Benjamin Teixeira
pelo espírito
Anacleto (*1).

Aquele receio, aquele pequeno defeito, aquela fraqueza renitente, que você reconhece injustificável, tornou a incomodá-lo. É um alerta para o quanto ainda você está vulnerável às forças maléficas, que tramam contra o sucesso dos planejamentos divinos.

Cada vez que isto acontecer, trate de orar com mais intensidade e trabalhar com mais afinco na obra redentora a que dedica os seus esforços.

Deste modo, munido de maturidade, conferida pela devoção integral a Deus, que dá toda confiança que o ser humano necessita para labutar na seara divina com segurança, você se estará candidatando a novos, maiores e melhores empreendimentos.

Não queira ter o controle da situação: entregue-se, confiantemente, a Deus, muito embora, por isso, não se renda a comportamento temerário ou negligente.

Faça da sua vida um hino constante de confiança no Todo-Poderoso. Hoje, uma situação menos agradável pode convidá-lo a qualquer desatino, mas, se se mantém fiel a seus princípios, tudo acaba se encaminhando para o bem, por mais que as tempestades ameacem afundá-lo em desgraças. Um ou outro medo que se faz recorrente pode servir de incentivo à reflexão, e, assim, ajudá-lo a andar com mais critério pelas trajetórias sinuosas da auto-superação.

Lute contra o atavismo psicológico de não se permitir ser feliz. Existem departamentos maléficos do próprio psiquismo que maquinam ciladas contra seus esforços de felicitação legítima. Não lhes dê guarida no íntimo.

A cada vez que lhe sobrevierem especulações sombrias, concentre-se no otimismo, na lucidez de quem não se rende às impressões negativas de um momento, olhos fixos nos ideais superiores que se lhe desenham no céu da alma.

Desta forma, caro companheiro, antes que o mal se assenhoreie de sua casa mental, estabeleça quartéis inexpugnáveis, em seus portais, para que nenhuma perturbação se intrometa, em seus projetos de ventura coletiva, sob justificativa alguma.

Grande desafio, este, que lhe propomos: o de se fazer inacessível à perturbação que, na crosta terrestre, por hora, ainda se mostra prevalente, mas lhe será um delicioso exercício de autotranscendência, pois que o empenho por eliminar os fatores de ressonância com o mal torná-lo-á progressivamente mais tranqüilo, feliz e seguro. Aceite-o (o repto), portanto, feliz, agora mesmo.

Converse com a sua consciência. Mergulhe na leitura e na meditação de obras de teor filosófico e moral de bom nível, e, aliada à busca de conexão contínua com Deus, por meio da oração e da prática da caridade, em todas as suas acepções, tal metodologia de conduta diária fá-lo-á venturoso, muito antes do que pensa e melhor do que imagina.

A resistência acontecerá, por vezes impiedosamente violenta. As quedas muito provavelmente ocorrerão, aqui ou ali. Contudo, nada disso importa, porque o que interessa é que você persevere, sem se deixar desanimar por causa de fraquezas próprias ou dos outros, labutando, infatigavelmente, por atingir os objetivos supremos que o iluminam, já que, assim o fazendo, logrará, de fato, mais cedo ou mais tarde, a vitória almejada.

Que maravilha imaginar que Deus sempre vela por nossa felicidade e que, neste exato momento, e sempre, oferece-nos tudo de que carecemos para o pleno desdobrar das faculdades que nos farão genuinamente felizes! Que satisfação inqualificável conceber um Ser todo Amor que nos assiste a cada passo, independentemente de nossa crença ou não n’Ele, muito embora nos dê permissão de nos afastarmos de Sua Providência, para sofrimento nosso, mas também para experiência que arquivamos com vista aos sucessos do amanhã!

Na dúvida, caro amigo, em qualquer frente de trabalho, pense em todos os que, de uma forma ou de outra, beneficiar-se-ão de seu labor na gleba do bem. Verá como lhe será fácil, se realmente pensar nos outros, superar a vacilação, a fim de se entregar, feliz, à faina bendita e redentora, mesmo que dolorosa e fatigante.

