Chegamos ao local adrede definido, nas faixas extrafísicas do globo, para a sagrada Interação Espiritual, à hora e dia da semana de praxe. Esperamos um pouco mais que o habitual, mantendo-nos em prece, meus(minhas) companheiros(as) na tarefa de comunicação mediúnica e eu, desta feita perfazendo um conjunto de pouco mais de uma dúzia de amigos(as) deslindados(as) do casulo de carne.

Após um quarto de hora, a Mãe Maior da humanidade terrena apareceu-nos, envolta em luz esfuziante, com tons variados e em jatos que se afiguravam mais faiscantes e vivos, passando a nos dizer, por telepatia, com peculiar serenidade bondosa, o que se segue, em palavras aproximadas para o vernáculo lusófono:

Piedade para com o orgulho dos(as) narcisistas honestos(as), que almejam realizar o bem em larga escala, ainda que sem essa intenção declarada a si mesmos(as).

Muitos(as) deles(as) são apegados(as) ao poder, às posses ou à imagem de excelência pessoal. No entanto, têm o sincero anseio de prestar serviços de qualidade e em grande medida, a benefício de comunidades inteiras, amiúde sacrificando aspectos significativos de suas vidas para desdobrar, a contento, a obra parcial de Deus confiada a suas mãos – embora, comumente, não notem haverem recebido de Cima tal desígnio.

Entre esses(as), contam-se magnatas do universo empresarial, políticos(as) e administradores(as) públicos(as) de renome, artistas e intelectuais de vulto e, evidentemente, líderes espirituais proeminentes.

Por outro lado, em meio a tantos(as) que se julgam humildes (ou apenas querem aparentar humildade) e supõem que não têm grandes pretensões de fazer muito do bem que sabem ser seu dever ofertar ao mundo, por reclamo de suas consciências, encontram-se medonhos simulacros de virtude, que mascaram, frequentemente até para si próprios(as), a vaidade de parecerem despretensiosos(as) e o apego demasiado à tranquilidade de uma rotina sem sobressaltos, mesmo que monótona e vazia.

Recordem-se do Mestre Jesus, cercado de homens e mulheres “pecadores(as)”1 – esclareça-se: tão só, em muitos casos, não seguidores(as) das regras morais estatuídas naquele tempo e cultura; a propósito, inválidas atualmente, em sua quase totalidade.

E, para além dessa atitude já ousada e controversa, o Cristo Verbo da Verdade, em certa ocasião, chegou a asseverar às autoridades das classes dominantes de Israel, ciosas de sua decência e pureza doutrinária, que seriam elas precedidas, no “Reino dos Céus”, por meretrizes e publicanos – estes últimos, inclusive, tidos à conta de traidores da pátria judaica, cobradores de impostos por Roma.2

Observem que qualificamos como “honestos” os indivíduos que aqui procuramos dignificar. Não se trata, portanto, de quaisquer personalidades narcisistas ou egoicas, normalmente tomadas por ímpetos selváticos e perversos de supremacia e ganho pessoais, em detrimento dos direitos e sentimentos de terceiros.

Assim eram os(as) fariseus(eias) hipócritas, tão condenados(as) por Jesus. Simulavam uma hombridade que não possuíam, para auferir vantagens exclusivamente individuais ou relacionadas a seu circuito de interesses. Se necessário à consecução de seus vis desideratos, ignoravam completamente o sofrimento alheio. Alguns(umas) até mesmo se compraziam em gerar um rastro de desgraça nas existências de irmãos e irmãs em humanidade. Esses(as) crassos(as) agentes do mal pululam no orbe, ainda hoje, lamentavelmente.

Defendemos, sim, os(as) narcisistas que desejam promover o bem e se empenham, efetivamente, em concretizá-lo, apesar de se reconhecerem falíveis, toldados(as) de imperfeições variadas e prenhes de ingentes limitações evolutivas, condição da qual ninguém escapa, no contingente populacional terrícola do domínio material de vida dos dias correntes.

Precisamos dessas almas que, conquanto se considerem especiais dalgum modo, são decentes e demonstram coragem e disposição de mover as roldanas das grandes realizações, no plano físico. O idealismo puro e a santidade não existem na Terra, ao menos não como se imagina ou nas proporções imprescindíveis para manter as demandas que sustentem, de forma regularmente funcional e próspera, esse periclitante planeta.

Em contrapartida, a preguiça e a covardia casadas ao comodismo das conveniências pessoais e de grupo, em nome de uma pseudo-humildade ou de uma suposta maturidade psicológica, fazem estragos tremendos às subidas missões do Alto, causando prejuízos incalculáveis ao progresso e ao bem-estar de milhões de criaturas, encarnadas e desencarnadas, com resultados desastrosos, em efeito dominó, para as futuras gerações…

Fatidicamente, esses(as) mesmos(as) desertores(as) padecerão as dolorosas consequências de suas más ações e negligências, quando precisarem reencarnar numa civilização que poderia estar melhor, se houvessem feito algo ou um pouco mais da parte que lhes cabia, no concerto das conquistas e patrimônios coletivos de desenvolvimento, em todos os campos do saber e atuação humanos.

Dito isso, Nossa Mãe Crística desfez-Se ao espectro de percepções de nossos espíritos, retornando às Esferas Sublimes de Consciência, d’Onde manam energias vitalizadoras e orientações espirituais para os bilhões de seres em estágio humano de evolução que se debatem e sofrem por crescer intelecto-moralmente, neste minúsculo corpo planetário, a despeito de, trágica e costumeiramente, ignorarem os alvitres que lhes propiciariam níveis mais altos de acerto e autorrealização, agindo, dessarte, contra suas mais importantes e profundas aspirações, enquanto ironicamente presumem estar-se provendo do melhor.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
13 de outubro de 2013

1. Lucas 15:1-2.

2. Mateus 21:31.


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