Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Às vezes, um mal-estar é apenas isto: um mal estar. Não se deve exagerar na importância de crises psicológicas brandas, que podem acontecer por tudo e por nada, no dia a dia de pessoas encarnadas num mundo complexo, heterogêneo e conflitivo como a Terra. Assim como nem toda percepção mediúnica é um achado, e nem todo sonho revela segredos espetaculares da alma, igualmente as baixas emocionais podem constituir, tão-somente, um declive natural, no equilíbrio dinâmico da homeostase psíquica individual, em sua interação com um oceano de outras individualidades, com toda sua carga de frustrações, neuroses e necessidades discrepantes.

A etiologia para tais padrões de inconstância emocional é complexa e variada. Entidades malevolentes, frívolas, viciosas e debochadas cercam, entre encarnados e desencarnados, as criaturas que estagiam em corpos de carne no planeta, provocando-lhes intermitências na harmonia íntima. Os próprios fluxos e processos do inconsciente individual detêm primazia nos fenômenos de alteração do humor, e exagerar na especulação quanto a pretensas causas espirituais ou mediúnicas para achaques do emocional seria demonstrar pobreza de compreensão da intrincadíssima máquina do psiquismo humano. Por outro lado, deter-se a todo instante nas eventuais causas internas de tais variações sutis é tão vicioso e impróprio, estreito e unilateral como tudo reputar a influência dos espíritos.

Da próxima vez, portanto, que se vir tomado de súbito mal-estar, verifique se algo de prático, objetivo e imediato pode fazer, no sentido de desfazer sua atuação em si. Não sendo possível imediata resolução, ore, respire fundo e prossiga em suas atividades e responsabilidade rotineiras. Comprometer as disciplinas diárias por cada desgosto interior seria denotar imaturidade maior que de uma criança no ensino fundamental.

Pretender dissecar tudo que se passa no mar profundo das próprias estruturas psicológicas pode ser tão fanatizante quanto quem pensa em causas oriundas do mundo espiritual a todo instante, para compreender qualquer mudança nos estados íntimos e nos eventos externos da vida.

Destarte, cuidado com o vício de se “psicanalisar” a toda hora, bem como aos outros. Muitas vezes, a vida quer apenas isto: ser vivida, porque conteúdos importantes naturalmente tornam a tona, mais cedo ou mais tarde, chamando a atenção de seu agente-paciente, para a indispensável elaboração de suas teceduras.

(Texto recebido em 13 de janeiro de 2006.)

(*) Nova fase de experimentação surge, para a publicação diária de psicografias (incluindo feriados e fins de semana). Esperamos que, desta vez, a iniciativa vingue, na co-produção com os espíritos.

(Nota do Médium)