Benjamin Teixeira
pelo espírito
Bittencourt Sampaio (*).

Jornalismo é função superior de transmissão de idéias, fatos e opiniões, conforme a ótica dos postulantes a esse ministério subido de informar, instruir e formar mentalidades, de acordo com princípios éticos, visando à elucidação do obscuro, à desmistificação de mentiras, fugazes ou cristalizadas, à conscientização de indivíduos e povos, quanto a seus elevados e inalienáveis direitos de liberdade de pensamento, ação e sentimento.

Lamentavelmente, pela forma como está organizado, dentro dos esquemas do “establishment”, está, amiúde, sujeito a interesses mesquinhos de ordem político-econômica, o que tende a fazê-lo distorcer, aqui ou ali, mais ou menos neste ou naquele particular, as verdades propaladas como genuínas, mas que vêm a público somente após fornadas de adaptação ideológica, para melhor agradar certos grupos e indivíduos poderosos.

Nos tempos hodiernos, no entanto, em que as multidões se esclarecem, fica cada vez mais fácil agir com isenção, neste campo de atuação nobre e de magnificente importância, já que é o público consumidor da notícia que lhe paga as contas. Deste modo, com autonomia, a imprensa pode agir como intérprete progressivamente mais fiel aos fatos, traduzindo, com a fidedignidade possível, acontecimentos, para o grande público.

O baixo jornalismo dirá que a notícia crua e imparcial não vende revista, jornal ou fomenta audiência de rádio ou televisão. Mas o bom profissionalismo no setor leva à compreensão de que a criatividade e o espírito de paixão à verdade produz embalagens atraentes às massas, para informes em primeiro momento destituídos de brilho e encanto, desde que se tenha inteligência, decência e vontade de fazer a coisa direito.

Você, homem ou mulher da palavra, que tem acesso às mentes e corações humanos, seja profissional da mídia ou mesmo um professor: Atente-se para a forma como dá notícias a seus ouvintes, leitores, alunos. Tudo que se produz em matéria de pensamento retorna à fonte que o gerou. Que haja realismo e honestidade em seus relatos, tanto quanto espírito de ideal, esperança e serviço à Humanidade, a fim de que o poder da comunicação seja utilizado em função do bem comum e não de interesses particulares.

Você, homem do saber e da informação; você, mulher da sabedoria e da educação, faça-se instrumento de Deus no mundo, para que, assim como no intróito do Evangelho de João, há dito: “No princípio era o Verbo (o Logos) e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus”, você seja um co-criador de universos novos e melhores, para os que lhe sorvem as palavras construídas em sua oficina intelectual, sendo parceiro de Deus na confecção de um mundo mais feliz, harmônico e instruído.

(Texto recebido em 10 de março de 2003.)

(*) Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, egrégio jornalista sergipano do século XIX, teve destaque particular na capital do Império, como jornalista e escritor, além de ter sido emérito componente das fileiras espiritistas do primeiro momento no Brasil.

(Nota do Médium)