por Benjamin Teixeira


Muito embora o objetivo de estar encarnado e sofrer os efeitos da lei de causa-e-efeito seja favorecer a evolução das consciências, ninguém duvide de que o princípio do carma exista, como se o compreende classicamente – de retorno automático do que se faz aos outros, seja de bom ou de ruim, mais cedo ou mais tarde. Se você está comprometido com a busca espiritual, então, melhor ainda para observar a existência e operação deste princípio universal, porque, para aqueles que estão incursos e engajados, séria e sinceramente, no processo de ascese e iluminação, auto-conhecimento e auto-melhoria, há uma resposta mais imediata e clara deste vetor de organização do universo, como uma dádiva preciosa que favorece a pronta retificação de conduta e rumos, para melhor aproveitamento das oportunidades de aprendizado e realização no campo do bem.

Se tiver alguma dúvida, experimente. Se você for duro com alguém, da mesma forma o universo será duro com você. É justamente quando se é tolerante e compreensivo com as pessoas que o cosmo é condescendente conosco também, sendo até suave e mesmo indulgente na aplicação da lei do carma, amiúde suspensa e convertida em ensejos de fazer o bem (para pagar o mal que se tenha feito ou permitido acontecer), tanto quanto seja possível no caminho da pessoa misericordiosa.

Não seja implacável com ninguém, ou a Vida será implacável com você, como resultado de escolha sua, porque o Criador invariavelmente respeita o livre-arbítrio individual, fazendo cada um aprender com suas próprias atitudes para com os outros. O pensamento de Jesus: “com a medida com que medirdes sereis medidos” é de uma literalidade impressionante. Não queira pagar para ver e crer, porque o preço pode ser alto para você.

Observe com atenção. Eventos aparentemente sem correlação de causa-e-efeito têm-na, neste sentido transcendente: de aprendizado daquele que se arroga em “dono do mundo”, “dono da verdade”, ou “superior aos outros”, uma inclinação maior ou menor em todo ser humano, d’onde provêm, ironicamente, os generalizadíssimos complexos de vítima, em graus e matizes diferenciados ao infinito, já que tendemos a não achar que merecemos passar por certas “humilhações”. E se, em vez de refletirmos com humildade e honestidade para com nós mesmos, optarmos por esta postura psicológica defensiva, então, desperdiçaremos o ensejo de aprender e, com isto, de não repetir as iniciativas que nos atrairão ainda mais infortúnio, quiçá pior do que o que lamentamos.

Quer sair de seu padrão de infelicidade? Gere felicidade na vida de outras pessoas. Quer ser perdoado? Perdoe quem você acha que não merece perdão. Quer ser amado? Seja o primeiro a ofertar amor. Quer novas oportunidades de crescimento e realização? Oferte-as a seus semelhantes, principalmente àqueles a quem está propenso a negar espaço para agir e crescer, dentro de sua esfera de influência pessoal.

Lembre-se de que, para aqueles que estão dispostos a se enxergar sem as máscaras da auto-proteção que o orgulho confecciona para a desgraça do próprio incauto que se confia a usá-las, há sempre meios de se redimir, recomeçar e refazer rumos de vida, compensando-se por eventuais danos causados à vida alheia e à própria.

A vida é dos que confiam em Deus, na justiça do Seu universo-criado e na fatalidade do bem. Quem foca o mal e nele se atém atrai um mal ainda maior para si, até que se sature desta escolha de vida e retorne à origem divina do alinhamento com o bem.

(Texto recebido em 27 de junho de 2005.)

(*) Conversando com “os meus pensamentos” à hora do almoço, num produtivo momento de “solidão”, pedi autorização à orientadora espiritual Eugênia para publicar este breve ensaio, completamente despretensioso, no que diz respeito a trazer a lume novidades, mas importante, por relembrar os incautos da modernidade de algo essencial para sua paz e sua felicidade, sobremaneira nesta era de questionamentos generalizados de todos os princípios e regras sociais, inclusive os religiosos e espirituais.

(Nota do Autor)