Perguntam-me se temos como perdoar.

Essa pergunta, no meu entender, soa disparatada.

Claro que temos como – devemos. Ao ceder o perdão a alguém, sobremaneira amigos em ideal, estamos concedendo-o a nós próprios.

E se há daqueles que sofrem um deslize aqui ou ali que consideremos um pouco maior, não sabemos em que medida não incorremos no passado em outros ainda mais graves, e nos em que ainda podemos hoje mesmo ou no futuro resvalar.

No final das contas, esquecer as ofensas que porventura nos tenham feito equivale a balsamizar as feridas de nossas próprias almas, ulceradas por séculos de desmandos que, ainda hoje, teimamos em prolongar.

No comportamento do irmão ao lado, vemos um reflexo de nossas próprias necessidades evolutivas a serem atendidas, de nossas mazelas morais a serem sanadas. Vivemos relações-espelho em muitas situações e, embora não portemos sempre as falhas que percebemos fora, portamos outras, às vezes piores ou menos desculpáveis, assim perdendo autoridade de condenar. Estamos numa grande escola planetária, sem ases excepcionais de virtude, constituída de enorme grupo de discípulos, com pontuais monitores de aprendizado.

Além do que, todos sofremos a urdidura malévola, as estratégias maquiavélicas de inimigos e organizações criminosas da dimensão extrafísica de vida, que nos aturdem com suas influências perturbadoras, amiúde dificultando-nos o raciocínio claro, potencializando-nos tendências menos dignas e lançando-nos ao precipício de quedas evitáveis. A responsabilidade, porém, por tudo que nos acontece, continua sendo nossa, já que podemos e devemos buscar a assistência do Plano Superior de Consciência, que compensa todas essas insuflações mentais venenosas. Mas, mesmo assim, é difícil não se sofrer, aqui ou ali, um deslize em sugestões do mal, podendo, qualquer um de nós, acabar vítima de terrível armadilha das trevas.

Precisamos ser enérgicos, algumas vezes, após termos tentado infrutiferamente, outras táticas de resolução de pendências, a fim de que não sejamos negligentes com a parcela de responsabilidade que a Divina Providência nos confiou. Mas isso nada tem a ver com sermos intolerantes uns com os outros ou descartarmos pessoas de nossas vidas. Podemos nos distanciar delas, quando há a perda da confiança, mas jamais extirpá-las de nossa alma, com os tóxicos do ódio, do rancor, da mágoa ou do desejo de vingança. As diversas problemáticas psicossomáticas oriundas da falta de perdão bem atestam a quem prejudica o não desculpar – entre elas, o reumatismo, a depressão e o câncer. Perdoar, assim, no mínimo, é uma forma de egoísmo e cuidado com nós próprios, a fim de que possamos isolar o poder do outro de nos atacar e fazer mal. O perdão constitui uma forma de bloquearmos a força do mal que nos aflige, ao passo que não perdoar corresponde a vingarmos em nós mesmos o mal que outrem nos fez, punindo-nos após já termos sofrido uma injustiça – e maltratando-nos justamente por causa da injustiça –, como se, depois de havermos sido esfaqueados, revolvêssemos a lâmina na própria ferida.

Não se trata o perdão, portanto, de iniciativa extraordinária ou de virtude especial, conduta louvável ou meritória propriamente, mas sim um dever cristão e um signo elementar de maturidade e bom senso. Somente um louco poderia se julgar, na Terra, alma pura cercada de pecadores. Todos somos pecadores e, aos olhos de Deus, nunca saberemos quem, de fato, está errando mais. Muito provavelmente, se tomássemos a perspectiva, não digo nem de Deus, mas de nossos mentores espirituais, por um instante que fosse, tomaríamos grandes surpresas, já que, frequentemente, algumas vítimas têm mais responsabilidades e, portanto, mais compromissos e deveres no sentido de acertar e exemplificar o bem.

Assim, cabe-nos, nessa aduana de mudança de fascículo no calendário gregoriano-cristão que seguimos, em que a energia coletiva se congrega, em função das expectativas pelo ano vindouro na iminência de começar, criar disposições sinceras de mudança, de reconciliação e de realização, em proporções equilibradas, que não comprometam o andamento perfeito da carruagem de nossa evolução, bem como das atividades e compromissos a nosso encargo.

Quero desejar, assim, a todos os nossos internautas, em nome dos queridos, amáveis e sábios mentores espirituais, que dirigem e supervisionam as atividades que acontecem por meu intermédio, bem como dos que me assessoram de modo mais direto, um feliz ano novo, próspero e pacífico, com a obrigação de fazermo-lo assim, em vez de esperar que aconteça, miraculosamente, de braços cruzados.

Desejo, outrossim, agradecer a colaboração generosa de todos que cooperaram com o Salto Quântico neste ano de 2002, desde patrocinadores a voluntários “teens”, na convicção tranqüila de que o que fazem por esse projeto de divulgação de ideais libertadores de consciências voltará fatalmente, em direção a eles, em bênçãos e graças de todas as ordens para suas vidas, já que estão se tornando credores de Altas Inteligências do Mundo Invisível, que, de modo seguro, retribuir-lhes-ão pelo bem que fazem aos milhões de pessoas hoje atingidos pelo programa de TV que é transmitido em rede nacional de televisão.

Peço, por fim, o obséquio especial das preces dos queridos companheiros de ideal, das almas bondosas e dos corações que se afinam com nosso trabalho, a fim de que possa acertar mais e errar menos, nessa obra em que, em tese, não deveríamos cometer erros, por pertencer a Deus, mas na qual ainda assim escorregamos em faltas, pela nossa condição humana muito precária (falando em particular de minha pessoa).

Fazendo votos de muita paz e felicidade, para você e seus familiares,

O Irmão em Cristo,

Benjamin Teixeira de Aguiar
Aracaju, madrugada de 31 de dezembro de 2002