(Entrevistando Benjamin Teixeira – 03.)

Equipe Salto Quântico e
Benjamin Teixeira.

(Equipe Salto Quântico) – Benjamin, algumas pessoas, escutando as gravações mais recentes de suas incorporações públicas do Espírito Eugênia, estranham-se por não ouvir uma voz mais feminina, por não perceberem uma mudança mais radical de forma de se expressar, etc. Você poderia dizer alguma coisa sobre isso?

(Benjamin Teixeira) – De fato, em minhas primeiras incorporações públicas da Grande Mestra desencarnada, a modificação de tônus vocal e maneirismos eram tão intensos, que os circunstantes pasmavam deveras. Durante toda a primeira década de trabalhos mediúnicos, permiti que o fenômeno acontecesse de forma pura, sem muitas interferências minhas, a não ser em casos mais graves, como quando entidades desejavam dizer impropérios aos presentes ou agredi-los. As cambiantes de manifestação eram tão dramáticas, numa mesma reunião de desobsessão, que um dos companheiros disse-me, certa vez: “Benjamin, se isso não for manifestação mediúnica, ainda que se considere provindo de seu inconsciente, você mereceria todos os prêmios possíveis, em todas as categorias, de atuação excepcional. É impossível alguém mudar tanto, de momento a outro.”

A partir do início desta década, porém, quando comecei a ficar mais seguro na administração de minhas faculdades de comunicação com o Outro Plano de Vida, podendo intervir, conscientemente, sem suspender o transe (se eu interferisse antes, simplesmente a manifestação era interrompida), passei a suavizar os comunicados, prestigiando a educação, a elegância e toda forma de civilidade, inclusive das mais grotescas entidades que são trazidas a tratamento, pelas Autoridades da Dimensão Sublime, em nossas reuniões de intercâmbio entre domínios de existência.

Assim como a maquiagem ou a cirurgia plástica, em nível de excelência, são imperceptíveis, tanto quanto a atuação brilhante de um ator é aquela de natureza mais realista, qual a utilizada no cinema norte-americano, também as incorporações e demais manifestações mediúnicas devem pender para uma tal naturalidade que somente com apurada observação perceba-se a sua função ativa. É muito comum, por exemplo, que, hoje, passados 21 anos de trabalho com a Mestra desencarnada e seus auxiliares, no curso de palestras públicas ou mesmo em conversações “prosaicas”, os professores da Espiritualidade se interponham às minhas falas, enxertando conceitos importantes, a serem assimilados pelos presentes, elucidando pontos duvidosos, dirimindo conflitos. Às vezes, ao receber ou fazer visitas, sou “tomado a falar”, e as pessoas começam a sorrir ou se emocionar, sem que uma plena psicofonia aconteça. Pelos canais da inspiração, os orientadores espirituais da família ou de nossa Organização se aproveitam para dar seus “recados” confortadores ou esclarecedores. Por sinal, de ordinário, isso acontece com qualquer pessoa bem-intencionada. Apenas, a inspiração e a intuição, no meu caso, que trabalho ativa, profunda e intensamente com os mestres da Espiritualidade, fazem-se mais “vivas e coloridas”, digamos assim.

Não estou com isso querendo afirmar que as manifestações mais intensas sejam propriamente erradas, nem muito menos constituam fraudes. Não só eu mesmo, no início de meu trabalho técnico com a mediunidade, apresentava uma alteração maior de personalidade, entonação vocal, maneirismos etc., como ainda hoje, em ocasiões especiais, os instrutores das Esferas mais Altas de consciência pedem seja isso feito, com fins específicos. Há médiuns abalizados e experientes que, inclusive, fazem perdurar estes padrões, quase como vícios ou automatismos de transe. As incorporações de pretos-velhos, no meio do sincretismo afro-brasileiro, e as de Bezerra de Menezes, no âmbito espírita convencional, bem demonstram o que pretendo dizer. Alguém certa vez incorporou de determinada maneira, e, inconscientemente, os outros médiuns acabam por reproduzir o mesmo padrão de expressão, por supor que aquilo indica a presença da tal entidade. No caso dos pretos-velhos, nem mesmo negros às vezes são, muito menos falam o Português errado, embora grandes mentores espirituais gostem de apresentar tez escura, para a ruptura de incompreensível racismo em alguns ambientes, assim como anjos de grande elevação amiúde desconhecem o nosso idioma, fazendo uso do vocabulário do próprio intermediário para se comunicar.

