Benjamin Teixeira
pelo espírito
Temístocles.

Em época de crise, os alarmistas chegam, pressurosos, e afirmam: Nunca as coisas estiveram tão mal.

Em tempo de prosperidade, voltam eles à baila e dizem, convictos: O período de ventos mansos não demorará.

Em tempo de guerra, então, convertem-se em apologistas da catástrofe, antevendo, em tudo, sinas do apocalipse.

Precavenha-se desses sedutores elegantes. Têm linguagem rebuscada. Apresentam raciocínios brilhantes. Mas, em última análise, não passam de sofistas ensimesmados, mergulhados em fantasias cataclísmicas, perdidos da realidade, semi-enlouquecidos.

Diante do tumulto, do pânico e do desespero generalizados, pense por si mesmo, não admitindo intromissões exageradamente emocionais nos seus processos de pensamento. Todo surto emocional indica fuga à inteligência. Aponha a razão como seu norte, seja crítico e, principalmente, auto-crítico, evite conclusões precipitadas, cheque informações, tanto quanto suas fontes, verifique na prática quaisquer postulações teóricas e, por fim, viva seu mundo conforme seus valores e não conforme a imposição arbitrária de outrem e seu cosmo de sentido sobre seu universo pessoal.

Esse é um caminho para errar menos e acertar mais, quando o otimismo é confundido com ingenuidade e visões pessimistas parecem fadadas à concretização. Não perca de vista esses referenciais. O estouro da boiada já aconteceu e os efeitos da psicologia das massas sob a psique individual, não se subestime, são fortes, exigindo disciplina, determinação e lucidez de quem pretenda enxergar além da poeira emocional da multidão.

(Texto recebido em 15 de outubro de 2001.)