(Controvérsias no Plano Espiritual Superior; a lucidez da aceitação de paradoxos em temas complexos; a importância de escutar-se a voz da própria consciência, acima de todas as outras vozes mentais, sejam internas ou externas.)

Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Meus muito queridos amigos:

A pedido nosso, Benjamin respondeu a algumas perguntas atinentes ao fenômeno da incorporação (que lhe foram assestadas pelo companheiro de nosso Plano de Existência Gustavo Henrique), após longos estudos, discussões e revisões do que poderia ser levado a efeito, por intermédio de suas faculdades mediúnicas, no correr dos últimos dez anos.

Mesmo entre nós – os que temos a responsabilidade direta de conduzir os encarnados no Domínio Físico de Vida da Terra –, há discordância com respeito à temática em foco (como em torno de muitos outros tópicos de inteligência difícil, para o padrão evolucional de nosso orbe, já que não atingimos o patamar dos Seres “Perfeitos” que tudo conhecem, imersos que estão no campo da Eternidade ou, em outras palavras, no Seio da Divindade). Os mentores masculinos são concordes com o porta-voz encarnado, no sentido de afirmar pela pureza do fenômeno, sem alterações substanciais na forma de comunicação. De minha parte, não me incomodo em jungir um pouco de “arte” ao fenômeno espiritual, se é que assim podemos qualificar a incorporação, em sua expressão original (sem as “purificações” levadas a cabo pelos pesquisadores partidários da outra tese), com características de personalidade mais óbvias do espírito comunicante, como a mudança evidente de diapasão vocal, em relação ao utilizado pelo médium, quando operacionalizando, sozinho, seu aparelho fonador.

Além do fato de a perlenga principiológica e metodológica da fenomenologia paranormal não estar finda, nem mesmo em nossa dimensão de consciência, mister acrescer que não nos é defensável violentar o livre-arbítrio de nossos companheiros porta-vozes, atualmente inseridos no processo de mergulho da reencarnação. Destarte, submeti a minha opinião à do médium, que, por exemplo, está em consonância com a de Anacleto, ilustre espírito que me acostumei a considerar como mestre, há séculos.

O que pode soar a contradição, para uns, ou a excesso de modéstia, para outros, constitui, entretanto, uma manifestação clara de como certos temas são complexos e merecem meditação acurada, por parte de todos nós, em particular quanto em conjunto, remetendo-nos à importância da escuta da “voz consciência”, acima de quaisquer outras vozes, internas ou externas, por parte de todas as criaturas humanas, mesmo quando confrontada com as orientações de mestres encarnados ou desencarnados, por mais abalizados que estes sejam, imaginem-se ou pretendam ser, pois que somente o próprio Espírito é autoridade bastante abalizada para definir seus caminhos de aprendizado, atitude e transformação. De tal modo é fundamental este princípio moral e espiritual, que, ousamos asseverar, qualquer outra voz que a condene deve ser ouvida com, no mínimo, muita suspeição e cautela. Este, sim, um ponto basilar bem mais importante que o estudado na entrevista a que aludimos, dos mais essenciais de toda a epopéia de existência e evolução do espírito eterno que todos somos, busílis este que se interpõe nesta como em todas as discussões em que a consciência humana possa ser envolvida.

Nosso prezado irmão em ideal encarnado Wagner Mendes sugeriu-nos incluir uma peça em vídeo que ilustrasse a questão intrincada, com a médium conhecida pelo pseudônimo “J. Z. Knight” (a canalizar entidade denominada Ramtha), que consideramos uma intermediária psíquica madura, em condições para fazer a psicofonia de olhos abertos, em público, e sem os vícios peculiares à maior parte dos médiuns da Terra dos dias que correm, apontados pelo medianeiro na supracitada entrevista. Sei que esta minha última assertiva sobre a paranormal anglofônica dá uma noção do quanto o tema é complexo, e de como o conceito abstruso pode levar (a mim mesma) à apresentação de um parecer ambíguo, já que a manifestação psicofônica observável em vídeo reporta-se, claramente, à tese de Benjamin e Anacleto. Não pretendemos, todavia, simplificar a questão. Esta é uma das maiores tentações do espírito humano: reduzir paradoxos a fórmulas fechadas de entendimento, a bem das vaidades intelectuais e da insegurança emocional humanas. Jamais fomentaríamos esta ordem de inclinação menos digna e menos propiciadora de progresso íntimo. Eis por que, assim, lançamos peças a mais de um quebra-cabeças, sem concluí-lo de molde a desvendar uma imagem final, para incentivar a boa discussão e a idéia de que, na presunção de certeza, somente a mediocridade de inteligência e a mesquinharia moral podem campear. E somos seres vocacionados à grandeza da lucidez, que começa por reconhecer nossa intrínseca incapacidade humana a fazer inferências terminantes sobre qualquer ordem de assunto.

Diante destas considerações, aprovamos, enfaticamente, a publicação conjunta da entrevista cedida pelo médium, nosso porta-voz, e da mencionada edição em vídeo (de que Benjamin participou, secundado pelo companheiro autor do alvitre instigante, que se responsabilizou pela parte técnica de manuseamento de programas em computador para tanto).

Que Nosso Senhor Jesus e Nossa Amantíssima Mãe, Maria de Nazaré, inspirem-nos os raciocínios e as conclusões, em função do bem comum, sempre.

Mãe em Cristo, mestra humílima,

Eugênia,
Aracaju-Andrômeda, 9 de maio de 2009.


(*) De tal modo este intróito de Eugênia pareceu-nos relevante – por tratar de assunto bem mais importante que o abordado na entrevista –, que nos decidimos por publicá-lo à parte, antes do diálogo que travei com o espírito Gustavo Henrique (que preferiu se colocar como integrante da Equipe Salto Quântico, sem ser nominado – o que preservaremos na publicação de amanhã), para que seja o presente texto assimilado em profundidade, a bem de todos nós. Se alguém considerar bizarra demais a idéia de haver polêmicas no Plano Sublime de Consciência, leia a nota aditada ao fim do livro “O Consolador”, psicografia de Chico Xavier, autoria espiritual de Emmanuel, de 1941.

(Nota do Médium)

(Revisão de Delano Mothé)