Tanto os pretos-velhos, com seu Português prenhe de corruptelas, como Bezerra de Menezes, parecendo um velho caquético, encurvado, voz embargada e abafada – ambos extremamente caricaturais –, despertam mais desconfiança nos cépticos do que inspiram fé, propriamente, por muito se aproximarem de representações de atores, e, por sinal, atuações grosseiras. Logo, devem ser evitadas ao máximo. Dois esforços são extremamente importantes, no trabalho do refinamento da expressão medianímica, em termos fenomenológicos – curiosamente, ambos contrariando o que se imagina, popularmente, ser um transe mediúnico de alta qualidade: 1) o médium deve se esforçar por permanecer consciente; 2) o médium deve procurar manter suavidade na mudança de entonação vocal e outras peculiaridades características a uma comunicação de outra personalidade, para que se evidencie o que se deve apresentar: as mudanças de energia e padrão psicológico – estas, sim, duas características genuínas do fenômeno mediúnico. Para um bom observador, inteligente, culto, perspicaz e malicioso, fica muito claro, por exemplo, quando Eugênia se manifesta por meu intermédio, que se trata visivelmente de outra personalidade, muito superior à minha, a se comunicar. Seria um elogio irrealista supor que eu poderia construir tal mudança substancial de natureza psicológica, no espaço de segundos. O nível de sabedoria, a clareza das idéias, a facilidade para abordar questões complexas com didatismo, a naturalidade com que faz imbricações e interrelações transdisciplinares, o humor delicado e fino, a profundidade e espontaneidade assombrosas com que decodifica símbolos do cotidiano, aparentemente desprovidos de significado ou propósito, e, principalmente, o amor, as colocações sublimes, a Luz Espiritual que jamais se poderia atribuir a mim, como pessoa tão comum. E note-se: sou já inspirado por Ela, quando falo por mim mesmo, o que significa que a diferença poderia ser ainda mais gritante se a adorável Preceptora surgisse nas incorporações, sem trabalhar comigo n’outras ocasiões. No entanto, é suficientemente óbvio como outra inteligência, sublime e superior, aparece por meio de minhas faculdades mediúnicas (lamentavelmente empobrecida por meus filtros mentais), quando estou em pleno processo de psicofonia eugeniana.

Há ainda certas pequenas particularidades da articulação das palavras, ou da musicalidade da voz na cadência das frases – apesar de inexoravelmente meu sotaque nordestino ainda transparecer, por eu estar consciente e ativo na filtragem do transe (suavizado, porém), e a despeito de a grande Benfeitora me dizer (o que considero gentileza de Sua parte e não uma informação precisa) que Ela mesma porta certa fonética luso-brasileiro-nordestina, na pronúncia do vernáculo pátrio, por trabalhar no Nordeste brasileiro há muitas décadas, naturalmente absorvendo um pouco de nossa musicalidade peculiar. Mas todos estes elementos são secundários. Como dizem os mais próximos, nada é comparável à energia de amor que pervaga o ambiente, sobremaneira nas ocasiões em que Ela “desce” – ou seja: nos episódios de incorporação em que, em vez de se exprimir à distância, como se fizesse uso de um sistema de controle remoto por via radiofônica, Ela própria visita, com seu corpo espiritual, o local em que fisicamente me encontro, no instante da psicofonia. O dia 8 de junho de 2008 (há exatos 11 meses) foi um destes históricos: Eugênia conseguiu fazer toda a platéia de mais de 200 pessoas chorar, inclusive machões-padrão do Nordeste brasileiro. Inúmeros amigos íntimos, que nunca vira comovidos, estavam com os olhos inchados, quando saí do transe. Sei que é dispensável dizer que as pobres das amigas mulheres presentes encontravam-se transtornadas de emoção: fomos todos transportados ao Paraíso. Algo, de fato, indescritível em linguagem humana. Somente quem presencia o fenômeno pode compreender o que digo agora.

(ESQ) – Benjamin, desculpe-nos controverter, mas soubemos que um grupo próximo a você protestou, durante muito tempo, pedindo-lhe que deixasse a voz mudar, sempre que a Mestra da Espiritualidade Sublime se manifestasse, para favorecer a “sensação” de Sua presença. Um deles chegou a dizer que achava estranho uma “Mãe do Céu” ser ouvida com voz de homem na Terra.

