Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.


Companheiros da véspera traíram-te pelas costas. Porque não tiveram de ti exatamente o que seus caprichos exigiam, resolveram, semi-enlouquecidos na própria sanha egoística, por apunhalá-lo, cruelmente, sem dimensionar sequer a extensão de tuas responsabilidades, aqueles que dependem de ti, não fora a tua dor pessoal.

Amigos que se diziam completamente devotos, entre lágrimas de pseudo-sensibilidade, em meio a votos dramáticos de total dedicação, quando ligeiramente contrariados, transmudaram-se em feras sanguissedentas, ignorando teus pedidos de socorro, entre soluços mal-sufocados.

Ironicamente, seguem ainda se sentindo vítimas, entre ares de tragédia e desolação, porque tu, além de não teres sido o que eles queriam que fosses, impuseste, naturalmente, a distância necessária à própria defesa, já que eles mesmos nem de longe cogitaram algo além do próprio “umbigo”.

Releva, porém, tudo isto, amigo. Este é ainda um mundo de provas e de expiações. Quem segue à frente, logicamente sofre a pressão da retaguarda, da inércia evolutiva do vulgo, que não se contenta com a subida de quem ousa estar à frente, e, assim, tenta deter os passos dos valorosos vanguardeiros da fé e do espírito.

Hoje, estes que te fazem sofrer e nem sequer se dignaram a reconhecer o próprio erro, postando-se, orgulhosos e quase cínicos, aguardando teus pedidos de desculpas, quando eles é que deveriam ajoelhar-se diante de Deus e pedir perdão por tanta crueldade, são os que, muito breve ou n’outras vidas (pior ainda), terão que amargar o fel da decepção e da perda, da angústia e da provação extrema.

Apieda-te deles. Se podes estar de pé, em meio à tempestade que geraram em tua vida, parabéns! Prossegue assim. Quanto a eles, pobres deles, que Deus os ampare…

(Texto recebido em 10 de junho de 2005.)