Faça de sua existência um preito permanente de renúncia em prol da comunidade humana, espalhando o bem por todas as criaturas, seja na forma de pão e agasalho ou de remédio e teto para os desvalidos, seja na de informação libertadora, para os escravos atormentados da própria ignorância e estupidez.

Mãos invisíveis, de sutis dimensões de consciência, amparam-lhe os gestos corajosos de dedicação altruística; e, se você persistir, nunca lhe faltarão todos os recursos necessários a que a tarefa tenha continuidade, por mais que as contingências do momento teimem por dizer tudo estar perdido. Prossiga, simplesmente, em oração e trabalho permanentes, sem arredar pé, nem por um milímetro, de seus propósitos benemerentes, e se surpreenderá, você mesmo, com os resultados que advirão.

Levante mãos aos céus, neste momento de crise benfazeja. Nada acontece por acaso, e o transe de dor é mecanismo profilático da Vida, para elidir fatores degenerescentes do projeto divino. Desta sorte, quando, nas estradas da vida, for-lhe cobrado o pedágio da dor, às vezes até aparentemente desvinculada da causa em que você empenha a existência, pague-o, sem tergiversar na coragem e no desapego, porque com ele você estará comprando a sua entrada em circuitos superiores de segurança, produtividade e lucidez, excelência e felicidade, em níveis mais altos e duradouros, progressivamente mais inacessíveis às agressões do mundo.

Jamais cogite de se render à tristeza, à dúvida, ao medo; você não tem esse direito: milhares de pessoas, sem que você nem mesmo o saiba, observam-no e/ou lhe sofrem influência, direta ou indiretamente; as decisões de vida que assume, o posicionamento existencial que adota, interferem como fatores predisponentes a que ajam desta ou daquela forma, para que sejam mais ou menos felizes, mais ou menos bem-sucedidas em suas empreitadas existenciais, no período evolutivo em que estagiam. Sua fuga implicará uma série de deserções que você nem imagina, como num efeito dominó, tanto maior quanto mais em evidência você esteja nos círculos sociais, quanto mais funções e poderes lhe sejam atribuídos. Suas opções pessoais, portanto, quer queira e admita, quer não, têm conotações coletivas, mesmo que esteja em condição de subalternidade, visto que refletirão na existência de alguém, ou de vários indivíduos. Você, assim, não tem pleno direito de agir em causa própria, porquanto está numa malha de interdependência social. Não respeitar este princípio inconteste é demonstrar inconsciência e irresponsabilidade; e, com isto, se agir sem considerar as conseqüências de seus atos na vida alheia, você estará, tão-somente, sentenciando-se a uma seqüência de corolários inexoráveis que lhe retornarão, mais cedo ou mais tarde, cobrando alto – quiçá, altíssimo – tributo de dor.

Pense, por outro lado, nos benefícios em série que estará propiciando acontecerem a milhares de pessoas, com a sua persistência no bem. Imagine o sorriso de crianças que, certamente, nem saberão estarem sorrindo por sua causa, porque você lhes terá dado condições de sorrirem. Reflita nos milhares de corações que respirarão mais aliviados, mais tranqüilos, mais felizes. Cogite dos incontáveis temperamentos idealistas que serão galvanizados pela força de seu ideal, de seu exemplo, em cadeia, por dezenas de gerações… e, diante deste quadro que não é imaginário, e pode até representar um pálido reflexo do que efetivamente poderá acontecer, por força de sua resolução de bem servir, perguntamo-lhe, com a energia viril que nos vem agora, do imo das mais profundas e sagradas fibras do coração:

Como ousa hesitar? Como ousa entristecer-se? Como ousa pensar em si? (*2) Como ousa não dar tudo de sua própria alma, para o bem da humanidade, quando milhares de criaturas sofredoras podem lhe estar aguardando esta decisão corajosa, a de doar-se a si mesmo, talvez até para terem garantido apenas o essencial para a própria subsistência, física e/ou moral? Como ousa ser mesquinho, egocêntrico e imediatista? Como ousa recusar-se a ser altruísta e heróico, no esforço máximo de fazer o bem, de promover o progresso e a revolução consciencial da Terra, quando até a sobrevivência da civilização periclita, em quadra histórica tão grave?

