Dentro da cultura dominante na superfície do planeta, vigora, em torno do tema família, um preconceito de difícil erradicação, mas que vem sofrendo, felizmente, fortes abalos em suas estruturas.

Família, na acepção mais profunda e completa do termo, é a dos(as) integrantes de um circuito de ideais e princípios partilhados. A parentela biológica diz respeito, de modo garantido, apenas aos laços de consanguinidade desenvolvidos em uma única reencarnação – entre outras infindas existências que os seres humanos guardam, em seu longo passado evolucional.

No seio de um grupo estabelecido por liames hereditários, tanto podem aportar grandes afetos como tremendos desafetos do pretérito, incluindo, de ordinário, criaturas quase desconhecidas entre si, que reencarnam próximas, numa certa vida terrena, por razões evolutivas previamente planejadas.

É muito evidente, portanto, que o significado mais exato de familiaridade concerne aos elos entretecidos pelo coração. Núcleos domésticos conformados por mera semelhança genética é que constituem uma família em sentido mais figurativo, uma alegoria pobre quando comparada aos vínculos arquimilenares de espírito a espírito.

As configurações familiares das sociedades modernas já apontam claramente na direção dessa insofismável realidade. Basta ver que crianças e adolescentes, muito frequentemente, convivem com padrastos, madrastas e/ou irmãos(ãs) colaços(as) com quem não têm nenhuma ligação instintual, mas comumente partilham, entre si, grandes experiências de alma a alma, amiúde muito superiores às que vivenciam com alguns(umas) parentes do corpo de matéria densa.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
17 de abril de 2021