(Minoria de espíritos superiores reencarnada na Terra e os traços identificadores de tais personalidades mais desenvolvidas.)


Benjamin Teixeira
pelo espírito
Gustavo Henrique.

Eles são muito raros, mas os há encarnados na Terra – espíritos velhos, experimentados por miríades de reencarnações de aprendizado e expiação, que, descritas em minúcias, entonteceriam a imaginação mais fértil.

Passam, normalmente, incógnitos. Não são necessariamente seres de luz (anjos ou santos, como se costuma dizer, ou, pelo menos, como se imagina devam ser anjos ou santos), mas podem ser nobres o bastante para que as pessoas comuns, se pudessem saber de suas verdadeiras intenções ocultas, caíssem-lhes de joelhos, estupefactas.

Mestres, fazem-se de discípulos ante os próprios discípulos, para lhes estimular o crescimento; e ouvem, pacientes e humildes, os remoques de alunos indisciplinados e arrogantes, que se sentem, pela postura despojada de vaidades destes professores, em condições de os doutrinarem e repreenderem. E eles (mestres) os escutam, como se estivessem aprendendo, retraindo a própria luz, para não ofuscar a retina do ego dos aprendizes empedernidos.

Agradecem amiúde, quando deveriam ouvir manifestos de gratidão freqüentes; e elogiam a mancheias, quando seriam os primeiros a ser merecedores de louvor geral. Dividem méritos pelo que fazem quase sós; e, em contrapartida, assumem a responsabilidade pelo erro de associados que foram displicentes.

Psicologicamente complexos e amadurecidos espiritualmente, com uma percepção muito além do padrão médio do orbe, às vezes agem de modo enigmático, sem respeitar convenções ou se preocuparem com aparências, exatamente porque vêem o mundo a partir de uma ótica bem diversa do diapasão da multidão. Mas, nestas situações idiossincráticas, quando deveriam ser interrogados, diretamente, sobre o móvel de suas atitudes, eis que são alvo das mais expressivas manifestações de injustiça e ingratidão, a começar, irônica e freqüentemente, pelos que mais deles estão próximos, e que, por conseguinte, mais se beneficiaram de seu estímulo e sabedoria (não por acaso: é fácil menosprezar e deixar de ver a luz de quem está na intimidade).

Muito os apraz ocultarem-se por detrás de posturas modestas, de modo tão convincente, que muitos suspeitam tratar-se de poltrões despreparados ou falastrões oportunistas.

Você gostaria de mais dados que o ajudem a reconhecê-los? Preste atenção, não será difícil, já que, normalmente, apresentam várias das características que se seguem; de modo que, quanto mais delas portarem, de mais elevada hierarquia evolutiva provavelmente serão:

Inteligência multifacetada e brilhante.
Capacidade de avaliação e interpretação invulgar.
Disposição a se doarem e perdoarem infinitamente.
Visão não discriminatória sobre todos os temas, demonstrando ausência praticamente absoluta de preconceitos.
Facilidade para trafegar por várias disciplinas do saber, e ainda de lhes formar amálgamas de síntese completamente incomuns, inovadores e fertilizantes de idéias, formas de agir e sentir.
Idealismo acima de toda prova.
Perseverança, coragem e espírito de combate que empanariam os soldados bravos de tempos idos.

Muitos indivíduos, neste planeta de provas, convertem-se em ases de presunção e petulância com muito menos, e estes grandes espíritos, provisoriamente alojados em corpos físicos, apesar de já portarem tantas conquistas evolutivas, parecem descontraídos, despretensiosos e quase comuns… Vê-los-á rindo como crianças, chorarem como românticos à moda antiga, e, ao mesmo tempo, quando necessário, flagrá-los-á sérios e profundos, como sábios repentinamente transportados da Grécia Antiga para os dias de hoje.

Não ligam para fortuna, títulos, posições de poder ou de comando, que, para eles, afiguram-se brinquedos de luxo para adultos do corpo, crianças da alma… Mas também não se eximem de utilizá-los, sempre que se faz preciso à extensão do bem geral.

