(Objetivos de vida; profissionais de vanguarda; isenção terapêutica.)


Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

O esforço para atingir os próprios objetivos compõe, de alguma maneira, estes mesmos objetivos. Devemos ter a lucidez para perceber que não há como alcançarmos, do dia para a noite, metas complexas, que demandam tempo e disciplina, recursos e treinamento que não podem, simplesmente, de hora para outra, ser amealhados.

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Até os grandes mestres, que fizeram suas áreas de atuação avançar, em passado próximo e remoto, foram vítimas de violento ataque, por parte de seus coevos. Quem representa um novo padrão de atuação profissional ou de patamar de conhecimento e entendimento de algum departamento da cultura humana é naturalmente encarado com desconfiança (se não, com declarada hostilidade), pelos que preferem a acomodação no “status quo” ou que simplesmente não têm como compreender os princípios da nova proposta. Deve-se, assim, indubitavelmente, manter fidelidade aos compromissos apontados pela própria consciência como legítimos, e não tentar se enquadrar às diretrizes que sejam propugnadas por terceiros, mas não endossadas pela voz intuitiva do próprio coração. Se alguém é representante de uma nova estrutura do sistema, obviamente não encontrará um meio de se encaixar no sistema em vigor. Destarte, a sensação de inadequação e de desajuste é inexorável, mas, vivida com lucidez, coragem e dignidade, pode-se fazer revolucionária.

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Às vezes, atendidos em clínicas psicológicas são enfermos mesmo. E doentes da alma têm que ser ouvidos, acudidos, recebendo palavras de conforto, de estímulo, de aprendizado. Não pode o terapeuta encastelar-se na postura arrogante de semideus, auto-encarapitado numa visão utópica e completamente não-prática (e muito menos terapêutica) de isenção psicológica. Que se lembre do horror de Freud, um dos maiores nomes da psicologia de todos os tempos, que terminou seus dias, conforme confissão dele mesmo, angustiado, por não poder curar seus pacientes, apesar de explicar-lhes os dramas ocultos.

(Texto compilado em 25 de fevereiro de 2008. Revisão de Delano Mothé.)