Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.


Vê aquela senhora bela, rica e bem vestida? É um ás de renúncia contínua, na forja do lar e no cadinho do ambiente de trabalho, esquecendo das próprias necessidades psicológicas e espirituais, para atender às de muitos.

Vê aquela outra moça mais velha, que parece acomodada e estéril? É heroína oculta, denodada a marido semi-inválido, carregando consigo as chagas da abnegação constante, em prol do bem estar do cônjuge.

Vê aquela profissional da saúde que lhe soa caótica e histérica? Vive a serviço do próximo, calando carências e suprimindo alegrias de seu caminho, para melhor se dedicar ao trabalho de curar e cuidar de muitos.

Vê aquela adolescente, em primeiro exame, mimada e vazia? Suplantou mágoas tremendas, para sorrir sem amargura, e sustenta o coração em brasa, para ofertar carinho e apoio aos amigos.

Nota, por fim, aquele cavalheiro menos decente? Poderia ter resvalado em erros ainda maiores, e se deteve, à vala de desatinos extremos, pelo esforço moral máximo que estava ao seu alcance evolutivo.

Cada um sabe, meu filho, das dificuldades e tentações, carências e aflições que atravessa. Tenha sempre cuidado com pré-julgamentos que faça das pessoas, baseados, quase sempre, na superfície das aparências. É necessário auscultar com o coração e ver com o espírito, para que não se corrompa a essência das coisas, com a malícia e a suspeita que são apanágios da condição humana média na Terra.

E, assim, atente-se a compreender que:

A jovem que parece devassa pode, tão-somente, ser desprovida de preconceitos.

O homem que parece frio e cruel pode, apenas, ser enérgico no cumprimento do dever, endurecido sob o império da disciplina, ano sobre ano.

A criança que parece displicente e viciosa pode, tão-só, estar com a mente estagnada, com carga excessiva de informações a processar, como um computador com “memória” sobrecarregada.

Medite sempre com muito critério, antes de avaliar alguém. Sobremaneira, não chegue a conclusões sobre ninguém, sob o calor de emoções, nem sem antes dedicar-se à prática da prece. E, assim, recordando-se da mensagem do Mestre: “com a medida com medirdes, sereis medidos”, aplique o máximo nível de indulgência e de piedade que esteja em suas possibilidades, na análise que faça de seus irmãos em humanidade, a fim de que atraia para si o melhor dos outros, ao dar o melhor de si a todos.

(Texto recebido em 15 de julho de 2005.)