Delano Mothé em diálogo com o Espírito Eugênia.
(Médium: Benjamin de Aguiar)

(Delano Mothé) – Relendo o capítulo 20 do livro “Nosso Lar”, inevitável incômodo me assomou à consciência, quanto às “noções de lar” (título do capítulo) lá expostas. Como devemos interpretar as páginas de André Luiz, no tocante às funções masculinas e femininas no seio doméstico, para melhor lhe aproveitarmos as lições? Pergunto-o, porque o ínclito Autor espiritual me pareceu polarizar demais tais funções, além de não fazer nem mesmo uma sutil referência a outras possibilidades de consórcios de almas, quais os homossexuais, não obstante encontrarmos na obra de Chico Xavier várias defesas ousadas e pioneiras sobre o assunto…

(Espírito Eugênia) – Trata-se, meu filho, de uma questão de didática. Em livros posteriores da própria coleção de André Luiz, ver-se-ão nítidas defesas da causa homossexual (se é que assim podemos nos exprimir), como no livro “Sexo e Destino”, de 1963, a partir da página 273 (*) – por umas três ou quatro páginas consecutivas aproximadamente –, da edição clássica da FEB. Conforme você mesmo ressalvou em sua pergunta, há, em outras obras da lavra mediúnica de Chico Xavier, como “Vida e Sexo”, de 1968 (esta de Autoria espiritual emmanuelina), referências mais explícitas à tal não diferenciação de valor entre gays e reprodutores da espécie humana (permitam-me, os heterossexuais, assim denominá-los poeticamente), a que você fez alusão, em capítulo exclusivamente dedicado à temática, inclusive com a curiosa profecia de que os percentuais humanos de homossexuais se expandiriam, à medida que a evolução social e cultural se desse no planeta.

Por outro lado, sua crítica (construtiva) ao aspecto da excessiva polarização, nos escritos psicografados de “Nosso Lar” (vinculando-se, demasiadamente, o masculino aos homens e o feminino às mulheres), também está coberta de razão – mas para os dias de hoje. Lembremo-nos da data de publicação da famigerada obra de Chico/André, e entenderemos que se trata do princípio não só de didática (a que nos referimos acima), como também de respeito às limitações conceituais, psicológicas e culturais da época em que veio a lume: 1943.

(DM) – Haveria algum significado profundo em sonhos comuns a várias pessoas, como o em que nos sentimos impotentes, coagidos, sem movimentos ou com mobilidade lenta, ante situações críticas, que nos exigem uma fuga urgente?

(EE) – A alusão simbólica é quase direta (e de muito fácil interpretação, como fica óbvio) à sensação de impotência que acomete os indivíduos, na condição humana, sobremaneira quando encarnados, diante de vetores complexos, poderosos e variegados, com que são dados a conviver, interagir e, não raro, confrontar, no dia a dia, na vida doméstica, profissional, social, e mesmo no universo religioso-espiritual. A solução para o impasse não está em lidarmos com os problemas de modo horizontal, ou, como poderíamos dizer n’outras palavras, mais técnicas e, todavia, paradoxalmente, mais elucidativas: por meios egoicos. A saída para a situação de “estar encurralado(a)” se encontra no campo da transpessoalidade: em compreendermos que todos nós, encarnados ou desencarnados, jazemos jungidos em intrincada e magnífica tapeçaria de interdependência, auxiliando-nos uns aos outros – os mais velhos e experientes naturalmente onerados de maiores responsabilidades com os que seguem na retaguarda evolutiva. Se nos lembrássemos mais de Deus e mais Lhe entregássemos nossos problemas e o andamento de solução que encetamos para os mesmos (eis o ponto da responsabilidade pessoal: de imprimir iniciativas sistemáticas, no sentido de resolver os desafios – que amiúde se nos afiguram enigmas – propostos pela existência, em seus diversos departamentos), assistiríamos, espontaneamente, à dissipação de muitos deles, quais brumas sob efeito das primeiras brisas da madrugada… Esquecemo-nos da Infinita Bondade de Deus e de Sua Atuação constante em nossas vidas, enxertando-Se em cada particularidade do Caminho, qual uma Mãe Todo-Bondosa, amparando o andar claudicante do bebê que aprende a dar os primeiros passinhos.

Mais uma vez, reforçamos: não estamos aqui jamais fazendo apologia ao descaso e à omissão pessoais. Que cada um faça a sua parte, no campo das responsabilidades que lhe são atinentes. Entretanto, o ego, na cultura hodierna ocidental, está por demais inflado. Precisamos dar-lhe a devida perspectiva de proporções, no concerto da psique e de sua interação com o mundo externo, para que não soframos as implicações de colocá-lo no lugar da Divina Providência, que tudo pode, tudo vê, tudo ama e tudo solucionará, porque já está solucionando… frequentemente só não apresentando, de imediato, a resolução esperada (ou outras ainda melhores), para as tais questões que nos aturdem, em respeito ao livre-arbítrio das criaturas envolvidas, que teimam em fazer a parte que não lhes cabe (muitas vezes deixando de cumprir o que lhes compete – o que é extremamente irônico), atrapalhando, destarte, com todo o Respeito Divino, a atuação do Poder dos Poderes, em suas próprias pequenas e mesquinhas vidas.

(Diálogo travado em 12 de novembro de 2010.)

(*) Na edição mais atual, começando ao final da página 300.


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