Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eustáquio.

Aventura-te, hoje, pelas florestas bravias do conhecimento interior. É possível que encontres largas áreas incultas, com ervas daninhas (dos maus pensamentos) a serem extraídas do solo ingrato e duro (da tua própria mente pouco descortinada para as questões profundas do espírito), e, assim, depares-te com trabalho árduo. As compensações, entretanto, por tal serviço espiritual, e, primeiramente, de mero auto-conhecimento, serão, de fato, muito superiores aos padecimentos inevitáveis da auto-descoberta.

Alinhavas impedimentos, dificuldades, dores. Mas, convenhamos: não podes levar a sério tal ordem de lamúrias, quando sabes que nada de superior e elevado se consegue sem sacrifício. Para não nos determos em longas pesquisas etimológicas (*1) sobre o vocábulo, rememoremos, tão-somente, que sacrifício é sinonímia de sacro-ofício. E, embora não estejamos aqui fazendo apologia da dor, não podemos ignorar, por outro lado, que impossível é qualquer serviço de engrandecimento moral de envergadura, sem o cálice das grandes provações e crises morais.

Queres, talvez, o lance fácil das conquistas rápidas e prazenteiras. Todavia, amigo, não estás mais no jardim de infância. Na educação dos filhos, nos esforços de crescimento profissional, no investimento na própria cultura, nada há que apresente resultados imediatos, qual se imagina, na era dos controles-remotos (*2).

Paga, assim, satisfeito, o preço de esforço, disciplina e mesmo de renúncia, às Leis da Vida, para que adentres o território de delícias morais intraduzíveis do dever cumprido, da paz de consciência e da glória de quem se elegeu para o “Reino dos Céus” do alinhamento da própria alma com os desígnios sacrossantos de Deus.

Deste modo, corrige tua postura interior, e segue. Nada de reclamações. Enrijece teu caráter e acostuma-te ao campo de batalha. Caindo, levanta-te em seguida, e sorri, sem melodramas, nem tampouco te supores um herói ou uma vítima; e faze teu trabalho, focado na meta que te assinala a passagem pela Terra, cônscio de que, realizando tua tarefa, estarás pagando teu “débito” para com Deus (*3).

(Texto recebido em 10 de abril de 2005.)


(*1) “Saccer”, do grego, d’onde se origina o verbete português “sacrifício”, significa: “sagrado”.

(*2) Eustáquio adere, como amigo espiritual e discípulo de Eugênia, ao seu conceito original sobre os tempos que correm.

(*3) Eustáquio usa a metáfora clássica da “dívida”, nos meios espíritas e reencarnacionistas de um modo geral, que, basicamente, alude, subliminarmente, ao dever de gratidão infinita em relação a Deus, que a todos nos irmana.

(Notas do Médium)