Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Há mistério em tudo que se faz. A Natureza está envolta, ainda, em um manto de enigmas. A Ciência – e a tecnologia em seu encalço – deu saltos evolutivos extraordinários, mas talvez para testificar o quão complexa é a Criação divina, e respaldar o sentimento de reverência, a experiência mística de busca do Divino, do espiritual.

Usamos, na Terra, por exemplo, a eletricidade há bem mais de um século. Mas o que seria ela, realmente, em última análise? Uma forma de energia? E o que seria energia? Uma forma de força? E o que seria força? Chega sempre o instante em que, se o indivíduo for realmente lúcido, racional e isento, em sua observação científica dos fatos, as perguntas caem num vazio sem resposta. É nesse instante que a inteligência exige a busca de um referencial maior, algo que transcenda o relativismo grosseiro das percepções humanas.

Fazemos uso de fenômenos e realidades diversas, mas não lhes conhecemos a essência, e, do mesmo modo, também desconhecemos a nossa própria essencialidade última. Como no caso acima, dominamos um conjunto de propriedades da eletricidade, para fins pragmáticos; todavia, em suma, escapa à nossa capacidade cognitiva o que de fato seria a eletricidade.

Aprenda, caro amigo, a reverenciar o Sagrado. Um Ser prodigiosamente Inteligente oculta-se por detrás do véu do incognoscível. Ainda haverá daqueles a argumentarem que a Ciência avançará o suficiente para dar resposta a tudo – talvez, tão-somente, para conceder à generalidade dos seres humanos tanta introvisão quanta propiciou a Einstein, que asseverou, certa vez, que o Mistério Maior jamais seria devassado.

Cuidado com a arrogância e pretensão pueril dos que não percebem que a Ciência tem poucos séculos de vida, em confronto com as Tradições Espirituais de todas as culturas, que datam de vários milênios de acúmulo de saber, reflexão e insights de homens doutos e luminares de todos os tempos. A ciência não pode negar a Natureza, mas sim decifrá-la. E, assim como a busca do Divino é uma característica antropológica indissociável da condição humana, isso logo ficará claro para o mundo acadêmico. Não por acaso, uma série de departamentos do atual mundo científico está repleto de novas perspectivas espirituais para o gênero humano, como a Física Quântica, a Psicologia Transpessoal e mesmo a Antropologia, todas afirmando, categoricamente, que o mundo físico não enfeixa tudo que existe, quer esse pano de fundo que subjaz ao visível seja denominado de vácuo quântico, quer seja entendido como inteligências de faixas transpessoais de consciência, ou ainda como fenomenologia xamânica.

Pense bem, prezado amigo, se pretende ficar na retaguarda da evolução humana, aficionado pelos fósseis ideológicos do materialismo e seus corolários, ou se prefere lançar-se à vanguarda, contribuindo para a própria e a felicidade de outras pessoas, através da dinamização completa de sua totalidade psicológica, começando pela dimensão pessoal, perpassando pela interpessoal e desembocando no riquíssimo universo do transpessoal. A escolha é sua.

(Texto recebido em 17 de setembro de 2000. Revisão de Delano Mothé.)