Eleve os olhos aos céus, caro amigo, irmão em evolução, e erga a fronte, confiante, porque a obra é de Deus, e, assim sendo, não há o que temer, eis que o Senhor lhe suprirá em tudo que seja necessário.

Mesmo que tudo redunde em fracasso, a tentativa é seu dever, já que poderá, destarte, morrer tranqüilo, sem a menor réstia de remorso. Mas… e se você puder e não fizer? Como enfrentará o olhar magnânimo de seus mentores, ao passar para a outra dimensão de vida? Justificará com falta de fé? Mas com todas as evidências da imortalidade e transcendentalidade humanas, em tratados minuciosos, legados por sábios de todas as culturas, como poderá alegar isso? Pretextará falta de forças? Mas como, se Deus Se revela em todos os momentos da existência de qualquer criatura que tenha boa vontade para enxergá-l’O?

Ah! amigo, não adie mais o seu projeto de fazer o bem, o máximo que puder, mobilizando todo o seu ser, defeitos e qualidades, possibilidades e potencialidades dormentes. Faça, o quanto antes, tudo que estiver ao seu alcance, pois você não sabe por quanto tempo luzirá a oportunidade que ora desfruta.

Rasgue a venda das crenças tacanhas de autolimitação, e ouse fazer tudo que a intuição lhe ordena, na área de filantropia legítima. As forças do bem assisti-lo-ão em tudo, e você próprio quedar-se-á incrédulo ao ver como Deus, de fato, está do lado de quem faz o bem ao semelhante e devota a vida a este propósito. Que venham as tempestades, que caiam aos nossos pés milhões de maus agouros… Que nos importa? Se estamos com Deus, conforme nos disse o apóstolo, quem estará contra nós?

É agora o seu momento, é agora o instante de revelação de força de todos os homens (e mulheres) de boa vontade, por toda a Terra, num cinturão de luz que esbaterá as trevas da ignorância e da impiedade deste orbe, para todo o sempre…

Não é por acaso que este chamamento lhe chega, agora, às mãos, amigo. O “acaso” é dirigido por sapientíssimas e inabordáveis Inteligências que, de Altiplanos estupendos, coordenam as mais singelas ocorrências, para propósitos maiores, sobretudo aquelas que definem vidas e mudam rumos de ação e destino.

Hoje, agora, você recebe, das Alturas Celestiais, um recado, um convite, uma exortação de Deus, um presente do Ser Todo Amor, para a sua e a felicidade de outras muitas pessoas. Ele, porém, respeita, sempre, o livre-arbítrio de cada criatura, e a decisão pela glória de perseguir a plenitude ou fadar-se à frustração, à fuga e à estagnação – e toda a seqüência de desgostos e desgraças que lhes advêm – é inteiramente sua.

Negará, caro leitor, a Deus, a sua resposta de amor?

(Texto compilado em 5 de janeiro de 1996. Revisão atual de Delano Mothé.)

(*1) A identidade do autor espiritual não havia sido revelada à época da publicação original desta mensagem, no livro “Enteléquia”, de que faz parte. Compondo as comemorações dos 20 anos de existência de nossa Organização, toda segunda-feira traremos a lume uma psicografia não disponibilizada ainda neste site, componente de livros ou arquivos fechados de nosso acervo mediúnico.

(*2) Hipérbole motivacional do autor, no intuito de nos exortar ao idealismo integral e ao sacrifício da personalidade em função do bem comum, ao molde do Cristianismo dos tempos primordiais de sua história. Por isso, não nos concita a deixarmos de pensar apenas em nós próprios, mas, simplesmente, a sequer cogitarmos de nós mesmos.

(Notas do Médium)