocorrido) – adentrou o Centro em que Chico laborava, de arma em punho, ameaçando, em altos brados, que dispararia ali mesmo. (Chico sofreu três tentativas de homicídio, durante sua existência física – pelos menos, as que foram registradas por seus biógrafos principais.)

Enquanto a multidão se espavoria, Chico recostou a cabeça sobre os braços, em visível atitude de prece, como pensaram amigos e circunstantes… Em pouquíssimos minutos, no tempo em que o destrambelhado das faculdades de bom julgamento ainda se confiava a seu desmazelo comportamental, uma viatura policial parou à porta, e dois oficiais entraram celeremente no recinto, imobilizando o infeliz irmão em Cristo.

Os diversos convivas do banquete espiritual, com as Luzes que manavam do Alto, na presença de Chico Xavier, ficaram pasmos com tão feliz “coincidência” e logo clamaram (os mais extrovertidos) efusivamente, diante da maravilha daquele perfeito “timing”, como diriam os norte-americanos.

Ante tais interjeições, ditas com muita veemência (e gratidão), os dois policiais menearam a cabeça e disseram, em palavras semelhantes às que seguem:

– Não, não! Não foi uma coincidência! Chico Xavier esteve em nosso posto de plantão policial e nos avisou do que estava ocorrendo. Foi o tempo de entrarmos no veículo e chegarmos aqui o mais rápido que a máquina permitiu.

O pasmo percorreu o ambiente. Os dois plantonistas ainda não se tinham dado conta do extraordinário que ocorrera, em meio à multidão apinhada, que se acotovelava para se aprochegar do grande medianeiro.

– Como assim? – disse o mais disposto. – Chico está aqui conosco, sentado à mesa… em prece…

E apontou para Chico Xavier, no exato instante em que ele retornava de seu recolhimento.

– Mas isso não é possível! – bradaram os policiais. – Nós dois o vimos, em carne e osso, nos chamar e descrever a ocorrência, e verificamos que, de fato, acontece aqui exatamente o que ele nos contou, lá no posto!

Voltaram-se todos para Chico, com olhar expectante, aguardando a resposta, e a alma santa de Cândida, a Preferida de Jesus, disse, tão só, numa magnífica demonstração de humildade, ao perfeito mineirismo do interior:

– Uai, gente! Vamo’ deixa’ isso p’ra lá!

E, imediatamente, reconduziu os trabalhos mediúnicos à sua normalidade.

O fenômeno que se deu foi de bicorporeidade ou bilocação – a presença física de alguém em dois lugares, simultaneamente (os policiais não eram médiuns psicovidentes, para verem Chico em mero desdobramento da consciência: viram-no MATERIALMENTE) –, fenômeno raríssimo, que só pode ocorrer com Espíritos extremamente adiantados para os padrões da Terra. Registrado, com segurança, só se tem mais um evento semelhante e mais famoso: o de Santo Antônio de Pádua, que oficiou uma missa na Itália, enquanto visitava seu pai em Portugal.

Ah!… pobres daqueles que, em vez de usufruírem tamanho estímulo evolutivo, qual a proximidade com estes Representantes das Alturas, colocam-se contra os Embaixadores das Faixas Mais Elevadas de Consciência. Não têm ideia da nuvem de carma que acumulam sobre suas cabeças, para esta vida mesma!… E, depois da morte, que a Divina Misericórdia os valha, amenizando o efeito automático de suas escolhas infortunadas.

Os grandes mestres reencarnados não fazem pose de santo. Não fraudam. Eles são, simplesmente. E, como são, em vez de representarem o tipo que se espera deles, normalmente ferem as convenções estabelecidas de sua época, e causam toda ordem de escândalo. Mas, conforme disse Nosso Senhor Jesus: “Ai daquele(a) por quem vem o escândalo…” Ai daqueles que, em vez de reverenciarem, para melhor aprender com os Enviados de Cima, apedrejam-nos e tentam denegrir sua imagem…

(Texto redigido em 15 de março de 2011.)


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