(A importância da amizade; dificuldades na prática da oração.)

Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.


Parabenizo a celebração da amizade, em função de, somente com sua existência, poder haver irmandade, romantismo e até mesmo camaradagem, em algum nível de legitimidade.

Se não há amizade, nunca poderá haver amor verdadeiro. Poderá até acontecer a projeção de ideais sublimes, estabelecerem-se compromissos santificantes, como a paternidade e a maternidade, mas nunca haverá, na mais profunda essência da palavra, uma expressão genuína de amor, que implica cumplicidade, afinidade, paridade de ideais, valores e sentimentos.

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(…) Conforme relatórios referentes às atividades mediúnicas de (…), que diariamente me são transmitidos, ela não deve se incomodar com postulações religiosas diversas das que lhe caracterizam a fé espiritual, ainda que tais crenças, hábitos e dogmas partam de entidades que, num primeiro exame, pareçam-lhe “superiores”. Digo-o, em vista de, pela manhã, em suas preces habituais, haver-se sentido inferiorizada e insuficiente na prática religiosa, ante as freiras desencarnadas que se lhe afiguravam peritas em técnicas devocionais. Suspenda, de todo, esta impressão tola e se dê por feliz em se perceber livre das castrações ominosas do dogmatismo ortodoxo, podendo, assim, viver (muito melhor e mais facilmente) a genuína espiritualidade.

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Minha próxima comunicação envio para a querida (…), pedindo-lhe paciência consigo mesma, em função das dificuldades encontradas na prática do exercício oracional. Embora ontem tenha estendido as preces um tanto mais, hoje sentiu não haver cumprido seu dever espiritual, como seria de desejar, conforme seu padrão de expectativas pessoais, nesse sentido.

Todavia, cabe lembrar aqui a fala do falecido teólogo irlandês Emmet Fox: “Tentar orar já é orar”. A prática da relação com o abstrato, com o intangível, com o, amiúde, meramente conceitual, é uma atribuição ou aptidão recentemente desenvolvida pela espécie humana; e, embora, paradoxalmente, encontrada em primitivos (mas, nestes, não como relação construtiva, e sim como temor místico e supersticioso), deve ser administrada como um apêndice evolucional último da espécie, não sendo possível prescindir, portanto, de persistência, método e disciplina.

Muitos esmorecem em fazer orações, exatamente por encontrarem dificuldade no domínio da capacidade nova, por não lograrem controle sobre uma função imponderável, essencialmente subjetiva, e, logo, com resultados nem sempre comprováveis objetivamente.

Deve prosseguir, destarte, minha filha, sem culpa e sem desânimo. Você está fazendo o que pode. A evolução, contudo, deve receber tempo hábil para realizar a parte dela. Conceda-lhe esse tempo.

(Mensagens recebidas nos dias 27 de julho e 2 de agosto de 2007. Revisão de Delano Mothé.)