Benjamin Teixeira
pelo espírito
Gustavo Henrique.

Não há médium ostensivo, em teu grupo espírita de estudo e reflexões?

Isso não é matéria essencial. Médiuns, em sentido amplo, todos somos, pelas vias da inspiração, para colher a orientação dos mestres de freqüências mais elevadas de consciência, em ressonância com o bom senso e os ideais mais altos que nos vibrem n’alma. Uma oração feita com sinceridade ou a troca de idéias, desdobrada com desejo sincero de permutar conhecimento para engrandecimento pessoal quanto geral, podem, portanto, perfeitamente, contar com a assistência de mentores de nosso domínio de existência, que favorecerão o melhor aproveitamento possível da oportunidade de interação fraterna de aprendizagem e prece, por meio da insuflação sutil de conteúdo mental. Mormente, na prática do socorro indistinto aos que dele precisam – seja na distribuição de gêneros alimentícios, peças de vestuário, medicamentos ou outras utilidades materiais, seja na oferta de auxílio psicológico, espiritual ou moral, no aconselhamento, na escuta amorosa ou na visita fraterna –, haverá a certeza da atuação da Espiritualidade Sublime, que sempre secunda os esforços dos que se dedicam à vivência e multiplicação do amor incondicional.

Ademais, há material escrito, na literatura clássica, e nova produção psicográfica (como o deste sítio eletrônico), à disposição do companheiro e seus condiscípulos de ideal, para que não só as meditações não sofram solução de continuidade, mas também recebam o bafejo de concepções inovadoras e respostas para os desafios e provocações atuais, segundo a ótica espiritista que um homem ou mulher contemporâneos podem adotar. Logo, não tornes este escolho elementar – a ausência de canais vivos com a nossa dimensão de serviço – um óbice inamovível às tuas iniciativas do bem, pois que o escopo do Espiritismo e de todo culto religioso genuíno é fomentar o amadurecimento das consciências de seus participantes e motivar-lhes à prática da benemerência.

Por outro lado, compreende que médiuns alinhados com a Espiritualidade Maior e devidamente aparatados para a recepção de orientações abalizadas, que de fato façam avançar o edifício das idéias espíritas, são muito raros. Em contrapartida, campeiam os que, à caça de emoções passageiras no campo fenomênico ou empolgados pelo prurido inconfessável de celebridade, desdouram a sagrada faculdade de comunicação, semeando conceitos impróprios ou mesmo completamente equivocados, no seio de comunidades crédulas, que se perturbam sob sua influência. Para captar o fluxo de pensamento dos grandes professores das faixas excelsas de Vida, são imprescindíveis, além da óbvia aptidão para um claro intercâmbio com nossa dimensão, pré-requisitos muito específicos e dificilmente encontráveis todos, simultaneamente, numa mesma pessoa: cultura geral, atualização científica, bom padrão de inteligência e, principalmente, sinceros sentimentos, no campo do ideal de servir à coletividade, com os melhores esforços de si mesmo e sacrifício, se necessário, do interesse pessoal. Indispensável, ainda, um profundo autoconhecimento (para discernir, com nitidez, o que provém das inteligências desencarnadas do que é oriundo dos intrincados meandros do próprio inconsciente) e a despreocupação, por parte do medianeiro, de corresponder às expectativas de terceiros, bem como a disposição para sofrer ataques injustos e calúnias nefandas, eis que, amiúde, será levado a propalar princípios que contrariam interesses constituídos, inclusive de agrupamentos ou organizações que se apegaram ao passado, num espiritismo que nunca poderia estar preso a preconceitos de tempos idos (nem mesmo a posturas discriminatórias do presente). Isso nos leva a concluir, então, que, a contar com médiuns precários, anímicos ou obsediados, melhor não os ter, e prosseguir estudando as obras de procedência segura.

O trabalho de incorporação de sofredores – em reuniões mediúnicas sérias de desobsessão – e o serviço de ministramento de passes, contudo, podem acontecer sem a atuação direta de médiuns instrutores, digamos assim, aqueles que são responsáveis pela canalização de obras de orientação para as massas. Receber sofredores das faixas astrais de consciência, cedendo o corpo e a alma para que se manifestem diretamente, no plano físico, e sejam tratados, enquanto se beneficiam das emanações energéticas do corpo do médium psicofônico; tanto quanto ofertar forças psíquicas aos manipuladores-curadores de energias de nossa esfera de ação, no socorro aos irmãos encarnados, através da articulação do passe, são duas atividades de significativo valor e merecimento, para os que a elas se dedicam, devendo ser mantidas por todo grupo sério que venha se empenhando, há algum tempo, no estudo e na prática espíritas, com responsabilidade e decoro.

(Texto recebido em 5 de março de 2008. Revisão de Delano Mothé.)