(BT) – Eu é quem peço minhas sinceras desculpas aos mais puristas do fenômeno mediúnico integral, mas o que tenho percebido é que uma voz masculina em falsete não constitui uma voz de mulher. Não se pode ignorar que é sempre a minha voz a ser articulada, do aparelho fonador de um homem no corpo físico. Este fato não deve ser esquecido, e olvidá-lo implica, por exemplo, imaginar-se que meu inconsciente não possa, em nenhum momento, interpolar-se, interferir ou distorcer o pensamento da Mestra santa, o que é passível de ocorrer em qualquer tempo e, em termos absolutos, acontece continuamente, mas em percentuais mínimos – por experiência minha, como médium, e d’Ela, como “controller”, em me conduzir como “sujet”, na sinergia criada entre nós dois, no correr de vinte e um anos de contatos mediúnicos conscientes, até que surgisse, há alguns anos, o estado de “mediunato” em que vivo com o Guia espiritual, mentalmente conectados, a todo tempo. E quem precisa ouvir uma voz alterada para acreditar no fenômeno necessita amadurecer seu senso crítico. Um bom ator é capaz de fazer isso; não pode, porém, continuamente, sem texto, agir, falar e exalar sentimentos elevados, em nome de um Ser Superior. Creio que, assim como os artistas plásticos deixaram de pintar retratos a óleo com a pretensão de reproduzir a realidade, quando a fotografia surgiu, em meados do século XIX, igualmente nós, médiuns, devemos fazer todo o possível por nos distanciar de atores e prestidigitadores. Repito: não estou afirmando, com isso, que os que modificam muito a voz ou os maneirismos, e ainda aqueles que perdem parcial ou completamente a consciência, durante seus transes, não sejam médiuns e muito bons médiuns, nem que não sejam sinceros e mesmo assaz idealistas – conheci-os, assim, vários. Todavia, não é neste sentido que demonstraremos, positivamente, a realidade do fenômeno mediúnico e da imortalidade da alma. Muito recentemente, neste ano, é que abandonei, completamente, a preocupação com este aspecto. Mesmo nas incorporações públicas do ano passado, deixava que minha voz subisse um pouco o tom para o agudo, quando Eugênia “vinha” (porque, por uma espécie de automatismo de “espelhamento fisiológico”, se é que posso dizer assim, meu aparelho fonador “encaixava” com o da Professora excelsa, nos pontos de maior semelhança; hoje, porém, faço um esforço no sentido de isso não acontecer, o que não foi fácil, de início), a fim de permitir que as incorporações d’Ela acontecessem como vêm ocorrendo: com naturalidade máxima. A sabedoria e santidade de Eugênia são bastantes para demonstrar a realidade de sua existência, sem que a pirotecnia (no meu entender, patética) de uma impostação vocal diversa precise ser aplicada para colaborar (mesmo porque creio que só atrapalhe, por despertar suspeitas). Há médiuns que ingerem bebidas alcoólicas em larga cópia, dançam a noite inteira por efeito do transe, demonstram força física invulgar… Penso que, em caráter de estudo, todas as demonstrações do extraordinário do fenômeno mediúnico são válidas, mas acredito também, com ainda maior convicção, que será na naturalidade das manifestações suaves e elegantes, assim como a assinatura de Deus em Sua criação (inexistente), que as modalidades mais nobres de comunicação farão sua presença no plano físico de vida.


(Entrevista cedida em 8 de maio de 2009. Revisão de Delano Mothé.)


Aviso do Entrevistado:

Em viagem de trabalho, no meio desta semana (já estarei em Aracaju, para a realização da palestra deste domingo, 17), não foi possível aprontarmos a edição – prometida na mensagem de ontem, por Eugênia – de imagens com a incorporação da médium norte-americana J. Z. Knight, que canaliza a entidade Ramtha. Na próxima semana, a tal edição será disponibilizada no blog da Instituição, acessível pelo canto direito superior da interface deste site.


Convite
:

A ARQUIMILENAR ALQUIMIA dos POLOS PSICOSSEXUAIS.

Do primitivo ao sublime, um estudo sobre a evolução no intercurso entre o masculino e o feminino, nos relacionamentos entre os sexos, na interação destes polos psicológicos no interior da mente de cada criatura, bem como nos complexos processos de intercâmbio mediúnico. Abordagem dentro de uma diretriz prática, com dicas acessíveis, na palestra proferida por Benjamin Teixeira, com participação direta do espírito Eugênia – com sua lucidez, didática e encanto amoroso de sempre, nos 30 minutos finais da reunião pública.
Neste domingo, dia 17 de maio, às 20h, no auditório da Sociedade Semear, Rua Vila Cristina, 148, Bairro São José. Mais informações: 3041-4405 ou perguntas@saltoquantico.com.br.

Equipe Salto Quântico.