Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Quando se sentir em luta titânica, talvez o seu erro seja justamente estar em luta “titânica”. A luta não deve ser renhida e sim serena. Se você força, quebra-se, e quebra o que tenta construir.

Lembre-se da metáfora histórica do “Titanic”, o transatlântico para o qual se inventou um novo advérbio: “insubmergível” e que afundou na viagem de inauguração. Tudo que se pretende imbatível faz-se frágil demais, a começar pelo próprio conceito absurdo de onipotência, atributo absoluto, que não pode existir num mundo de relatividades, um apanágio exclusivo do Criador.

Mantenha o espírito combativo, mas sem perder de vista o essencial: estar em fluxo, em sintonia com os padrões de criatividade e vida que regem todos os destinos e fenômenos do universo, direta ou indiretamente, a curto ou longo prazos. Assim, como nas artes marciais, deve haver elegância e auto-domínio, tranqüilidade e concentração, para que os objetivos maiores sejam atingidos, mas jamais estresse, angústia e paranóia, ganância e imprudência, todos fatores de desagregação e perda de “anima”(alma): ânimo, e com ele também se perdem as possibilidades de vitória e as oportunidades de realização.

A intuição, como a inteligência, a concentração e a memória fluem, não são mecânicas. Não são atividades de força e sim de alma. Funcionam como um organismo delicado e não como uma linha de montagem. Se você se deixar conduzir, para os fluxos da paz e do bem estar, tudo mais se resolverá, mais cedo ou mais tarde. Estressar-se, de reversa maneira, não só complica, como atrasa soluções, quando não mesmo as inviabiliza.

Lute, não como um Titan, mas como uma formiga, devagar mas sempre, modesta mas verdadeira, na plena consciência dos potenciais que realmente tem, sem ilusões, mas também sem fugas ou procrastinações, trabalhando pequeno, mas continuadamente; invisível, mas substancialmente.

(Texto recebido em 25 de março de 2003.)