Diante deles, bizarros como parecem aos olhos da maioria encarnada na Terra, porque não se prestam a “fazer tipo”, nem se preocupam em impressionar, não se enquadrando em estereótipos do “mestre” ou do “santo”, muitos dizem, rindo-se, meneando a cabeça de um lado para outro, um tanto perplexos e confusos: “Este Fulano é uma figura…” Ou, mais conformados: “Quem entende Fulano, não é?” Quando não, lamentavelmente: “Claro que é um louco ou um farsante! Isto não pode ser verdade!”

E… amigo… se você for sensível o bastante para ir além das aparências, olhe fundo nos olhos destas pessoas singulares… e notará bondade, muita bondade… Boa-vontade e empatia com tudo e com todos, a ponto de tornarem suas vidas um hino permanente de serviço ao seu próximo. Vendo alguém ostentar, por fim, este item, sem dúvida, você poderá enquadrá-lo, definitivamente, no número de um deles.

Por que não deixam claro quem são, para que recebam o tratamento que merecem e lhes seria de direito? – perguntaria você. Porque não querem, amigo, não querem! Este é um dos elementos distintivos mais dignos da glória espiritual: a vocação para a invisibilidade. Preferem o anonimato e a discrição; e, se pudessem, apagariam a própria luz, para que a de outros brilhasse. Porque não são movidos pelo ego, mas pelo espírito; não pretendem poder sobre os outros, mas espalhar amor com muitos. Seguem, assim, fazendo o bem, a que custo for, ainda que o da exposição pública, que lhes maltrata o espírito reservado, cheio de vida interior e dos pudores excessivos que lhe são correlatos.

Fique atento e aprenda com seus exemplos, esforçando-se por aproveitar a oportunidade de estar perto deles e apreender-lhes o estímulo ao progresso mais rápido e amplo, porque é isto que são: catalisadores evolutivos de indivíduos e grupos. Cuidado para não se deixar enredar pela tentação de banalizar-lhes as personalidades, pelo fato de vê-los ao seu lado, num organismo de carne igual ao seu, porque isso fará com que perca de assimilar todas as lições que poderia. Pior que isto, pelo serem tão diferentes, evite de todo permitir que seu ego alevante barricadas de defesa que os desdourem em seu conceito – porque, se isto acontecer, você jogou fora a dádiva luminosa de estar no raio de alcance destes seres especiais.

Ajude-os, como puder. Não os incense: isto os embaraça e não os estimula de fato, já que se sentem (e verdadeiramente o são) meros instrumentos de Deus. Em vez disto, dê-lhes amor e preste-lhes socorro ao andamento de seus trabalhos prolíferos. Eles só querem isto, basicamente: servir ao bem comum e disseminar a felicidade, na máxima medida ao seu alcance. Auxilie-os a fazerem isto, e os estará agradando, realmente!…

Olhe lá!… Eis um deles!… Amou sem preconceitos, e foi apresentado como pervertido! Deu-se sem medidas, e foi taxado de louco!… Esmagaram-no como se o fizessem farinha no moinho, e ele nunca parou de servir e servir a muitos, continuamente, calando as próprias dores, para balsamizar as dores alheias…

Veja seus olhos, enquanto sorri, agradando e esclarecendo a todos que o procuram, sem distinção de classe, posses, sexo, cor ou cultura!… Nota a lágrima furtiva que nunca chega a verter? Nem verterá… Qual o mito do palhaço triste, vive para fazer a alegria de muitos, ainda que ao custo da própria oculta desgraça…

Passa pelo mundo, como uma bola de luz, eclipsada e arrastada no barro da carne, e assim se manterá, enquanto puder… porque se esconde para que Deus brilhe, na vida e nos corações de seus irmãos menos desenvolvidos em humanidade… E Deus, que lhe abençoa os intentos nobres e Se manifesta por seus atos beneméritos, brilhará sempre!!!…

(Texto recebido em 25 de abril de 2007. Revisão de Delano Mothé.)