Benjamin Teixeira
pelo espírito
Gustavo Henrique.

Querido(a) amigo(a) médium:

Doa tuas possibilidades aos companheiros passantes, na desditosa experiência da mendicância espiritual. Desnorteados e desamparados, na erraticidade a que se entregam, vagando sem rumo e sem prumo, imploram, sem o saberem conscientemente, uma côdea de misericórdia de tua mente centrada no exercício da disciplina moral, da racionalidade e do sentimento cristão (mesmo que entendas deixares muito a desejar neste particular: é que, para quem está totalmente destrambelhado, a mais ínfima manifestação de equilíbrio equivale a invejável expressão do bem).

Educa-te, primeiramente, em grupos espíritas sérios, sendo criterioso e impreterível no atendimento ao método de autocorrigenda e vigilância constante sobre os próprios impulsos, orando e estudando sem detença. Depois, então, em te notando senhor de possibilidades medianímicas para o intercurso psíquico, cede, de tua casa mental e de teu corpo, meios para que esses desventurados companheiros de além-túmulo se façam ouvir, sejam tratados e devidamente encaminhados a instituições de socorro do domínio extrafísico de existência.

Alguns aspiram à espetacular mediunidade de dimensão pública, impressionando multidões: afasta-te destas ilusões, amigo(a). Se queres obter aplausos, reconhece tua natureza de artista circense ou dramatúrgico(a) e empenha-te nestas profissões. Outros ainda pretendem ensinar, através da escrita supranormal. Foge deste perigoso comprometimento, irmão(ã), se te imaginas fazer isso pela psicografia – melhor que te dediques ao magistério digno.

Se almejas algo fazer em matéria de intercâmbio psíquico interdimensões, mantém em mente que mediunidade é tudo que se possa dizer e entender como antiegóico. Terás que te acostumar com apagar tua personalidade e toda luz que te seja própria, para que a luz dos outros seja manifestada por ti, ou a dor alheia tenha oportunidade de ser medicada. Haverás de renunciar a toda idéia de controle, destaque ou benefício pessoal, e, destarte, cogitar, progressivamente, de servir santamente a Deus e Seus Representantes, ainda que apenas no nobre ministério do passe ou nas incorporações dolorosas de sofredores desencarnados.

Por fim, entende, querido(a) condiscípulo(a) em ideal – que me ouves e não te sentes dotado(a) de faculdades ostensivas de comunicação com o mundo espiritual –, que toda criatura consciente é, por inerência, um canal aberto de recepção e emissão de energias psíquicas, podendo ser e se fazendo, efetivamente, ainda que não o reconheça de modo consciente, representante viva de outras forças e inteligências, através da inspiração, da ressonância e do alinhamento de padrões de onda mental, por meio de interesses, valores e intenções afins.

Atenta-te, portanto, para os hábitos que te assinalam a vida íntima, já que, por intermédio dela, revelarás a natureza de teus companheiros espirituais, os satélites psíquicos que te empanam ou iluminam o pensamento, ou os fulcros vibratórios de que te fazes satélite espiritual, mesmo que tão-só por indução à distância (*).

Nunca será demasiado reiterar: ora, estuda, faze terapia, busca aconselhamento abalizado e, acima de tudo, devota-te a fazer teu melhor pelo próximo, a fim de que, pela sintonia do altruísmo sincero, atraias e te afines, ainda que muito precariamente, com o diapasão dos Gênios de Luz que dirigem e conduzem os destinos da humanidade.

(Texto recebido em 27 de maio de 2007. Revisão de Delano Mothé.)

(*) Um espírito, para nos influenciar, a rigor, não precisa estar ao nosso lado. Lembremo-nos das ligações telefônicas e faremos uma idéia clara do princípio.
(Nota do Médium)