Lamentamos, profundamente, o desenrolar dos últimos momentos, na última sexta-feira 31 de janeiro, na VI Semana da Visibilidade Trans (SVT), no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe, campus São Cristóvão.

O evento foi registrado, na íntegra, por nossa equipe, em áudio e vídeo, e acompanhado por mais de duas centenas de pessoas na plateia, inclusive autoridades acadêmicas da UFS.

Convidado pelos(as) organizadores(as) do evento a fazer parte da ocasião – em sistema de “mesa”, com um professor da UFS e mediado por uma mulher trans, militante da causa transfeminista –, o fundador-presidente de nossa organização aceitou participar da atividade, de bom grado, como notório e aguerrido defensor da causa LGBTQI+, num meio em que, em particular, isso é raro: o da Espiritualidade.

O Instituto Salto Quântico, todavia, é desvinculado de religiões formalmente organizadas, desde 2008. No mesmo ano, seu fundador-presidente declarou-se publicamente homossexual. Em 21 de junho de 2009, celebrou a união conjugal com seu atual esposo, união essa formalizada em matrimônio civil, em 2013, poucos meses após haver permissão, no Direito pátrio, para o casamento igualitário.

O sistema de perguntas por escrito foi acordado previamente com os(as) organizadores(as) do evento. É um método, por sinal, muito utilizado, tanto no meio acadêmico como fora dele. As perguntas poderiam ser feitas por qualquer pessoa da plateia. A primeira pergunta a ser respondida, a propósito, foi de uma mulher trans, convidada a se levantar diante de todos(as), caracterizando, mais ainda, a visibilidade trans.

Uma outra mulher trans, que estava no ambiente desde o início da palestra, declarou a integrantes de nossa equipe que iria fazer sua pergunta oralmente de qualquer forma, contrariando a organização do evento, ou faria um escândalo ali mesmo, o que de fato acabou acontecendo, na antessala do auditório, para onde ela se houvera dirigido, por conta própria.

No transcurso da palestra, fomos surpreendidos(as) por um ruído externo ao auditório. O palestrante, ao ser informado, por um diretor de nossa equipe, de que a confusão se dera a partir do desejo dessa segunda moça trans de fazer sua pergunta diretamente ao microfone, imediatamente ignorou o acertado entre ele e os(as) organizadores(as) do evento e solicitou que ela fosse chamada de volta ao auditório e formulasse sua pergunta ao microfone. Ela então foi conduzida pelo próprio esposo do palestrante, até as proximidades da mesa, e fez a pergunta, de viva voz, como desejara, diante de todos(as).

Antes de o palestrante ser informado do que acontecia, nossa equipe de voluntários(as), junto à da SVT, tentava dialogar com a jovem a respeito das regras previamente estabelecidas, a fim de que ela mantivesse um mínimo padrão de serenidade para poder reentrar no auditório e assim não comprometesse o andamento das falas dos dois palestrantes, já que havia barulho e exaltação emocional causando fortes desconfortos a todos(as) os(as) presentes.

Reiteramos nosso pleno e ferrenho apoio à causa LGBTQI+, com destaque, neste momento, à da Visibilidade Trans.

Cremos que, com essa perspectiva mais completa dos acontecimentos – corroborada por registros audiovisuais de todo o evento, como asseveramos acima –, tenhamos elucidado a questão.

Mais uma vez, manifestamos nossa profunda lamentação pelos desconfortos sofridos pelos(as) presentes – pertencentes ou não à nossa organização –, e esperamos que triunfe o bom senso de unirmos forças pelo ideal do bem comum.

Instituto Salto Quântico
Aracaju, 4 de fevereiro de 2020